Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (Estremadura + Ribatejo)
Só recentemente ouvi falar neste projecto de criação de uma nova CVR da Região de Lisboa que englobaria as actuais regiões do Ribatejo e da Estremadura. Segundo ouvi dizer tal deve-se às pressões de diversos produtores de nomeada destas duas regiões que vêem os seus vinhos constantemente relegados para segundo plano devido à fama de maus vinhos que estas regiões continuam a ter. A ideia seria que o nome de Lisboa pudesse de alguma forma catapultar estas regiões para um nível mais condizente com a actual qualidade dos seus vinhos, isto a nível nacional e internacional (o nome de Lisboa aparece muito bem cotado em termos turísticos a nível internacional).
Como de costume, e como vem referido na Revista de Vinhos de Dezembro, este projecto aparentemente não vai em frente, e porquê? Porque as duas regiões não se entenderam quanto a questões operacionais, localização da sede, liderança da região, e outros aspectos muito relacionados com a tão portuguesa mania de que só vale a pena trabalhar em conjunto se "eu" puder ficar com o lugar de destaque.
Confesso que me parecia um projecto com pernas para andar e com potencial para poder levar mais longe os vinhos de duas regiões que, apesar de ainda não serem de topo (longe disso), já apresentam uma qualidade interessante no panorama nacional e que já estão bastante longe do vinho carrascão que sempre apresentaram até há uns anos atrás.
Vamos ver como se desenrola esta questão.
7 comentário(s):
Caros, pelo que li além destas duas regiões a denominação Lisboa albergaria também as DOC de Bucelas e Colares pelo menos.
Confesso que não tenho opinião formada sobre esta mega região, porque por um lado o nome Lisboa podia ajudar mas por outro não me parece que esteja suficientemente ligada aos vinhos para ser representativa. Agora que de facto os vinhos da Estremadura e Ribatejo tem vindo a melhorar isso é um facto incontornável.
Boas provas!
Caro Chapim,
As CVRs e as DOCs são estruturas diferentes, uma vez que as CVRs entre outras coisas gerem as DOCs das suas regiões. Eis as listagens das DOCs que seriam abrangidas por esta alteração:
CVR Estremadura:
DOC Alcobaça
DOC Alenquer
DOC Arruda
DOC Bucelas
DOC Carcavelos
DOC Colares
DOC Encostas de Aire
DOC Lourinhã
DOC Óbidos
DOC Torres Vedras
CVR Ribatejo:
DOC Ribatejo
Boas Provas,
RR
Caro Ricardo,
obrigado pelo esclarecimento.
De facto andava uma confusão na minha cabeça sobre estes assuntos.
Sempre a aprender.
Boas provas!
Caros,
nem de propósito. Acabei de ler uma noticia que a ideia de concentração não se cinge apenas ao Centro mas a ideia é tb juntar as Beiras (Dão, Bairrada e Beiras).
Ver noticia aqui:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=312459
É sempre difícil mexer com o status quo. É difícil as pessoas largarem os seus pequenos poderes.
Caro Chapim, não és único confuso. Acredito que a maioria dos consumidores não conheça o sistema de organização do Portugal vinhateiro. Regiões, DOCs e IPRs (sim, ainda existem estes "caudilhos" teóricos que ninguém usa na prática).
Acho que profusão de denominações e proveniências pretende manter viva na cabeça de uns quantos a ideia da diversidade geográfica/organoléptica (o famoso "terroir") dos vinhos portugueses quando na prática a maioria caminha toda na mesma direcção e para o mesmo estilo de vinhos.
Deve ser certamente muito diferente, e claramente perceptível na prova de boca, um DOC Alenquer de, por exemplo, um DOC Arruda ou mesmo de um DOC Ribatejo, quando utilizam as mesmas castas, as mesmas técnicas de vinificação e o mesmo enólogo.
Aqueles que fazem diferente ou que se mantém fieis a um estilo ou tradição, e fazem-no bem, não o fazem porque a regulamentação da DOC ou IPR impõe determinadas castas, técnicas e afins. Fazem-no porque acreditam e porque querem. Fazem-no por paixão. Só assim é que se consegue fazer bem e não por imposição.
Um abraço,
RC
É claro, à boa maneira portuguesa os meus interesses estão sempre acima do colectivo. Ninguém quer largar o seu pequeno feudo onde é rei e senhor. Por essas e outras que países como a Letónia, a Bulgária, a Roménia e até o Chipre ameaçam ultrapassar-nos a toda a velocidade. Enquanto a inveja e a mesquinhez forem a imagem de marca do tuga, nunca mais vamos a lado nenhum.
Os Douro Boys são uma das poucas honrosas excepções. Alguém sabe quem manda lá? Alguém alguma vez soube de alguma discussão por questões de liderança? Deve ser o que menos os preocupa.
Este projecto não andou, principalmente devido à questão da liderança
Caro Pumadas,
bem vindas ao nosso blog. Nós temos andado distraídos (culpa do excesso de trabalho) e acho que já não é a primeira vez que aparece malta nova aqui a comentar e ainda por cima malta que tb tem o seu blog sobre vinhos. Por isso, um bem-vindo (atrasado) ao meio.
Um abraço,
RC
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