Blue Wine - Top 2006
Depois de no mês anterior, devido a atraso enorme na publicação, ter dado origem a enorme especulação sobre a continuidade do projecto Blue Wine, neste mês, o atraso manteve-se, acabando a espera por dar à luz uma revista bimensal englobando os meses de Novembro e Dezembro. Esta inconstância levará com certeza os leitores a perguntar-se e a ter dúvidas na decisão de assinar a revista. Não poderão levar a mal a pessoa duvidar que o preço de assinatura anual (45€) englobe realmente as 12 edições, como referido no anuncio em página interior da revista. Confiança, é o predicado maior numa relação cliente/fornecedor. Quando não há ...
Nesta edição “especial” é chegado ao fim o ranking dos 100 melhores vinhos portugueses provados em 2006 (desde Maio). Apresento em seguida os vinhos com nota igual ou superior a 18 valores (no total de 21):
19 – Kopke Vintage 2003 (Porto)
18,5 – Barca Velha 1999 (Douro)
18,5 – Carrocel 2003 (Dão)
18,5 – Dow’s Vintage 2003 (Porto)
18,5 – Fonseca Vintage 2003 (Porto)
18,5 – Taylor’s Vintage 2003 (Porto)
18,5 – Vista Alegre Vintage 2003 (Porto)
18 – Cortes de Cima Reserva 2003 (Alentejo)
18 – Dado 2003 (Vinho de Mesa)
18 – Niepoort Vintage 2003 (Porto)
18 – Odisseia 2004 (Douro)
18 – Pintas 2003(Douro)
18 – Pintas Vintage 2003 (Porto)
18 – Poeira 2003 (Douro)
18 – Qt. da Viçosa 2003 (Alentejo)
18 – Qt. de Foz de Arouce – “Vinhas Santa Maria” 2001 (Beiras)
18 – Qt. de Roriz Reserva 2003 (Douro)
18 – Qt. Monte d’Oiro Reserva 2003 (Estremadura)
18 – Qt. Vale D. Maria 2003 (Douro)
18 – Qt. do Crasto “Vinha da Ponte” 2003 (Douro)
18 – Qt. do Crasto “Vinha Maria Teresa” 2003 (Douro)
Alguns factos curiosos sobre esta “elite”:
- Destes 21 vinhos, 7 são Vintages, 8 do Douro, 2 do Alentejo, 1 do Dão, 1 da Estremadura, 1 das Beiras e 1 é vinho de mesa por ser mistura de uvas do Dão e do Douro (Dado);
- O 1º classificado é um Vintage de 2003 (Kopke)
- Não existe nenhum branco;
Outros factos curiosos sobre o total do “ranking”:
- Devido a classificações em “ex-aequeo”, a lista apresenta 110 vinhos;
- Nota máxima é 19 valores e a mínima 16,5;
- Destes 110 vinhos, 78 são Tintos (71%), 18 são Vintages (16%) e 14 são Brancos (13%);
- Dos tintos, 38 são do Douro (49%), 13 do Alentejo, 11 do Dão, 5 da Estremadura, 5 das Beiras, 4 da Bairrada e 1 do Ribatejo;
- Dos Brancos, 7 são do Douro (50%), 3 do Alentejo, 2 da Estremadura, 1 das Beiras e 1 de Trás-os-Montes (Bons Ares);
- Os 1ºs vinhos da Bairrada são o Calda Bordaleza 2004 e o Encontro 1 2003 com 17,5 valores;
- O 1º e único vinho do Ribatejo é o Tributo 2004 com 17,5 valores;
- O 1º Branco é o Guru 2004 do Douro com 17,5 valores;
- Não existe um único vinho da região das Terras do Sado/Setúbal. Ou seja, não foi provado um vinho desta região cuja nota chegasse pelo menos aos 16,5 valores;
- Não existe listado um único vinho Espumante, da Madeira ou Moscatel.
Depois de apresentados os números é necessário retirar conclusões. Mas antes de apresentarmos conclusões, é preciso validar a amostra ou universo utilizado. Todos temos que nos colocar esta questão: serve este restrito ranking e o resto dos vinhos provados pela BW para se tirar conclusões sobre o panorama vinícola português? Se a sua resposta for não, então apenas considere os números apresentados como um mero exercício estatístico. Se a sua resposta for sim, então pode-se concluir que:
- Não existem generosos de qualidade excepto o Vinho do Porto, e neste reina o “tipo” Vintage;
- Confirma-se que Portugal é um país de Tintos pois os Brancos de qualidade são em percentagem quase insignificante;
- Confirma-se que o Douro é região que “está a dar”. Constitui 50% dos tintos e brancos listados, sendo a 2ª posição disputada pelo Alentejo e o Dão.
- No Ribatejo, alguém deve-se ter enganado para haver um vinho no ranking e os produtores da região de Setúbal têm que se esforçar mais para apresentar um vinho dentro dos 100 melhores do ano.
