Visita ao Douro
A “viagem de estudo” começou na Sexta-feira e terminou no Domingo. Do blog partimos três: eu, o Cristo e o Nuno. Atestámos o carro de gasóleo e óleo que a charrete de Cristo também gosta de “tinto” e rumámos ao Norte. Três horas, meio depósito e cerca de 13 Euros de portagens depois estacionávamos à porta do restaurante Douro In na Régua.
Restaurante Douro In (crítica)
Quinta do Vallado (1ª tentativa)
Após o excelente almoço no Douro In rumámos com relativo atraso (face um suposto plano de intenções que rapidamente se desfez a meio do almoço) à Qt. do Vallado. Numa anterior visita ao Douro, o Cristo já tinha tentado visitar a Qt. do Vallado e não o tinha conseguido fazer porque ao fim de semana está fechada. Ficam a saber que é prática comum as Quintas fecharem ao fim de semana. Supostamente a melhor altura para o turista mas que aos responsáveis não dá muito jeito esta nossa mania de trabalharmos de semana e passearmos ao fim de semana. Adiante!
Bem dispostos, chegamos ao Vallado e sofremos o primeiro revés. Apesar de ser Sexta e normalmente haver aos dias de semana alguém para nos receber, tivemos galo. Logo por azar, naquela Sexta não havia visitas e no dia seguinte, Sábado, estavam fechados. Para Cristo ainda não fora desta.
Quinta da Pacheca
Meia volta na Qt. do Vallado e apontámos a charrete para a Qt. da Pacheca que está sempre aberta. Fim de semana incluído. Fomos muito bem recebidos pela Helena, funcionária da Quinta, que nos fez o tour. As provas não são pagas e pode-se beber toda a gama produzida na Quinta. Incluindo o tinto reserva e o vintage. Pena é que num dia de tanto calor, tirando os brancos, os tintos e os portos tenham sido servidos quentes.
Pareceu-nos uma quinta com significativa preocupação turística. A aposta nesta vertente é levada a sério, aproveitando a localização contígua à cidade da Régua (entrada no Douro vinhateiro). Está prevista a conversão de um edifício antigo da quinta para receber uma dúzia de quartos. Um pequeno produtor a fazer pela vida.
Quinta das Carvalhas (Real Companhia Velha)
Do Peso da Régua ao Pinhão ainda são 20/25 Km e cerca de 30 a 40 minutos conforme se dê corda aos cavalos da charrete. Não íamos com pressa. A paisagem a meio da tarde ao longo do rio é espectacular. Mesmo à entrada do Pinhão antes de mudar de margem aparece-nos a Quinta das Carvalhas. Entrámos. Tudo Fechado. Em conversa com um funcionário ficamos a saber que vistas à Quinta só com marcação prévia e a loja de vinhos fecha às 17:30. Pouco passava das 18:00. Ficam a saber que a maioria das Quintas (que eventualmente estão abertas de semana) fecham às 17:00 e algumas atrevem-se a estar abertas até às 18:00, mesmo em dias de Verão como era já este primeiro de Junho. Boas noticias: a loja estaria aberta no dia seguinte: Sábado. Não voltámos lá.
Quinta de La Rosa (1ª abordagem)
Saídos da Qt. das Carvalhas, passámos a ponte para a margem Norte do rio, passámos a linha de comboio e entrámos verdadeiramente no Pinhão. Feio. Muito feio. Isto até parece mal dizer mas ao cruzarmos o rio Pinhão para nos dirigirmos para a Qt. de La Rosa ficamos com a visão da margem Sul do rio Douro. Uma mistura de construção manhosa dos anos 70 com barracas antigas. Se não soubesse onde estava, pensaria que estava numa favela. Era entrar por ali fora com dois ou três bulldozers ...
A Qt. de La Rosa fica mesmo junto ao rio Douro, na margem Norte. Estacionámos a charrete. Deparámos com a empregada da quinta que nos indicou os quartos. Desapareceu. Dei uma volta pela quinta abaixo. Descendo os vários patamares dei com o edifício principal da quinta onde vivem os donos de origem inglesa e entrei na cozinha. Encontrei a empregada que nos tinha recebido e que preparava um arroz de pato para os patrões que tinham visitas. Cheirava bem. As costeletas de borrego do almoço há muito que já tinham perdido “gás” e perguntei se podíamos comer qualquer coisa. Se tivéssemos marcado com antecedência, podíamos. Então e beber qualquer coisa? Existe um frigorifico na sala onde é servido o pequeno almoço, estão à vontade, serviam-se! Voltei para cima ao longo do labirinto de patamares rumo à sala do pequeno-almoço. Vasculhei a sala e, além do frigorifico de onde tirei a Qt. de La Rosa tinto 2002 (o melhorzinho que havia), descobri 4 carcaças, um prato de rolos de fiabre e um de queijo. Foi o nosso lanche na esplanada com vista para o rio. Estava-se bem! Estava-se muito bem, apesar do Cristo se queixar dos mosquitos (pelos vistos tem o sangue docinho – deve ser do açúcar residual) e do vinho de 2002 fazer jus ao ano: fraquinho. Muito fraquinho. Para a maioria dos turistas (estrangeiros aqui nesta quinta), se não forem conhecedores, este vinho deve estar mais do que bem, mas para quem for apreciador e já entender algumas coisa de vinhos, parece-me uma má estratégia tentar despachar stock de 2002 com o turista incauto. Ainda por cima sendo pago, não custava nada colocar no frigorifico uma garrafa de 2003 ou 2004 que são vinhos que projectam uma muito melhor imagem de qualidade da própria quinta. É nestes pormenores que as por vezes as empresas se perdem. Nunca se sabe quem é que está do outro lado do “balcão”.
