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terça-feira, julho 08, 2008

Provas Vinho 2008/2T - Descrições RC

No post anterior foram publicadas tabelas com as notas de prova (rolhas) dos vinhos bebidos por cada um dos membros deste blog no período referido no título. Como sou o mais desavergonhado, apresento, para os leitores mais curiosos, as descrições das provas efectuadas. Como é óbvio, a introdução feita no post anterior referido é valida para as descrições que se seguem.

O texto abaixo segue o seguinte fluxo: vinho -> rolhas -> descrição de prova.

Alentejo

Altas Quintas Mensagem Aragonês - 2005 - 3,5 - Combinação de fruta com madeira. Alguns tostados. Algumas especiarias. A boca constitui um prolongamento do nariz. Nota-se um pouco o álcool no final o que é uma pena.

Herdade dos Grous Moon Harvest - 2006 - 3,5 - Aroma ligeiramente fechado, frutado mas sério. Impacto inicial doce na boca que rapidamente desaparece, dando lugar a certo amargor final. Alguma rusticidade final a pedir pratos fortes.

Herdade dos Grous Reserva - 2005 - 4 - O aroma é surpreendentemente fresco. Não apostava em Alentejano em prova cega. Ligeiros balsâmicos, algum floral, sem as notas quentes da fruta madura que se adivinha ao olhar para o copo. Madeira discreta. Na boca sim a fruta aparece em grande evidência, um pouco gulosa no impacto inicial mas acabando mais aguerrida no final. Um vinho cheio com boa estrutura que precisava de um pouco mais da elegância do nariz na boca para eu lhe dar mais meia rolha. Culpa das expectativas geradas.

Monte da Cal Aragonês - 2004 - 2 - Aroma a madeira molhada. Algum toque animal e muitas notas vegetais marcaram o aroma inicial. Achei algo estranho e confesso que tive algum receio de influenciar a opinião dos outros quando me saiu um sonoro "Elá! Temos que abrir a outra garrafa para ver se está igual." E estava. E os meus medos eram infundados. Ninguém ligou patavina ao que eu disse e acabou por ser o vinho melhor classificado dos três. Na boca deu melhor conta de si. Ainda assim, sempre num tom mais vegetal que frutado, o que a maioria considerou que lhe dava uma aura de frescura. Eu sinceramente não gostei.

Monte da Ravasqueira - 2006 - 2 - Aroma marcado pelas notas vegetais e balsâmicas. Na boca, o primeiro impacto é um ligeiro abaunilhado da barrica, seguido pela notas verdes de um vinho que se mostra ainda muito novo com taninos um pouco rijos. Final com amargor vegetal e forte especiaria. Falta-lhe afinação pois neste momento não está um vinho fácil de beber.

Monte da Ravasqueira - 2005 - 3,5 - Muito mais equilibrado que o irmão mais novo. O aroma mostra-nos uma fruta já casada com as notas da madeira. A boca é também ela mais cordata, bebendo-se facilmente e com muito agrado.

Mouro (Qt. Mouro) - 2005 - 3,5 - Aroma ligeiramente vegetal a conter a fruta. A boca é fresca com boa acidez. Alguma adstringência final e sensação amarga. Um Alentejano que engana, não fosse ele engarrafado para um srº que já confessou não gostar de fruta nos vinhos (Dirk Niepoort). Um vinho que funciona melhor com comida por perto.


Bairrada

Campo Largo C.C. - 2004 - 4,5 - Aroma profundo a frutos silvestres pretos. Frutado com alguma complexidade. Um vinho guloso mas não cansativo. Bebe-se com muito prazer. Um dos vinhos que mais gostei do Campolargo.

Termeão Pássaro Branco - 2006 - 3 - Aroma fresco e vivo com notas vegetais abundantes e um muito ligeiro adocicado. Corpo médio a frutos vermelhos ácidos. Final curto, o qual tenta compensar com acidez para lhe dar frescura. Tem a favor o facto de ter uns ligeiros 12º. Mantendo-se fresco acompanha pratos mais leves agora no Verão. Penso que o preço está elevado pois consegue-se encontrar muitas coisas melhores na ordem dos 8€.


