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sexta-feira, agosto 18, 2006

LBV’s: filtrados vs. não filtrados

Uma das coisa que mais me irrita no mercado do vinho do Porto é a falta de informação sobre o filtragem ou não de um LBV. Os leitores mais informados com certeza saberão que existem LBV’s nas duas versões: filtrado e não filtrado. Para os menos informados, não só esta informação é nova como neste momento se devem perguntar: “o que é isso da filtragem de um vinho do Porto?”

Existem LBV’s que são filtrados antes do engarrafamento de modo a não apresentarem depósito na garrafa, enquanto no chamado “método tradicional" o vinho não é filtrado, ficando assim mais parecido com um Vintage e com alguma capacidade de envelhecimento. O problema é que nenhuma marca (que eu conheça) assume de peito aberto este processo de filtragem no rótulo. Existem algumas, como por exemplo a Noval, que até fazem no mesmo ano as duas versões (dizem-me que a não filtrada tem sempre a designação “unfiltered” no rótulo). Este tipo de falta de informação (principalmente nestes casos de bi-versão) é propositado de maneira a enganar o consumidor. Ninguém quer assumir no rótulo que o seu vinho é “rapado”. Fica feio.

No meio da comunidade enófila sabe-se que certas marcas são assumidamente filtradas, casos da Taylor’s, Graham’s, Dow’s, Fonseca e que existem outras também assumidamente tradicionais, casos da Warre’s e a maior parte das pequenas quintas/produtoras do Douro. No entanto, mesmo os não filtrados na sua maioria têm “pudor” em escrever em letras bem gordas no rótulo “UNFILTERED”. Porquê? Será um acordo tácito entre todos de modo a que o consumidor “normal” não saiba que existem LBV’s de estilos completamente diferentes? Sim, porque eles são completamente diferentes (se quiserem comprovar: comparem um Dow’s com um Warre’s, que até são vinhos do mesmo grupo - Symington).

Esta minha irritação, sucede após a uma última compra de três LBV’s. Infelizmente só um deles é não filtrado e eu na altura não sabia. Digo infelizmente, porque geralmente não gosto do estilo filtrado: muito doces e fáceis. E digo na altura, porque assim que retirei o invólucro que cobre a tampa, logo percebi que não era preciso o saca-rolhas que tinha retirado da gaveta. Os LBV’s filtrados como não têm capacidade de envelhecimento não precisam da normal rolha de cortiça, utilizam antes as mesmas tampas de um vinho do Porto do tipo tawny. Ou seja, se não quiserem comprar gato por lebre, aconselho a reparar na zona da tampa da garrafa se não existe aquele rendilhar típico daquelas tampas de plástico às quais colam um ligeiro aglomerado de cortiça. Não tenham vergonha e mesmo que estejam dentro de embalagens de papel/madeira (até era o caso destas últimas três que comprei), retirem as garrafas e raspem com a unha na ponta do gargalo. À falta de informação escrita, este é o melhor método para detectar os diferentes “estilos”.

Perguntam-me: “então e se eu não quiser estragar as unhas?”. Bom, nesse caso, eu atirei-me aos vários guias de vinhos e juntando ao pouco que sei o que li, tentei categorizar as mais importantes marcas no mercado. Algumas das minhas assunções podem estar erradas (nem sempre é claro nos textos qual o tipo de LBV) e portanto agradecia a ajuda de todos elaboração desta lista (de maneira a poder escrever: revista e aumentada). A seguir ao nome da marca, apresento o ano de colheita mais recente no mercado.


Filtrados

Cálem (00), Cockburn’s, Croft (99), Dow’s (98), Fonseca (00), Graham’s (00), Romariz, Taylor’s (00)

Não Filtrados

Borges (00), Churchill’s (00), Dalva (01), Ferreira (00), Offley (00), Osborne (00), Poças (00), Qt. Castelinho, Qt. Crasto (1999), Qt. Infantado (01), Qt. de la Rosa (99), Qt. Seara D’Ordens (97), Ramos Pinto (00), Sandeman (00), Vista Alegre (00), Warre’s (95) - "bottle matured", Krohn (01)

Não consegui depreender da leitura dos vários guias

Barros (00), Kopke, Niepoort (00), Royal Oporto (00)

Cuidado

Burmester (01) – o que comprei é filtrado mas penso que o 2000 não era filtrado; Qt. Noval (00) – fazem no mesmo ano as duas versões, os que não tem designação de unfiltered são filtrados, nos guias de vinhos só vêm classificadas as versões unfiltered;Rozès (97) - os rótulos são diferentes.



P.S. Passada a indisposição inicial, como prometido, alterei o título do post.



3 comentário(s):

Paulo Pacheco disse...

espero que mudes o titulo asap. até me assustei :)

brincadeira á parte, acho que o LBV é o tipo de vinho que na ultima decada mais contribuiu para o "bom" consumo de vinho do Porto!
não?

Paulo Pacheco disse...

quando é que "cá" veêm a um dos melhores restaurantes do país?

rui disse...

Paulo,
já alterei o título para uma designação mais funcional e menos passional.

Eu sinceramente não sei os números da épocas pré- LBVs e agora pós-LVBs. Gostava de sabê-los e, mais ainda, gostava de saber se haveria alguma correlação entre o aparecimento dos LBVs e um eventual aumento/decréscimo do consumo do Vinho do Porto de qualidade ou mesmo da noção de qualidade no Vinho do Porto por parte dos consumidores.

Eu já tenho apanhado muito bons LBVs, maus LBVs e LBVs que não são o meu estilo. Ultimamente, ando desanimado.


Um abraço,
RC

p.s. não temos “disponibilidade” (tempo e euros) para ir a todo lado.:)

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