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quarta-feira, junho 13, 2007

Restaurante Douro In

Pareceu-nos apropriado fazer a primeira refeição da visita à região num restaurante denominado Douro In.

Relato de seguida um pormenor curioso que ilustra aquilo que costumo defender: a importância dos pequenos pormenores vs. o “desconhecido” do outro lado do balcão.

Do grupo, eu entrei um bom minuto à frente pois a minha aflita bexiga impelia-me a tomar a dianteira. Um dos empregados perguntou-me: “Mesa para um?”. Respondi: “Não! Mesa para quatro.” Apontando para uma mesa no meio da sala : “Pode ser aquela ali”. Uma outra voz (confesso que não reparei quem foi pois o meu cérebro já estava a trabalhar na minha próxima pergunta: “Onde é que é a casa de banho?”) acrescentou: “Ainda há uma mesa à janela lá dentro!”. Ora lá dentro, é uma pequena sala contigua à sala da recepção. Ficámos à janela com vista para o rio Douro.

Nesse dia estava vestido de forma desportiva: ténis, calças de bolsos laterais e camisa desfraldada. Não houve discriminação devido à apresentação. Não houve a tentação de guardar a mesa para alguém de fato e cabelo grisalho. Senti-me bem. Ainda antes de almoçar já estava a gostar do restaurante. Houve uma empatia imediata. É nestes pormenores que se faz uma casa. Principalmente se esse pormenores fazem sentir o cliente importante. Único. Privilegiado. Diferente. Toda a gente gosta que lhe “massagem” o ego.

O restaurante está decorado de forma simples, com bom gosto. Apesar de ao jantar praticar uma cozinha mais elaborada, ao almoço o restaurante apresenta dois ou três pratos do dia mais simples e de preço mais em conta. Tirando o Cristo, que comeu robalo, os restantes optaram pelas costelas grelhadas de borrego com batatas assadas a murro e salada. Gostei. Simples mas bem executado.

Escolhi um vinho que considerei adequado para o momento não só pelo nome mas achei que as suas características (já o tinha anteriormente bebido) eram adequadas a um almoço que se queria leve.

Niepoort Diálogo 2005
Não muito carregado na cor. Aroma a frutos vermelhos. Não é muito estruturado na boca. Notas de framboesas e morangos. Agradável. Pouco alcoólico. Bebe-se facilmente sem grandes pensamentos. Na prova anterior (em casa) achei que tinha um aroma forte e facilmente identificável com morangos que agora não consegui precisar. No entanto, desta vez o vinho estava um pouco quente. Conseguiu não comprometer nem as costeletas nem o robalo.

O restaurante não tem refrigerador de vinhos e tenta compensar essa falta com a utilização daquelas máquinas de arrefecimento. O cliente tem que ter um pouco de paciência. Um outro senão, que nos foi garantido que está a ser corrigido, são os copos. Na nossa mesa eram todos diferentes e de diferentes marcas (ARC, Riedel, Schott, etc). Olhámos em volta e a mesma situação. Ainda pensámos que era de propósito de modo a provocar uma briga à mesa entre os convivas pelo melhor copo mas afinal é apenas uma situação temporária enquanto não chegam novos copos da marca Riedel.

No seguimento lógico, considerámos também apropriado terminar a refeição com um copo de vinho do Porto. Da selecção apresentada, o que nos agradou mais foi um vintage de 1999 da Qt. do Vesúvio. Mas 12€ o cálice, quando a garrafa inteira ficava por 75€, era puxado. Como o responsável que nos serviu (descobrimos depois que era um dos sócios, José Serpa Pimentel) oferecia o queijo da serra na compra da garrafa, mandámos vir as tostas.

Qt. Vesúvio Vintage 1999
Cor ainda bem nos vermelhos. Aroma a fruta doce. Compota. Chocolate preto. Na boca é um bombom de fruta. Redondo. A precisar de ser servido à temperatura correcta para não enjoar (mandámos arrefecer). Um docinho. Acabou por casar lindamente com o queijo que não era demasiado amanteigado nem salgado, apenas o suficiente para amparar o doce do vinho sem o matar. Resultado: acabámos o vintage num instante e sobrou metade do queijo. Para mim, está numa fase em que lhe falta aquela garra da juventude que ajuda a disfarçar o doce. Quem gosta deles mais doces do que aguerridos, vai adorar.

No fim da refeição (já seríamos das poucas pessoas no espaço), palavra puxa palavra e foi-nos oferecida “meia” aguardente vínica especial. Segundo o José Serpa Pimental deveria ter cerca de 80/90 anos e segundo o próprio não está à venda ao público e apenas os padres da região a conseguem adquirir. Histórias à parte, a verdade é que foi a melhor aguardente que já bebi (é verdade que não bebi muitas). Ficámos todos impressionados. Revolucionou todo o nosso conceito de aguardentes. De cor castanha, o aroma estava um pouco desafinado com o álcool muito forte num primeiro impacto. Deixava depois sobressair um aroma inebriante a torrefacção, a café, a caramelo, a amêndoas, a figo caramelizado. A boca não só confirmava tudo isto como era puro veludo. Aqui o álcool mal sentia. Daqueles casos em que se chega ao fim e fica-se umas horas valentes a cheirar o copo depois do álcool evaporar. Espectáculo. Ainda bem que não avaliamos aguardente aqui no blog senão tínhamos que rever a escala. :)

Saímos felizes. Saímos tarde. Fiquei com vontade de voltar para experimentar um jantar. A tal cozinha mais elaborada. Fica agendado para uma próxima.


p.s. (1) Caro José, se porventura tiveres nos próximos tempos uma avalanche anormal de clientes a pedir daquela aguardente especial que leram num tal de blog, podes sempre responder que já não tens. :)

p.s. (2) Este post está inserido num outro mais extenso em que se relata uma “Viagem ao Douro”. Porventura algumas referências neste post carecerão de contexto explicativo que encontrarão no outro.

6 comentário(s):

João disse...

Fui ao Douro In à cerca de ano e meio, dois anos.
Na altura achei engraçado, mas não o situava entre os melhores restaurantes que frequentei.

Ainda não tinhamos o blog, logo não comentei sobre ele.

Estou a ver que tenho de lá voltar.

Abr

JP

rui disse...

JP,

tb não disse que era dos melhores. Mas aquela aguardente ... :) Quase que estive para matar o Cristo para lhe roubar o resto do copo já que eu feito guloso foi logo o 1º a acabar o meu.

Um abraço,
RC

p.s. se ainda tivermos o blog lá pelas vindimas já está marcada uma viagem técnica ao Douro. Logo, havemos de lá passar e telefonamos antes para garantir que há stock de aguardente :)

Anónimo disse...

convenhamos que é no minimo rebuscado tamanho elogio ....

Anónimo disse...

Quando passava no Peso da Régua almoçava ou jantava sempre no douro in agora que conheci o restaurante Cacho D/oiro na mesma cidade não quero outro. Tem o melhor polvo que já alguma vez comi è um restaurante simples mas com um ambiemte muito familiar onde tem bons funcionários. È um restaurante a recomendar no Peso da Régua.

Luís Bandão. disse...

Vocês não estão bem só pode.
Querem saber da melhor?
O Douro in tem um novo dono e agora sim, é dos melhores restaurantes nos top 10.
Tudo muito bom mesmo e o atendimento é muito especial.

Anónimo disse...

Olá!

No mesmo fim-de-semana fui ao D.O.C e Douro in, achei este último bastante interessante, muito devido à sua simplicidade, gostei e vou recomendar.

Cumprimentos,

Mário

www.myfavouriterestaurants.wordpress.com

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