Dão

Pape - 2005 - 3,5 - Aromas balsâmicos com forte pendor vegetal. A boca segue o nariz. Um vinho com acidez elevada, taninos a mostrar-nos os dentes mas já se consegue beber se tiver comida certa por perto.

Pelada - 2003 - 3,5 - Aroma muito semelhante ao Pape. São as notas vegetais e os balsâmicos que predominam. A boca mostra-se ser mais meiga (já tem mais uns aninhos). Padece no final de algum diluimento repentino que o penaliza.

Qt. Marias Garrafeira - 2005 - 3 - Aromas balsâmicos. A boca mostra-nos um vinho com nuances marcadamente vegetais. Final com forte acidez, prolongado e ligeiramente taninoso. Um vinho que neste momento faz jus ao designativo "garrafeira". Feito para estar na garrafa mais uns tempos. Caso contrário, necessita de um prato que lhe "absorva" a acidez.

Qt. Perdigão Reserva - 2005 - 4 - Aroma mais frutado dos três, apresentando mesmo no inicio da prova notas um pouco doces. Abre no copo e toma conta do aroma um fundo levemente tostado da madeira. A boca é mais séria que o nariz. Mais contida, menos exposta, a mostrar-se um vinho moderno do Dão mas sem excessos. Está um bom vinho.


Douro

2PR Grande Reserva - 2005 - 3,5 - Aroma muito fresco com notas balsâmicas. Ligeiras notas de madeira nova. A boca é impositiva marcada pela forte acidez que nos apontava claramente para outros lados que não o Douro. Um caso atípico na região que é capaz de receber mais elogios da critica pela diferença do que pela qualidade (que tem). Sinais dos tempos que vivemos.

Aneto - 2004 - 3,5 - Aroma com ligeira notas vegetais e fundo especiado da madeira. A boca é também ela especiada, ampla com acidez vincada e taninos bem presentes que o tempo ainda não consegui domar. Aliás, a adstringência marcada pela estrutura vigorosa de taninos aliada ao facto de não ter quebras na cor, enganou muita gente, dando-lhe antes do vislumbre do rótulo o titulo do mais novo da mesa. A verdade revelou o inverso. Precisa de temperatura correcta, pratos vigorosos e mais tempo em garrafa.

Cedro do Noval - 2005 - 2 - Aroma marcado pelos tostados fortes da madeira. Eventualmente algum couro/notas animais. A boca apresenta também bastantes notas vegetais. Menos prolongado que o anterior pois tem menor acidez mas com ligeiro amargor final. Os taninos ainda se fazem ouvir. Claramente prejudicado pelo aroma que não me agradou nada. As duas garrafas apresentavam-se semelhantes.

Gouvyas Vinhas Velhas - 2003 - 4 - Aroma um pouco preso mas com notas típicas do Douro. Alguma esteva. A boca é redonda, com boa presença e os vários elementos em feliz casamento. Um vinho contido, pouco exuberante mas que se bebe com enorme prazer. Pareceu-me faltar-lhe uma maior vivacidade que encontrei em provas anteriores. Ainda assim penso que precisava de uma maior vivacidade e daí não lhe aumentar a nota.

La Rosa Reserva - 2005 - 4 - A madeira ainda marca o aroma. Madeira de cedro. Alguns balsâmicos. A boca apresenta grande estrutura com a fruta a conseguir sobrepor-se ligeiramente à madeira. Um final ainda por domar. Mais um vinho do Douro de topo que vem comprovar que o ano de 2005 traz-nos vinhos mais difíceis de beber aquando do seu lançamento comparativamente à colheita de 2004. Dirão uns: "aguentam mais tempo". Pois, não sei, esta não durou.

Pintas - 2005 - 4 - O aroma diz-nos que estamos na presença de um Pintas diferente. Menos carregado de fruta madura. Mais fresco. Apresenta mesmo algumas notas vegetais incaracterísticas. A boca é também ela menos gulosa e mais austera. Maior acidez, as tais notas vegetais e um final mais pontiagudo. Futuro estilo ou resultado do ano?