É isto o turismo rural. Uns quartos no meio de uma quinta e agora desenrasquem-se. Foi o que nós fizemos. No caminho da Régua para o Pinhão passámos por um restaurante com muito bom aspecto exterior denominado D.O.C. by www.arisdouro.com. Decidimos que era lá que íamos jantar.
Restaurante D.O.C.
Terminou assim o primeiro dia. Cansativo. Isto de passar o dia a comer e a beber também cansa.;)
O dia de Sábado começou ainda mais quente que o anterior. Eu não sou pessoa de dormir muito, e então se vou para fora é ainda pior. Saudades da minha almofada. Tomado, já tarde, o pequeno-almoço e tínhamos à nossa espera, na varanda panorâmica da Qt. de La Rosa, o amigo AJS (que mora em Vila Real e costuma comentar nos vários blogs de vinhos). Na última Essência do Vinho no Porto, quando o encontrei num dos stands do evento, tinha ficado combinado um copo quando fosse ao Douro. Surpresa quando nos percebemos que ele tinha tirado o dia para andar connosco. Aproveitámos o guia nativo.:)
Vintage House
A entrada do Vintage House fica mesmo à entrada do Pinhão já depois de passar a margem do Douro mas antes de atravessar a linha de comboio. Fica à esquerda de quem vem da Régua. A loja de vinhos encontra-se junto ao parque de estacionamento logo a seguir ao portão da entrada. Na loja pontificam os vinhos do Porto encontrando-se alguns vinhos e algumas marcas que raramente se encontram aqui em Lisboa. Os preços não são os melhores mas também não dos piores. Mas compreendo que a loja no espaço em que se insere tenha uma estratégia baseada no serviço e na diversidade invés de competir através do preço. Não comprámos nada.
Entrámos na sala de estar do hotel que tem saída para um jardim bem cuidado e com uma piscina tentadora face ao calor de fim de manhã. A sala é fresca e carregada de história. O bom gosto na decoração remete-nos para outros tempos e outras vidas. Confesso que me soube muito bem a “bica”. O café de cafeteira do pequeno-almoço não acalma a sede de cafeína do meu viciado e citadino cérebro habituado que está a um café em cada esquina. Os bolinhos secos de manteiga também são bons.
O hotel e a contígua, bonita e cuidada estação de comboios do Pinhão são dois oásis paisagísticos numa povoação que não prima pelo arranjo e o bom gosto na construção habitacional. Para quem não conhece e eventualmente tem a ideia que Pinhão é uma pequena povoação com construção típica antiga, preservada, bem arranjada e em harmonia com paisagem envolvente, então desiluda-se. Requalificação precisa-se.
Cansados da fresca sala e dos confortáveis sofás do hotel, voltámos a enfrentar o calor à procura do almoço. Não foi preciso andar muito.
Quinta do Vallado (2ª tentativa)
O Cristo não conformado com o facto de não ter consigo visitar a Qt. do Vallado fez um telefonema para um amigo que tem uma quinta no Douro mas não tem vinho com marca própria pois vende as uvas para casas produtoras de Porto. Este por sua vez fez um telefonema para algum responsável da Qt. do Vallado. Resultado: por voltas três da tarde de Sábado estava alguém na quinta que nos receberia. E assim, após o almoço, fomos conduzidos pelo AJS do Pinhão à Régua (onde fica quinta) pelo caminho mais comprido. Ou seja, invés de junto ao rio, percorremos as estradas que serpenteiam as encostas plantadas de vinhas e reaparecemos na Qt. do Vallado vindos de Norte. Atrasados claro!
Na loja pode-se provar a maioria dos vinhos. Já não sou o primeiro a escrever que os preços dos vinhos nas própria quintas não são do melhor que existe. Compreendo que não se possa colocar os preços muito mais baixos do que é colocado no mercado. Num país pequeno como o nosso, facilmente nos deslocávamos às quintas para comprar o produto. Por isso desengane-se aquele que pense em carregar o carro na volta com pechinchas. Ainda assim, os preços nesta quinta estão ao nível melhorzinho que se consegue arranjar em Lisboa.
Pareceu-nos mais uma quinta que também já demonstra uma maior abertura para a vertente turística, aproveitando, tal como a Qt da Pacheca, ser uma das quintas do Douro próximas da Régua. Bom gosto no merchandising. Uma imagem e cor modernas.
Quinta do Portal
Na estrada que liga o Pinhão a Sabrosa, perto de Celeirós, encontra-se a Qt. do Portal. A quinta é um projecto recente com cerca de 15 anos. Como tal, não está “presa” a uma herança passada e aproveita essa liberdade para fazer tudo de raiz. Instalações grandes e modernas. Uma adega enorme com capacidade para milhões de litros e quase toda ela automatizada. Linha de engarrafamento e rotulagem própria e de grande capacidade. Possui um armazém enorme de estágio de vinho e está a ser construído um novo edifício, de autoria de Siza Vieira, para albergar ainda mais pipas. Uma coisa “à grande” e que serve de contra-ponto ao normal que encontramos nas quintas mais pequenas. Ao vermos toda aquela parafernália de inox é impossível não sentirmos um sentimento de maior empatia para com os mais pequenos e julgarmos, à partida, os vinhos da Qt. do Portal despidos de alma e mística. É normal!
A loja de vinhos está integrada num edifício maior onde se nota a preocupação de ter espaço para receber os visitantes e grandes grupos. O espaço está muito bem montado, com vitrinas de troféus e merchandising por todo o lado. O cuidado com a imagem é enorme e é especialmente conseguido na garrafas dos vinhos. São utilizadas garrafas personalizadas com rótulos cuidados e coerentes. As garrafas de Moscatel e de Porto tawny envelhecido são, para mim, particularmente bonitas.