Cabe ao leitor responder à questão e escolher aquela que considerar mais correcta.
17 comentário(s):
Penso que a escolha reflecte o panorama actual do gosto dos portugueses. Por isso o Douro ser o que está a dar,os tintos. Os tintos do douro são vinhos gordos e golosos que se tornam muito atraentes mesmo para pessoas que tenham começado a beber recentemente. Depois é possivel encontrar neles algumas diferenças, mesmo para os iniciados, o que não acontece nos vinhos das outras regiões que são todos muito iguais para os tais principiantes.
Brancos? por um lado é preciso não esquecer que ainda está na me´moria colectiva nacional que vinho é o tinto. Por outro lado penso que ainda não foi realizado pelos enólogos o mesmo trabalho de apuro da qualidade que foi feito aos tintos. É preciso tempo. Porto só Vintage, porque penso que os tawnyes ou rubys que chegam ao mercado são na generalidade tão fraquinhos que não resta outra escolha que beber menos mas com alguma garantia. Espumantes são ainda vinhos de dias de festa. Os outros quem os conhece? Não me recorda, e já bebo há muitos anos, de ver publicidade a um madeira. Tenho pena porque gosto e muito?
Excelente este comentário de ajs. Gostemos ou não, essas percentagens apresentadas não andarão muito desfazadas das preferências dos portugueses.
Caro AJS,
Vestindo o papel de advogado do Diabo, não achas estranho que não haja,nestes 110, um único vinho das Terras do Sado/Setúbal? Um 16,5 não me parece assim tão difícil de encontrar. Ou um tawny ou moscatel de idade?
Um abraço,
RC
Muchas gracias por la información y los comentarios, Rui, muy útiles para quien, como yo,quiere aprender más y más de los vinos portugueses.
Un saludo cordial!
Joan
Caro Joan,
Pedia-te que fosses ao post em cima fazer o teu pedido ao Pai Natal, mas apenas de vinhos espanhóis, que é para nós percebermos quais são os sonhos de um enófilo espanhol. E como convidado estrangeiro, já dei uma palavrinha ao Pai Natal, tens direito a 10 pedidos.
Obrigado,
RC
Caro Rui
Eu estava só a "justificar" a escolha da revista referida. Não que tenha qualquer participação na mesma, julgo é que as revista de vinhos reflectem muito, o que no meu entender é uma pena, o gosto do mercado (será que tem alguma ligação com a publicidade paga por parte das empresa? espero que não) Naturalmente que podemos encontrar com alguma facilidade vinhos de outro tipo com mais do que 16,5 ( garrafeira TE ou RA, Boal 80 e alguns tawnies velhos) mas também me parece que com muito mais dificuldade do que os douros, essencialmente os tintos. Não esquecer que nos ultimos dois três anos apareceram no mercado muitos vinhos com qualidade acima da média do que era hábito e com preços acessiveis. Não estou a falar de Pintas, Poeira, Batuta, Maria Teresa. Estou a falar de Sirga, Passadouro, Aciprestes, Evel, entre muitos outros.
Um comentário que me parece que está a passar desapercebido: o enorme atraso da publicação desta revista. A de Outubro saiu a meados de Novembro. A de Novembro (que juntaram a de Dezembro) saíu a meados de Dezembro. Acho a questão relevante pois o calendário de eventos acaba por ser irrelevante. cumprimentos
O atraso da edição de Outubro foi justificado pelos meandros do vinho com problemas com a gráfica, estranho quando estamos a falar de uma editora com o prestígio da Blue (não obtive justificação oficial, porque o Editor não me respondeu ao e-mail em que o questionava acerca da data de saída da revista para as bancas), mas nada que não possa acontecer.
Agora, 2 edições seguidas parece-me muito pouco provável, ainda mais quando a solução foi lançar 2 em 1 prescindindo assim dos rendimentos que uma edição supostamente gera (ou se calhar não e daí quantas menos melhor). Vamos ver qual o futuro, para já parecem-me demasiados problemas para tão pouco tempo de existência. Espero, no entanto, que a revista continue e que seja um sucesso porque nada melhor do que a boa concorrência para estimular o mercado, mas a fraca concorrência… já não sei se será benéfica.
RR
Caro AJS,
Eu lancei o debate sobre a validade do universo provado porque, se calhar, sou dos poucos que compraram todas as edições publicadas. E garanto que a quantidade de vinhos provados por região não foi proporcional à produção de cada. Ou seja, houve regiões (Alentejo, Setúbal, Ribatejo) e “tipos” de vinhos (Madeira, Moscatel, Porto sem ser Vintage de 2003) com muito poucas provas. Q quando eram provados vinhsod essas regiões não foram os “topos” enquanto no número 1 da revista, a BW provou quase todas as estrelas do Douro e Vintage de 2003. Só nesse número deve ter feito metade do ranking.