Poeira - 2005 - 4 - Aroma complexo. Fruta séria bem casada com a madeira. Algumas notas exóticas. A boca é afirmativa com garra mas controlada. Boa persistência final. Tive sempre alguns problemas pessoais com o Poeira. Este é que mais gostei até agora.

Qt. Couquinho Reserva - 2005 - 3 - Ao nariz sobressai a mistura das notas balsâmicas típicas do Douro "moderno" com os tostados fortes da barrica. A boca apresenta um vinho carregado com muitas notas vegetais e com final ligeiramente alcoólico a mostrar realmente que era o vinho com maior percentagem do mesmo. O vinho que aposta mais na força que no jeito e que também precisa de temperatura correcta e pratos intensos.

Qt. Infantado Reserva - 2005 - 4 - Aroma típico do Douro. Frutos silvestres com um fundo balsâmico que lhe dá frescura. Alguma especiaria da barrica. Na boca sente-se a fruta madura num primeiro impacto que se prolonga num final aguerrido. Está um vinho mais concentrado que o 2003 que por esta altura estava mais fino e elegante.

Qt. Porrais - 2005 - 3 - Aroma com fruta bem madura em evidência. Um pouco doce com toque de rebuçado. Boca continua a mostrar-nos um vinho com concentração de fruta mas algo mole. A precisar de maior frescura e maior longevidade. Compensar através de ligeiro arrefecimento.

Qt. Seara d'Ordens Reserva - 2004 - 3,5 – Aroma pouco exuberante. Fruta discreta, equilibrada com as notas da barrica. A boca mantém o estilo num tom pouco exuberante. Um vinho correcto, equilibrado nas partes e sem grandes sobressaltos. Já aqui disse que os vinhos da Seara d'Ordens não me conseguem convencer (apesar de achar que tinham potencial para isso). Este, apesar de tudo, foi dos que mais gostei.

Qt. Vallado Reserva - 2005 - 4,5 - Aroma equilibrado e muito interessante. A fruta bem conjugada com a barrica. Notas de mato seco e alguma especiaria. Longe dos baunilhados que em anos anteriores o Vallado nos oferecia. Está mais contido, o que só lhe fica bem. A boca é muito ao meu gosto. Fruta presente mas discreta com bom corpo mas não esmagador. Fresco, acaba com notas especiadas. O Vallado que mais gostei até hoje. Muito bom.


Estremadura

Chocapalha Reserva - 2005 - 4 - Nariz profundo a amoras pretas maduras, cerejas pretas, fruta com ligeiro toque lácteo da madeira de estágio. A boca confirma-nos esta profusão de fruta preta madura. Com bom corpo e cheio de sabor, peca por não conseguir disfarçar uma ligeira impressão alcoólica final (são 14,5º). Um vinho que dá bem com um bom naco de carne mal passada.


Ribatejo

Guarda Rios - 2006 - 3 - No aroma sobressaem as notas da madeira nota. Ligeiros abaunilhados num perfil moderno. A boa surge-nos um vinho de boa estrutura, com frutos silvestres, acidez ligeiramente acima da média e final com ardor vegetal (porventura, consequência da juventude das vinhas). Na boca mostra que esta edição pede comida por perto. Ao que parece este visto de Vale d’Almargem faz parte de um projecto grande e de sucesso (como se definem todos à partida) em terras do Ribatejo. A ver vamos.

Tributo - 2005 - 4,5 - Caso típico daqueles vinhos que fazemos intenção de beber e nunca o chegamos a fazer. Confesso que o preço associado à Região fazia-me constantemente adiar a prova. Por um conjunto feliz de circunstâncias, acabei por provar. E ainda bem. O nariz apresenta-se clássico. Fruta discreta com notas de barrica ainda presentes. Notas de mato seco mas tudo pouco efusivo. A boca é que me encantou. Fresca nada cansativa. Daqueles vinhos que podemos beber a noite toda sem enjoar. Boa estrutura mas longe das negras extracções. Um vinho muito equilibrado nas suas componentes e gastronómico.