A quinta tem também turismo rural. A Casa das Pipas alberga uma dezena de quartos e está restaurada/decorada com extraordinário bom gosto. A frente dá para uma enorme piscina que tem um balseiro reconvertido a fazer de bar de apoio. Até tem uma pequena sala de fitness virada para a piscina. Um projecto profissional, cujos os donos têm investido tanto e em tão pouco tempo que, tenho para mim, lhes deve ter saído o euromilhões. Sortudos!
O melhor do Douro
O melhor do Douro são as suas gentes. Que raio de lugar comum para se escrever, até porque, as pessoas são sempre o melhor de cada região, de cada terra, e esta máxima não se cinge apenas ao Douro. Para não cair na pieguice devo acrescentar que, o pior de cada região também são as suas gentes. É inevitável! Nem toda a gente pode ser boa. No entanto, serve este interlúdio para falar de gente boa. Falar dos amigos. Os amigos que nos tem trazido o vinho.
Muito obrigado caro AJS pela paciência, pelo tempo disponibilizado, pelo excelente jantar, pelo extraordinário serão e pelas deliciosas histórias de outros tempos. Um sincero agradecimento a toda a tua família pela recepção. Espero sinceramente que as tuas ideias e projectos para a região sejam um sucesso.
Quinta de La Rosa (última abordagem)
Domingo. Último dia da excursão. Uma constipação das bravas (daquelas de Verão), que desde o final do dia anterior tinha começado a lançar a sua teia, tinha no início dessa manhã completado finalmente a rede. A sua presa favorita: lenços de papel da Renova.
Por anterior impossibilidade, tinha ficado para este dia a visita à adega da Qt. de La Rosa. Neste momento, na quinta apenas é vinificado o vinho do Porto. A funcionária fez-nos o tour habitual. Passámos os lagares e cubas de inox (fiquei a saber que uma pequena percentagem de vinho para LBV também pode estagiar em inox), descemos até ao armazém antigo onde repousam as enormes pipas com vinho do Porto e finalizámos na sala de prova e loja de vinhos. Preço bom para o La Rosa Reserva 2004 (22€) se não estivesse esgotado. Um de nós teve que trazer uma magnum para compensar. :)
A quinta adquiriu uma nova quinta no Douro Superior junto ao Pocinho e está a ampliar as instalações na quinta do Pinhão. Uma quinta que produz já na ordem do milhão de garrafas e com estes investimentos já não se pode considerar um pequeno produtor.
Na nossa opinião, a localização privilegiada junto ao Pinhão podia ser utilizada para potenciar o turismo rural para outro nível que não apenas o de disponibilizar um estrutura com três quartos à entrada da quinta. Os oitenta euros por quarto e pequeno-almoço, apesar de nos parecer um preço elevado para o serviço prestado, não esmorecem os turistas pois parece que estes quartos estão quase sempre esgotados. Já não acredito que aconteça o mesmo para as duas casas individuais inseridas na quinta que se arrendam por períodos mínimos de 10 dias. O que é que se faz nesses 10 dias? Andar rio acima ou rio abaixo de barco turístico ocupa-nos 2, 3 dias no máximo!
Restaurante Cacho d’Oiro
Fizemo-nos à estrada. O regresso da festa. Parados na Régua para almoçar, decidimos faze-lo no restaurante Cacho d’Oiro. Segundo os habitantes da zona um restaurante bom mas caro. Descobrimos rapidamente que é um restaurante a praticar uma cozinha regional banal numa decoração estilo marisqueira. Não sendo barato também não é caro. Tem alguns vinho interessantes mas misturados numa lista descuidada. Os principais clientes de Domingo são as famílias que se reúnem nesse dia e decidem almoçar fora. Além disto tivemos azar com o serviço pois naquela pressa típica de empregados de marisqueira, algumas das coisas importantes foram esquecidas. Teve o gerente a amabilidade de nos oferecer um copo de vinho do Porto. Pressuponho que fosse um tawny.
Solar do Vinho do Porto e Rota do Vinho do Porto
Antes de seguir viagem para baixo, houve tempo ainda de dar um pulo ao Solar do Vinho do Porto na Régua. No espaço “museu” está a decorrer uma exposição de fotografia com imagens do Douro vinhateiro. A loja estava fechada. Fecha para o almoço no Domingo e não reabre de tarde apesar de na rua de baixo, o cais ainda receber barcos com turistas. Confesso que estava mais interessado na loja de vinhos do que nas fotografias. Dêem-lhes arte e não vinho!
Andámos mais um metros e mesmo antes de deixarmos a Régua para trás ainda conseguimos gastar os últimos cartuchos de euros na loja da Rota do Vinho Porto que deve ser a única loja de vinhos que abre ao Domingo à tarde. Não são muitas as quintas de aderiram à rota do vinho do Porto. Por exemplo do Douro Superior apenas estão referenciadas duas. Geralmente são pequenos produtores. Na loja, as quintas mais conhecidas não apresentam os seu topos de gama. Apenas consegui perceber uma disponibilização de toda a gama pela Qt. do Portal e a Qt. da Pacheca. Não sei se estava mais atento as estas casas por as ter visitado ou apenas é a contestação da coerência no tratamento cuidado, por parte destas, de todos os canais de comunicação.
Um aparte curioso: provavelmente num evento qualquer de vinho, joguei a mão a um daqueles pequenos folhetos desdobráveis da ViniPortugal com informação sobre o vinho de Portugal. Existem em várias línguas, são gratuitos e alguns apresentam as rotas dos vinhos em cada região. Escolhi o que diz “Porto e Norte de Portugal” que apresenta as rotas do Vinho do Porto (e Douro), dos Vinhos Verdes e das Vinhas de Cister. Louvável iniciativa. Apenas um senão: apenas a Rota das Vinhas de Cister tem a identificação no mapa da região do respectivo número a que corresponde o nome da quinta listado ao lado. Para as outras duas rotas, apresenta-se uma lista de nomes de quintas associadas a um número que não foi impresso no mapa da respectiva região. Uma gralha da tipografia com certeza. Ora encontrei novamente os mesmo folhetos para disponibilização gratuita na loja da Rota do Vinho do Porto. Em conversa com o funcionário, respondeu-me que tinha conhecimento da situação mas que até agora a ViniPortugal só estava a disponibilizar esses folhetos com “gralha”. No entanto, a Rota do Vinho do Porto tinha um outro folheto da rota em que as quintas estão identificadas mas custa 2 euros. Comprei. Como diria o outro do anúncio, “Folhetos à borla? Isso não é para mim, que eu gosto de pagar!”
