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terça-feira, janeiro 31, 2006

Contradições Críticas (I)

Começou por ser um comentário a um outro post aqui no blog. Acho que pode, no entanto, ser um tema com “bastante substrato” e com direito a ser post de corpo inteiro. Atente-se, então, nas críticas do Osborne Vintage 2003 abaixo transcritos:

"Um nariz com nuances de tinta-da-china, cereja preta, pouco casado, ainda com apontamentos alcoólicos. Na boca está carregado de taninos, meio seco na textura mas forrado de fruto muito doce, também ainda por casar, termina carnudo." (91 pontos, João Afonso, Anuário de Vinhos 2006)

"Muito vegetal no aroma, notas de casca de árvore, aliada a ligeira nota floral, sem evidência de fruta. Bem estruturado na boca, cheio, todo muito redondo, com muita classe, é um vintage de grande nível." (18 valores, Revista de Vinhos, Guia de Compras dos Vinhos Portugueses)

"Prova de 2005.O vinho está ainda um pouco cru, com a aguardente ainda pouco casada com o vinho. Dá ideia que é daqueles casos em que, mesmo querendo bebê-lo novo, será melhor esperar algum tempo. Bem na boca, taninoso e bom corpo, é um vinho que poderá vir a compor-se em cave." (6 pontos, João Paulo Martins, Vinhos de Portugal 2006)

"A fruity young Port with medium sweetness and firm and silky tannins. Not a big wine but nicely balanced. Appears to be a early maturer." (85-88 pontos, James Suckling, Wine Spectator Online)

Ora bem, face a isto, não sei o que dizer. Segundo o JA o vinho “está forrado de fruto doce”, o qual é contrariado pela RV (do qual faz parte do painel de provadores) que escreve “sem evidência de fruta”. A WS corrobora o primeiro “A fruity young Port”. O JPM por ventura mais cauteloso opta por não referir se é mais vegetal ou mais frutado. Depois as contradições continuam referindo-se uns como um vintage cru, ainda pouco casado (aqui estão de acordo os provadores JA e JPM) e a RV a afirmar que não, que está “Bem estruturado na boca, cheio, todo muito redondo, com muita classe”. A WS alinha num meio tom e escreve que não é um grande vinho mas está bem balanceado.

As perguntas que se impõem são: “Será que provaram todos o mesmo vinho? Será que as amostras enviadas pelo produtor variaram conforme o destinatário? Será é normal uma tal disparidade de prova de um vintage novo?” – isto para não insinuar nada de mais grave, claro.

Eu que não tenho livros na praça e que não recebo para escrever em revistas da especialidade deixo aqui a minha opinião:

"Fruta nem vê-la. Vegetal, vegetal. De corpo médio (principalmente se comparado com outros vintages de 2003 – um ano de vintages maduros e gordos). Taninos bem presentes. Cru. A notar-se ainda a aguardente. Não beber agora. No futuro não sei que não sou adivinho."
(rui: )



p.s. Fica prometida uma discussão (acesa, com certeza) sobre as diferentes classificações utilizadas pelos críticos da nossa praça.

10 comentário(s):

Paulo Pacheco disse...

Nem parece uma critica de João Afonso, que costuma ser muito mais "terra".
Será que alguem escreveu por ele?

rui disse...

Um copo virtual de Noval Nacional 1963 de boas vindas! Sim, pq nós aqui no nosso blog só servimos virtualmente do melhor aos nossos leitores.

teste disse...

Caro Paulo,

seja bem vindo a este espaço de discussão.

Aproveito para dar os parabéns pelo nascimento da sua filha, apenas lamento que, segundo me chegou aos ouvidos, seja parecida com o tio. LOL. Obviamente estou a brincar.

Um abraço.

Paulo Pacheco disse...

LOL

Obrigado obrigado

um grande txim txim para todos.

Um dia desafio-vos a todos para um ...
prost!!!

Anónimo disse...

Meus amigos,

A escolha de um vinho é como escolher uma mulher.

Gostos não se discutem. Basta compararmos o que escrevem os nossos enólogos mais conhecidos. Raramente estão de acordo.

teste disse...

Caro Voxx, seja muito bem vindo a este espaço de discussão. Espero que goste deste Vale Meão Vintage 2000 Virtual que temos para o receber.

Quanto à questão da opinão dos jornalistas, devo dizer que temos de distinguir o que são gostos do que é a análise técnica do vinho, dizer que o vinho tem fruta não é uma questão de gosto, ela está lá ou não está, é puramente técnico, outra coisa seria dizer que se gosta ou não se gosta da fruta que o vinho tem. A comparação que o rui faz é precisamente nesse sentido, tecnicamente fazem análises diferentes.

Anónimo disse...

Desculpem. Talvez não me tenha feito entender, não falo das questões organoléticas do vinho, mas sim da sua classificação e é neste aspecto que reafirmo que a mesma está muito dependente do gosto de cada um e por isso(salve seja a comparação)digo que um vinho é como uma mulher, há gostos para tudo.

Nuno disse...

Com a vantagem da poligamia ser bem aceite no que respeita aos vinhos. Aliás, gostar de vários tipos e estilos até é considerado uma virtude...

Anónimo disse...

É preciso perceber que um Vintage é dos vinhos mais dificeis de se provar enquanto novos, diria no caso bébés. E da sua própria natureza ser inconstante nesta altura. Depois, os autores dos guias citados provaram-no em Junho /Julho, possivelmente ainda amostras de casco, enquanto que a prova da RV foi Setembro /Outubro, já engarrafada. No caso do vosso jantar, a garrafa foi previamente decantada? Repousou no mínimo umas horas antes de ser provada? Ou andou no carro aos trambolhões mesmo antes de ser servida? Já vêem que muita coisa pode influir em provas de vinhos destes.
JG

Anónimo disse...

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