Setúbal/Terras do Sado

Vinha Val' dos Alhos Castelão - 2007 - 2 - Aroma muito novo a fruta vermelha muito madura e madeira nova. Tudo muito efusivo e exposto. A boca é estranha com a doçura inicial a dar lugar a um final com notas vegetais, alcoólicas e adstringentes. Sinceramente, quem é que se lembrou deste nome? É enorme a facilidade com que nos escapa a língua para o "em vinha d'alhos".

Cavalo Maluco - 2005 - 3,5 - Aroma frutado com os tostados da madeira de estágio. Boca cheia a fruta madura com impacto inicial doce. Um vinho muito novo mundo que realmente engana em prova cega. Como foi dito ao desvendar o rótulo: "este não é terras do Sado, é torrado". Curiosamente não agradou à maioria contra todas as expectativas. Ou então, as pessoas começam-se a cansar deste estilo.


Estrangeiros

Fabre Montmayou Malbec Grande Reserva (Argentina)- 2005 - 2 - Aroma marcado pelas notas muito enjoativas a baunilha, leite condensado, chocolate branco. Todo o nariz é madeira e não vinho. A boca mostra os primeiros sinais de frutos pretos, com forte acidez. Final ligeiramente alcoólico com prolongamento ardente. Não gostei.

Altesino (Itália) - 2004 - 3 - Cor com tons acastanhado denunciaram a casta: 100% Sangiovese. Aroma com algum toque de couro, terra húmida e pendor vegetal. É um vinho de corpo pouco encorpado, fino, com forte acidez a frutos vermelhos. Casou lindamente com o risotto que fazia explodir a acidez a morangos silvestres. Um vinho claramente de comida e não de prova.


Generosos

Moscatel Setúbal Roxo Superior - 1971 - 4 - Cor âmbar escura. Autêntico perfume. Notas de caramelizadas, torrados, farripa de laranja e frutos secos. A boca é untuosa. A boa acidez final ampara a prova que decorre em tom doce. Aliás, este lado doce do vinho, para o meu gosto pessoal, penalizou na nota atribuída. Para quem, como eu, gosta de vinhos menos doces, aconselho beber mais fresco ou sobremesa que o "ultrapasse " em doçura.

Borges Vintage - 2005 - 4 - Aroma pujante a fruta negra bem madura. A boca mostra-nos que está um vintage muito guloso. Notas de fruta madura e chocolate dão nesta fase muito prazer. Está cordato para vintage novo. Este, é um sucesso à mesa.
Burmester Vintage - 2003 - 3 - No aroma dominam os achocolatados. A boca mostra-nos um vinho numa fase um pouco monocórdica. Fruta madura com notas de chocolate preto mas sem grande alma e pouca paixão. Final com ligeiro ardor alcoólico. Bebe-se mas está um bocado amorfo.

Dalva - 2000 - 2 - Cor ainda bem dentro dos vermelhos escuros sem sinais de grande evolução. Aroma efusivo mas atípico. Notas a frutos tropicais do tipo maracujá. A boca também surge curiosa com as notas a fruta ácida, atípicas para vintage. Uma garrafa atípica, um estado de evolução atípico ou uma curiosidade futura?

Gould Campbell Vintage - 1975 - 3 - Cor delgada de um ligeiro vermelho e translúcido. Aroma de fruta em passa. Alguns torrados e caramelo. Na bocas as mesmas sensações caramelizadas, com corpo muito fino e acetinado. A beber sempre fresco.

Niepoort LBV (filt.) - 2003 - 3 - O aroma apresenta já uns muitos ligeiros traços de figo O resto é frutos pretos e ligeiro balsâmico. A boca é típica dos LBV da Niepoort: fruta fresca com boa acidez, taninos ainda presentes a "alegrar" o conjunto e final guerreiro. Um bom produto a um preço imbatível para LBV (cerca de 10€).

Silval - 2003 - 3,5 - Curiosamente (ou não), está um vinho muito parecido ao Burmester do mesmo ano.São as notas de chocolate preto que sobressaem entre a fruta. No entanto, na boca está mais espevitado, mais vivo. Final mais aguerrido. Por isso, presentei-o com uma nota mais elevada.


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