Conclusão
Não consigo escrever sem apresentar uma conclusão final. Ou seja, fazer um post meramente descrito ou um post com uma carrada de números sem lhes dar uma envolvente pessoal e opinativa, não é para mim. Este post em particular foi especial pois foi escrito em várias vagas o que me permite chegar a este ponto com algum feedback das pessoas que foram fazendo comentários e aos quais fui respondendo. Como é óbvio esta conclusão é influenciada pelo que fui lendo e pelo que fui escrevendo. Já não é a mesma conclusão que tinha na cabeça há uma semana quando comecei o post. É a beleza da interactividade de um blog. Ainda assim, o essencial é o mesmo.
Vou tentar apresentar as ideias principais por pontos:
- A região do Douro tem um enorme potencial em termos turísticos que ainda não está devidamente aproveitado. Diz-se que a necessidade aguça o engenho ou, como descobri na net, a necessidade põe a velha a caminho. Como até agora não houve necessidade, as coisas vão-se fazendo devagar. Existem alguns projectos mais a “sério”, mas são poucos e a maioria não concertados.
- Passaram-me o seguinte indicador: a média de permanência de turistas no Douro não chega às duas noites. Convenhamos que não há muito para fazer. Passear de barco no Douro, andar de comboio na margem do mesmo e visitar as quintas. Basta visitar duas ou três para terem uma ideia das restantes. É mais inox ou menos balseiro. É preciso criar outras actividades na região, outra dinâmica e mais alojamento de qualidade. O Vintage House, o Hotel da Régua e mais um dúzia de quintas com turismo rural não chega. A restauração está a melhorar. O Douro In e o D.O.C. são exemplos disso.
- As visitas às quintas estão preparadas para receber o turista “não conhecedor”. O turista que vai normalmente em grandes grupos e em excursões organizadas. Recebe o tour normal, a história da quinta, e acaba a provar todos os vinhos da quinta até determinado preço. É-lhes indiferente pois também não conheciam toda a gama da quinta. Os funcionários não estão preparados para responder a questões mais técnicas ou aptos a sair do discurso habitual. Tentam compensar com a simpatia. É normal e não estou a julgar ninguém. Apenas deixo o aviso, quem quiser ter uma recepção mais personalizada, e com outro tipo de discurso, deve tentar, através de marcação prévia (essencial, se não nem ao “habitual” tem direito), ser recebido por alguém ligado à enologia da casa. Segundo me disseram, os melhores dias da semana para isso são de 2ª a 4ª feira pois a partir de 5ª feira a maioria dos produtores e enólogos parte para congressos, feiras, eventos, etc. É o normal caso não haja jornalistas famosos para receber ou eventos especiais nesse fim-de-semana, como, por exemplo, o Douro Aberto.
Aconselho, como sempre, a não se cingirem apenas a este meu relato. Devem ler outras experiências e acima de tudo devem ser vocês mesmo a “provarem” a região e tirarem as vossas conclusões. Façam a vossa rota. Tracem os vossos objectivos. Vivam a vossas experiências e depois comparamos tudo numa próxima conversa.
P.S. Como é que se escreve três dias de experiências em meia dúzia de linhas, ou seja, em formato blog? Decidi escrever por capítulos em que vou acrescentando sempre mais um pedaço de texto no mesmo post e fazendo links para a crítica de restaurantes de modo a individualizá-los. Tento criar com isso uma certa expectativa em relação ao dia seguinte e não escrevo de uma única vez um post longo e cansativo. Ou se preferirem, ando calão para escrever tudo de uma vez :)
36 comentário(s):
Concordo plenamente com a descrição que fizeram do serviço de turismo do Douro, neste momento só meia dúzia de casas é que sabem gerir de uma forma realmente atractiva e fornecer productos de qualidade aos turistas que lá passam por aquela região. No entanto creio que a situação vai melhorando aos poucos... sinal que as pessoas finalmente vão se apercebendo do real valor empresarial-turístico do Douro que ao contrário dos Algarves etc... é sem dúvida das zonas com mais potêncial durante todo o ano!
Caros, infelizmente é uma boa fotografia da realidade duriense.
Mas também tiveram azar. Se fossem uma semana depois já tinham as quintas todas abertas.
Este próximo fim de semana há uma iniciativa de provas e visitas às quintas que vã estar abertas o fim de semana inteiro.
Mas que precisa de melhorar lá isso precisa...
Boas provas!
Caro Chapim,
segundo informação que tivemos, o Douro Aberto é apenas uma dúzia de quintas. Ora, se são centenas ...
Um abraço,
RC
Caro Rui, tens razão. Tive a ver melhor e são cerca de 20 quintas.
Mas mesmo assim 20 é bem melhor do que quintas fechadas ao fim de semana.
Boas provas!
Caro Chapim,
isso é verdade. Se alguém passar por lá depois, se quiser, pode deixar aqui as impressões do que foi o Douro aberto e das difenças que encontrou para o Douro fechado.
Um abraço,
RC
Caro Anónimo,
concordo contigo que o potencial é enorme. Só espero que não se torne um Algarve. :)
Um abraço,
RC
Ir visitar o Douro num fim de semana e sem marcações prévias é no mínimo absurdo e delirante... esperavam milagres ou vieram a ver o que dava para depois poderem ir reclamar e dizer que é uma vergonha ?