Pergunta: Se tivessem provado mais vinhos de outras regiões o ranking seria diferente? Resposta: Com certeza, que sim.
Pergunta: Se tivessem provado mais vinhos de outras regiões o ranking teria uma distribuição em temos de regiões diferente?
Resposta: Não sabemos. Aqui, pode-se dar o caso dos críticos da revista darem notas inferiores a 16,5 a todos esses vinhos (mesmo os considerados de “topo” noutras publicações). Isso não discuto. Mas como nem os chegaram a provar...
Se fizermos um ranking dos melhores vinhos da concorrente RV, provavelmente teremos a mesma distribuição (maior preponderância do Douro e Vintage novos, se calhar com o Alentejo mais forte do que na BW e poucos brancos à mesma), mas temos a sensação de que foram provados quase todos os vinhos nacionais. Não nos garantem uma maior isenção na atribuição de classificações mas pelo menos não peca por defeito no número de vinhos do universo testado.
Espicaçando a audiência, proponho que a BW acrescente um * (asterisco) a seguir à frase “100 Melhores Vinhos Portugueses” e que remeta para a explicação: <<* O limitado universo considerado foram os vinhos que conseguimos provar por boa vontade dos produtores que nos enviaram amostras. Não garantimos a representação proporcional, necessária e suficiente para se formarem qualquer tipo de conclusões válidas.>>
Um abraço,
RC
p.s. havemos de fazer um ranking tb aqui no blog. Mas irá chamar-se qq coisa como: “Os vinhos a que conseguimos jogar a mão e que mais prazer nos deram beber no ano de 2006”
Caro anónimo,
Tem toda a razão. Eu comecei o meu post por referir exactamente esse inexplicável atraso. Não estamos a falar de um grupo de amigos que decidiu montar um jornal de rua, com as notícias do bairro, pedindo emprestada a tipografia que a garagem do vizinho utiliza para fazer calendários. Estamos a falar de um grupo que tem várias publicações na praça.
Aliás é caso típico da expressão futebolística: “ Não se pode elogiar, que logo a seguir faz asneira”. No post que fiz sobre o primeiro número da revista elogiei o facto de ter resolvido um problema de que sempre padeceu a Revista dos Vinhos (sair por volta do dia 20 a revista desse mesmo mês). A primeira edição da BW, de Maio, saiu a 23/24 de Abril, enquanto no dia 20 de Abril tinha saído a edição de Abril da RV. Até pode ser apenas uma questão de designação mas para a cabeça do consumidor faz mais sentido. Então e se, além disso, o conteúdo (novidades, eventos, etc) bater certo com o timing de lançamento da revista, temos “ouro sobre azul”. Perfeito, não mexe mais. O problema é que a partir dessa edição o atraso foi-se agravando até que mesmo a “tartaruga” da RV, mais certinha, conseguiu ultrapassar a inconstante “lebre”.
A ver vamos o que nos reserva o futuro.
Um abraço,
RC
Querido Rui, los sueños de un enófilo español, como en todas partes, están condicionados por el dinero, pero en el blog de ETB (www.estintobasico.com) hemos escrito, algunos de sus miembros, unas pocas recomendaciones navideñas, no sólo de vinos, también productos alimenticios, restaurantes, etc. Pero en mi blog personal, creo que es una buena idea poner "mi carta" a Pai Natal.
Lo pensaré e intentaré escribirlo bien pronto.
Un abrazo,
Joan
Caro Joan,
Não penses no dinheiro. Basta ler (nos comentários do post em cima) os desejos do pessoal para perceber que o nosso Pai Natal é extremamente rico. :)
Um abraço,
RC
Para não falar dos tintos da Estremadura que também são pouco falados (tirando o Pancas Premium).
Abraços e bom Natal,
N.
Boas Noites,
Desculpem a invasão, já que o meu primeiro post neste blogge é para fazer uma pergunta e ainda por cima sobre um viño de nuestros hermanos.
Caro Joan recebi um regalo de um fornecedor meu, uma caixa com 3 garrafas de Viña Ardanza Reserva 1999, que opinão tens sobre este viño? Gracias
P.S. eu sei que devia experimentar o vinho e opinar sobre o mesmo, mas como ainda estou a iniciar-me nestas andanças gosto de ouvir ou ler primeiro antes de provar os vinhos. Ainda estou na fase de educar a lingua e a memória para identificar os diversos gostos... tenham alguma paciência.
Abraço,
Fernando
Caro Fernando,
bem vindo ao nosso blog. És capaz de não obter resposta do Joan pois este post já um pouco antigo. O melhor é colocares essa mesma questão no blog do Joan (De Vinis Cibisqve), para o qual encontras um link aqui no nosso blog. Ele é muito acessivel e responde-te rapidamente.
Um abraço,
RC
Gracias, vou fazer como sugeres.
Gracias, vou fazer como sugeres.
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