Sim vejam todos, que os moços foram de viagem e não foram recebidos, estava tudo fechado e fartaram-se de bater com o nariz nos portões e nas portas, sim porque as barricas essas estavam bem longe.
Vulgo que um apreciador de vinho que venha de visita, e que esteja minimamente interessado em provar e visitar as adegas, contacta previamente as mesmas e não parte numa aventura às cegas...
Mas como neste lugar só se fala das coisas pela negativa, o que tem mal o Douro que não recebe os visitantes no Sábado, o Vinho do Porto que não está bom, a revista X que não presta, o restaurante N que não vale, o guia Z que tem isto, o evento Y que tem sempre qualquer merdice...
Eu a vocês dou 5 rolhas, uma para cada um...
Tenho que dar a mão à palmatória que não foi uma muito boa opção da vossa parte vir até cá acima sem marcar nada previamente.
Nas caves em Gaia, por exemplo, se quisessem fazer uma visita a um produtor sem avisar, certamente iam na manada de gente ouvir um guia turístico a debitar aquilo que aprendeu na formação durante meia hora e depois provam um branco, um ruby e um tawny, os 3 da categoria baixa.
Se marcarem a visita e dizerem que não são turistas, mas enófilos, certamente serão bem tratados. Eu pelo menos tenho sido bem tratado quando aviso ao que vou. Penso já ter visitado quase todas as Caves como turista. Como enófilo fui à Niepoort e Graham's.
Tenho agendado uma visita à Ramos Pinto, tendo-me mesmo sido sugerido pela casa uma data que me desse jeito!
Já assim foi quando visitei o Luis Pato, os Alvarinhos todos, a Encosta do Sobral, a Quinta da Pellada... É sempre positivo dizer ao que vamos.
E podiam ter dito qualquer coisa aqui ao Jovem não??? Ainda combinávamos beber um copito... Aqui neste aspecto falharam redondamente!
Abraço
Não se esqueçam, isto não é Napa Valley e a nossa vida não é estilo Sideways....
Estou mesmo a ver o turista que vem visitar o Douro, de um outro país qualquer, a pensar. - Ora deixa cá ver, como vamos ao Douro temos que fazer marcação prévia. Quem será o responsável pelas marcações? Fácil. É só ir à Net e escolher.
O problema é depois. A experiência torna-se penosa. Talvez seja de ficar por Bordéus, ou quem sabe pela Rioja. De qualquer maneira o que o “reguadasboy” escreve julgo ser sintomático da situação. – Estamos para aqui tão sossegados o que é que esta malta de Lisboa vem para aqui fazer?
Julgo que se não existe uma estrutura profissional para receber turistas, o melhor será dizer que não estão abertos. Ponto Final. Eu como vivo no Douro farto-me de ver turistas perdidos sem saber o que fazer. Depois. - Ai Jesus que isto está cada vez pior. Não vendemos o vinho. Etc. Etc. Etc. O rosário habitual. De qualquer forma. Boas provas. AJS
Eu concordo com algo do que se foi aqui dizendo... mas não posso concordar em que um turista chegue num Sábado, e como que por milagre esteja tudo de braços abertos para o receber.
Nunca foi assim e não vai ser agora, ninguém que eu conheça vai a Espanha ás compras num Domingo, nos feriados deles é o mesmo, tudo fechado.
Curiosamente no Alentejo as lojas e as adegas estão abertas aos Sábados... talvez seja uma maneira diferente de encarar as coisas.
Agora numa coisa eu não posso concordar.
Então eu se fosse ao Douro de fim de semana, ainda por mais com amigos dedicados à causa e com esse mesmo objectivo... não tinha o cuidado de telefonar antes aos produtores que queria visitar ?
Mas é que nem batia no chão. Nunca me ia lançar numa de deixa lá ver o que isto vai dar.
Caro AJS, não vendem o vinho ?
Mas eles até sobem os preços e tudo, produções com tudo esgotado, grandes notas no estrangeiro, é só fama e prestígio... vão lá agora abrir as portas ao Sábado.
Caro réguadasboy,
Bem-vindo aos comentários no nosso blog já que percebi que é leitor assíduo. Obrigado pela crítica e por utilizar o nosso sistema de classificação de rolhas na sua avaliação. Não estando livres de crítica, é reconfortante para nós o facto de ao sermos criticados o sejamos através de classificação que nós sabemos o que significa.
Relembro: Rolha 1 – Não gostei mesmo nada. Não me apetece voltar a beber.
Penso que na aplicação desta classificação a blogs se pode substituir a palavra “beber” por “ler”.
Um abraço,
RC
Caros,
Eu não quero adiantar conclusões. Ontem não tive tempo de continuar a “reportagem” e hoje estou a roubar tempo ao trabalho para poder-vos responder. Por isso tenho que ser curto.
Até agora o mais polémico tem sido o facto de termos feito a visita sem termos feitos marcação prévia ou termos avisado que éramos enófilos, que escrevíamos num blog e que fazíamos critica de vinhos. Pensem lá bem. Acham que se tivéssemos feito isso, as nossas experiências tinham sido iguais às de consumidores normais? Sempre nos considerámos comuns consumidores e como tal o objectivo era experimentar o Douro como simples consumidores/turistas. Temos previsto fazer o mesmo para todas as outras regiões. Não queremos privilégios, nem ter que mostrar cartões para ficarmos na casa dos donos, bebermos os melhores vinhos e mostrarem-nos o que geralmente está escondido. Se o fizéssemos, provavelmente seria mais agradável mas depois vinha para aqui escrever que as coisas são só facilidades e que é tudo uma maravilha. Era uma realidade diferente. É a realidade dos jornalistas “famosos” (que andavam por lá e cujos os empregados das quintas nos diziam que estavam lá instalados). Se quiserem essa realidade então comprem os guias turísticos que estes escrevem. Se quisermos outra realidade então temos que ir incógnitos, sentir o que “normal” sente. Reparem que não faz sentido eu ir fazer a critica de um restaurante e anunciar dois dias antes que lá vou fazer a critica para a revista ou jornal xpto. Seria igual?
Se isto que escrevi não fizer sentido para a maioria, pelo menos, a nossa “incúria e ingenuidade” servirá para que outros não tenham as mesmas ideias delirantes.
Um abraço,
RC
Mais uma acha para a fogueira. Estive no Pinhão eram 16h estavam cerca de 35º C. As quintas fecham às 17h30m, o sol esconde-se às 21h.
Caro Copo de 3
Estamos a falar dos produtores pequenos, cerca de 80%, que vende a sua produção às grandes firmas. Mesmo estas têm muito vinho por vender. O que se vende são os topos de gama. Ferrari, os Porches já têm alguma dificuldade em sair. Se falarmos dos utilitários!!! AJS
Meus caros,
Não dando razão, nem a tirando... isto vem a propósito: entre hoje (dia 6) e segunda-feira (11) vou visitar cerca de 6 quintas no Douro e 1 no Dão. Tenho tudo marcado, e vou com um núcleo duro de enófilos, provadores e sócios de garrafeiras.
A ver vamos como será, mas estou certo que as quintas estarão à nossa espera, com almoço e tudo. Espero, claro... nunca se sabe.
Abraços a todos,
N.
Não tendo participado na excursão ao Douro apoio a desilusão dos meus colegas e amigos pois também já passei por ela há uns meses atrás.
Apenas digo que em termos estratégicos é mau para o Douro e para Portugal apenas tratar bem quem já está "convertido", ou seja, os enófilos, jornalistas e afins que já conhecem como funcionam as coisas e já têm todos os contactos, penso que lhes falta a vontade de tentar cativar novos consumidores. Mas penso que isso é um mal geral, só os clientes da casa é que são bem tratados, os outros têm de penar para lá chegar...
Espero sinceramente que no próximo fim de semana tudo corra pelo melhor. Vão estar 29 quintas abertas ao público com provas, visitas, etc. Vou experimentar para ver como é. De qualquer maneira o meu “medo” é que passado este fim de semana tudo regresse ao normal. Espero que após esta louvável iniciativa, para chamar os turistas, alguma coisa seja modificada. Estou cá para contar.
Também sou dos que pensa que o “dever” do enófilo é visitar as regiões anónimo. Só com criticas independentes se pode contribuir para a melhoria do sector. Se o que se pretende é ter apenas gente que diga bem, não contem comigo. Hoje no Blogue Abrupto, do Pacheco Pereira, vem um post sobre os blogues dos amigos que se promovem mutuamente, na literatura, jornalismo etc. Para bem do vinho e do Douro, em particular, espero que não se dirijam nessa direcção os blogues do vinho. De uma coisa estou seguro o próximo fim de semana sendo de louvar, não é a realidade do Douro. Espero que seja o futuro. Boas provas a todos os que participarem na iniciativa. Já agora questionem os responsáveis das quintas porque é que nos outros fins de semana estão fechados.
Caros,
A ideia que eu quero passar é a seguinte:
- Imaginem que eu ia ao Douro com um grupo de amigos, com tudo marcado, tudo enófilo esclarecidos, sócios de garrafeiras e as pessoas que os nos ião receber já sabiam o que os esperava (pegando no exemplo do Nuno do Saca-a-Rolha).
Acham que o tratamento que eu iria receber seria igual a uma pessoa “normal” que também tinha marcado via telefónica uma reserva para a respectiva quinta?
Ao chegar aqui na segunda-feira e fizesse o post e contasse o que se tinha passado (experiência completamente válida) seria semelhante ao que a pessoa “normal” tinha vivido?
Não quero ser mais papista que o papa. O objectivo não é criticar quem anuncia à partida quem é (e eventualmente que poder tem) ou fazer a apologia intransigente da viagem incógnita. Eu tb faço viagens ou provas de cartão na mão (e confesso que é diferente). Não sou mais “puro” que os outros. No entanto, esta visita tinha um objectivo diferente.
Ou seja, esta viagem foi feita em jeito de documentário e o no post pretendo escrever para aqueles que ainda não lá foram e sempre que posso critico o que acho que se pode melhorar. Faço avisos aos que lá querem ir (vou dizendo: “as quintas fecham a estes dias, estão abertas até estas horas, é aconselhável fazer marcação, etc). Para aqueles que já sabem isto tudo, é verdade que não lhes acrescento nada de novo. Mas para saberem isso tudo, ou já passaram por isso ou alguém lhes disse que era assim. Eu tenho a pretensão (pretensioso, o menino, hem!) de ser aquele que diz, aos que não sabem, que é assim. Alguém tem que escrever as experiências diferentes.
Um abraço,
RC
"Não queremos privilégios, nem ter que mostrar cartões para ficarmos na casa dos donos, bebermos os melhores vinhos e mostrarem-nos o que geralmente está escondido."
Amigos, eu sou um puto de 22 anos e não tenho cartões de apresentação, pois acho que para mim é rídiculo. Prefiro falar pessoalmente e se as pessoas acharem que querem voltar a falar comigo certamente me vão pedir o meu contacto. Sei que alguns Blog's de vinho já têm cartões.
Amanhã vou até ao Douro curiosamente, vou sózinho e apenas utilizei o telemóvel e gastei 32 centimos. "Amanhã posso passar aí a dar um salto?"
Pelos vistos vou ter a sorte de ver o Mark Squires a provar... Se tiver oportunidade vou falar-lhe desta avalanche amadora que está a colocar a paixão vínica no formato blog. Se tivesse os vossos cartões...
Vamos lá ver qual a cor da camisa dele amanhã! Abraço!
PS - O consumidor comum não tem um blog de vinhos. Eu posso estar-me a armar, mas não me considero um consumidor comum de vinho. Sou um critico amador, um enófilo atento, um wine writer, um " eno-qq coisa" menos consumidor comum.
Por curiosidade eu amanhã não vou ao Douro nem vou visitar nenhuma quinta...curiosamente é quarta, e quando tiver de ir não preciso de cartões para tal. Escolhi e vem o Douro a mim, como critico de vinhos que sou, e pelos vistos já o somos todos, o Douro veio até mim e como tal vou realizar uma prova cega com alguns amigos.
Sem sairmos da cadeira vamos poder passear por várias Quintas, sentir os seus aromas e os seus sabores, sem gastar gasolina e sem poluir o ambiente , sem problemas de estar fechado e bater com o nariz no portão, quanto mais é no copo, porque as garantias é que no final da noite todas as ditas Quintas vão estar abertas e muito bem visitadas.
Penso que não preciso de cartão para ficar em casa do Frexou, e mesmo assim podemos provar os melhores vinhos e ele até pode mostrar os que lá tem escondidos.
"Eu tb faço viagens ou provas de cartão na mão (e confesso que é diferente)."
Eu não acho que seja diferente.
Eu muitas vezes sou mal atendido em demasiados locais por ser um puto de 22 anos. Não mostro os meus cartões, os meus louros, nem digo quem sou.
Apenas abro a boca, meto o cérebro a trabalhar( se calhar pela ordem inversa) e converso com as pessoas. Os inteligentes em apenas 5 segundos percebem que daquele lado está alguém diferente dum comum consumidor. Antes de ter o blog, entrei desprevenido e sem conhecer ningúem nas Caves de Vinho do Porto da Romariz e saí de lá com um vintage na "pança". Não é qualquer turista/comum consumidor que é assim atendido.
As pessoas do vinho são puras, e gostam de partilhar paixões.
É uma pena "desculparem" o Douro pela situação que vive actualmente. Quer queiramos quer não é das zonas menos desenvolvidas de Portugal... é um facto. No que diz respeito ao ramo hoteleiro e da restauração embora se tenha verificado certas melhorias em alguns aspectos ainda há muito para lapidar! O número de pessoas profissionalizadas na "arte de bem servir" escasseia. Há que apostar na formação, tornar o Douro (vinhateiro) num local atractivo de trabalho. Claro que grande parte da responsabilidade passa também pelos "patrões" que não se estão para chatear muito e não querem ganhar dinheiro porque "dá trabalho" e estão contentes com o pouco que têm. O Douro não se pode limitar aos passeios de barco rio acima, há que fazer com que os turistas, principalmente ingles, alemaes, espanhóis, etc, gastem o seu dinheiro também em terra, comprem vinho das mais variadas quintas, comam em bons restaurantes, que sejam bem servidos, que lhes seja proporcionada uma boa noite de sono e que acordem e olhem pela janela e vejam das mais bonitas paisagens de Portugal, tudo para que voltem e digam aos amigos que o Douro é um bom sitio para passar férias ou um bom fim de semana. Esta mentalidade mediocre tem que mudar. Quem tem margem de manobra financeira tem que apostar no Muito Bom, não no razoavel, não ter um restaurantezeco só para os amigos e dar umas tainadas de vez em quando, fazer turismo de habitação só para os meses de Verão. Porque como disse no 1º comentário que fiz o Douro tem turismo durante todo o ano e quando descobrirem que vale mesmo apena (se um dia isso acontecer) vai ser uma explosão
Caro Frexou,
A referência ao “cartão na mão” é uma metáfora. E sim, nós temos cartões (físicos).
Como é obvio não és um consumidor comum. Nunca fiz afirmações nesse sentido. Eu pretendo escrever para o consumidor comum. Não faz sentido andarmos para aqui a escrever apenas uns para os outros (os que temos blogs). Pelo menos para mim não faz! A probabilidade de te ensinar alguma coisa, ou ao João do Copo de 3, é muito baixa. Aliás, como muito bem referiste, mesmo sem cartões (físicos) vais-te safando muito bem.
Como referi, o sentido da discussão não é julgar quem apresenta cartões (metafóricos ou mesmo físicos) à cabeça. E portanto, não me vou alongar mais nesta discussão (é desviar-nos do importante e completamente inócua). Apenas referir que, a minha experiência me diz que a partir do momento que apresento o meu cartão (físico ou metafórico) as coisas passam a ser diferentes. Mas pode ser sempre produto da minha imaginação delirante.
Um abraço,
RC
Caro João,
Que eu saiba o Frexou não é produtor/engarrafador, dono de quintas que produzem uvas e que fazem vinhos que estão num mercado pequeno e muito concorrido. Ou seja, quando fiz a referência: "Não queremos privilégios, nem ter que mostrar cartões para ficarmos na casa dos donos, bebermos os melhores vinhos e mostrarem-nos o que geralmente está escondido”, não estava obviamente a referir-me aos amigos de cada um. Acho que isso era facilmente perceptível no seguimento lógico de todo o meu comentário (algo que, se apenas lermos o extracto que o Frexou retirou, aceito que não se perceba).
Um abraço,
RC
p.s. não percebi se a tua ideia é fazer a apologia da visita das regiões produtoras apenas através dos seus vinhos ou apenas utilizar esse expediente como substituto em caso de impossibilidade de efectuar a primeira hipótese?
Caro anónimo,
Continuo a concordar consigo e, mais uma vez, espero que essa “explosão” não nos traga um novo Algarve. Aliás, houve uma coisa que não referi mas, no dia que o subsídio do vinho do Porto acabe, é bem capaz dessa “explosão”, por força da necessidade, aconteça mais cedo do que alguns desejariam.
Um abraço,
RC
Cheguei do Douro e tudo correu muito bem. É claro que não fui (fomos) recebido como se não tivesse marcado, ou não conhecem o grupo no qual estava inserido. Mas não vejo mal algum nisso.
Abraços a todos,
N.
PS: estou cansado e , só por isso, não escrevo mais.
Caro Nuno,
claro que não há mal nenhum nisso. Nunca disse o contrário. Esta polémica só começou porque nós optámos por fazer as coisas de determinada forma e com determinado objectivo. E pelos vistos isso não foi compreendido pela maioria das pessoas.
Nós não somos parvinhos que não saibamos que se, ao marcarmos as coisas, explicássemos quem somos que objectivos temos e se nos podem receber desta ou daquela maneira, a viagem teriam tomado um outro rumo e teríamos tido uma outra experiência. Perfeitamente válida e porventura mais agradável que a que tivemos. Nós não temos vocação para santos e também gostamos do melhor. Foi uma opção que tomámos. Tão simples como isso. A diferença é que este nosso caminho irá nos permitir escrever sobre uma visão do Douro diferente da tua. E para mim isso é importante: nem todos a escrever a mesma coisa.
Por exemplo, vamos supor que não sabias como é que as coisas funcionavam no Douro. Se calhar na tua visão as quintas não estão fechadas ao fds porque não viveste essa experiência. E tb não digo que é importante viver essa experiência (não advogo a ideia do ter que andar a pé para dar valor a andar de carro). No entanto, para quem lê os blogs e não conhece a realidade é importante que algum desses blogs lhes diga que a maioria das quintas ao fds estão fechadas. E devo ser crucificado por dizer a verdade (a minha, a que vivi) mesmo que não seja agradável para o turismo da região?
Um abraço,
RC
A ideia que eu tenho de turismo, alias como de outra qualquer actividade, é de profissionalismo. Quero dizer com isso que entendo que, em algumas quintas, porque o negócio do turismo em termos de facturação é ainda residual, não justificam uma estrutura mais alargada para receber os turistas, ao fim de semana e depois das “horas do expediente”. O que acontece é que ao anunciarem que se encontram, abertas ao turismo, e depois as horas serem reduzidas ou a “desoras” para o turista que procura uma região calma e logo faz as coisas com calma e não lhe é possível cumprir horários, mostra precisamente um não profissionalismo que se pode, perigosamente, alastrar ao próprio vinho. Por isso o melhor seria apenas estarem disponíveis se existir uma estrutura profissional, como algumas que já vai havendo, como se pode ver no post do Rui, no que se refere à Quinta da Pacheca e do Portal. Já aconteceu a muita gente, eu incluído, ler noticias sobre restaurantes, hotéis, em revistas da especialidade e quando vamos experimentar não é nada do que se leu. Isso é que penso que é de evitar. AJS
Caros, infelizmente desta vez não correu da forma que esperavam.
Se ao menos tivesse sido este fds teria sido bem diferente...
Escrevo aqui para realçar a boa imagem que me deixaram a Quinta da Casa Amarela, a Quinta da Pacheca e a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, três dos espaços abertos no dia 9 e 10 de Junho deste mês.
Como recebi uns amigos aqui na quinta, os mesmos escolheram (bem) três quintas (das vinte e nove que aderiram à iniciativa da Rota do Vinho do Porto) para visitar. Recordo o profissionalismo, a simpatia e a qualidade dos produtos provados (vinhos e gastronomia) com que as quintas anfitriãs nos receberam.
Mesmo fora do horário de visita na Pacheca, ou à chuva na Quinta Nova as responsáveis foram excepcionais no acolhimento, prova que nem tudo está mal nesta região. Tudo conjugado com um cenário idílico onde as mesmas se inserem que impressionou os meus amigos de Lx.
Ainda recordo a prova de Porto com chocolates e cerejas na Quinta da Casa Amarela. Fantástico,exemplar
e sem dúvida a repetir.
Abraços a todos,
MF
Belo texto! Muito informação valiosa :)
Caro Mário,
se calhar o problema é que correu como esperávamos. Este evento de que estás a falar não é um fds normal. É um evento especial que acontece provavelmente uma vez por ano. O sentido dos meus comentários e do meu post é que este tipo de eventos devia acontece muito mais vezes e pelo o facto de ter acontecido uma vez não se deve esconder o que "não acontece" nos outros fds do ano.
Vejamos assim:
- vocês produtores e donos de quintas, organizam os eventos, tentam mostrar o que têm feito e tentam convencer-nos que até fazem umas coisas;
- eu no papel de consumidor insatisfeito, peço para serem feitas mais coisas, queixo-me do que me faz falta e do que devia haver.
É importante haver este dois papeis se não vocês ainda ficam convencidos que está tudo bem e que não precisam de fazer melhor. Como vês, eu sou um mal necessário. :)
Um abraço,
RC
Rui,
Não crucifico ninguém. Muito menos um amigo. Percebo perfeitamente o v. ponto de vista.
O melhor é preparar uma visita técnica ao Douro para blogs, eg., nas vindimas...
Um forte abraço,
N.
Caro Nuno,
fica combinado.
Um abraço,
RC
p.s. a questão da crucificação não era para ti.
Estou disponivel para ajudar na organização. AJS
Pronto...
lá vou ter de inventar um blog antes das vindimas...
Caro João Quintela,
bem vindo ao nosso blog.
Garanto-lhe que é fácil começar um blog. Nós somos a prova de uma noite mais animada e de um ímpeto repentino (passe a redundância). Mantê-lo vivo é que é mais difícil. :)
Se for para a frente, desde já: boa sorte!
Um abraço,
RC
O seu comentário sobre a família Mansilha Branco é no mínimo de gosto duvidoso. Não, não lhes saiu o euromilhões. Trabalham e bem há várias gerações.
E em Bordeaux, se quiser ver algo de jeito, marque com bastante antecedência.
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