Provas Vinho 2008/3T - Descrições RC
No post anterior foram publicadas tabelas com as notas de prova (rolhas) dos vinhos bebidos por cada um dos membros deste blog no período referido no título. Como sou o mais desavergonhado, apresento, para os leitores mais curiosos, as descrições das provas efectuadas. Como é óbvio, a introdução feita no post anterior referido é valida para as descrições que se seguem.
O texto abaixo segue o seguinte fluxo: vinho -> rolhas -> descrição de prova.
Alentejo
Adegaborba.pt (Rose) * - 2007 - - - Cor rosa choque. Fácil. Consegue aliar ao doce dos frutos vermelhos um toque de acidez que se bebido bem fresco não o permite cair no enjoativo.
Altas Quintas Crescendo - 2005 - 3 - Para Alentejano, a cor é anormalmente pouco carregada. Aroma focado nos frutos vermelhos. A boca segue esta tendência com boa acidez e corpo leve. Um agradável e gastronómico.
D. Maria Reserva - 2004 - 3,5 - Aroma quente, poderoso a frutos pretos maduros. Algumas notas doces da barrica. A boca é cheia. Final guerreiro a projectar o vinho para uma dimensão extra fruta. Sensação final alcoólica que o penaliza.
Pera Manca - 1998 - 3,5 - Cor em tons atijolados. Aroma a mostrar uma certa evolução. Notas de tabaco, madeira exótica e esteva. A boca está equilibrada. Corpo médio, suave, de bom gosto e fácil de gostar. Não é muito o meu estilo mas disso o vinho não tem culpa.
Bairrada
Calda Bordaleza - 2006 - 3,5 - Cor perto do preto. O aroma ligeiramente reduzido. Primeiro impacto não é agradável. Notas quentes de madeira e algumas notas animais. Melhora com arejamento. A boca é portento de frutos pretos e garra. Grande estrutura e boa acidez. Um vinho potente e que precisa de tempo em garrafa ou comida que lhe aguente a pujança. Penalizado pelo aroma.
Termeão Pássaro Vermelho - 2006 - 4 - Aroma penetrante. Fruta madura envolta num frescor dado pelos balsâmicos. A boca segue na mesma linha. Garra final a mostrar-nos que mais um tempo em garrafa não lhe fará mal. Segue a boas prestações dos seus antecessores.
Dão
Qt. Roques Encruzado (Branco) - 2006 - - - Pouco aromático. Toque fumado da madeira. Um branco com algum corpo. Fruta contida. Pouco falador.
Terra de Tavares (Branco) * - 2005 - - - Mais frutado. Leve tropical. A boca apresenta uma muito forte acidez. Ligeiramente desconjuntado.
Casa de Santar - 2005 - 3 - Aroma frutado. Frutos silvestre maduros e toque adocicado da madeira. A boca mostra-nos um vinho moderno feito para agradar com fruta madura, fácil de gostar. Correcto. Num restaurante é uma boa opção quando se pretende um vinho de agrado generalizado e de preço, ainda assim contido.
Conde de Santar - 2005 - 4,5 - Aroma fresco. Frutos silvestres num registo elegante e equilibrado. Ligeiros balsâmicos. Madeira bem integrada (ou seja, não se dá por ela). A boca mantém o mesmo registo fresco, nada cansativo, apetecível ao contínuo beber. Taninos impecáveis num vinho muito bem feito e que só nos apetece beber muito.
Qt. Falorca Garrafeira - 2003 - 4,5 - Cor impecável. Sem traços perceptíveis da passagem do tempo. Aroma muito agradável e equilibrado. Ainda tem traços de fruta, mas contida, com notas típicas do Dão. Tudo isto num registo complexo e elegante. A boca, apesar da presença ainda de alguns taninos e de acidez elevada, já se apresenta num estado em que se bebe com muito prazer. Com boa complexidade, presença e nada cansativo. Um muito bom vinho. É um dos vinhos do Dão que mais gostei.
Qt. Perdigão Touriga Nacional - 2004 - 4 - Um dos vinhos que mais gosto do Dão e que bebo com alguma frequência. Desta vez o aroma pareceu-me menos frutado que em anteriores provas. No resto mantém-se equilibrado na boca com fruta, boa acidez e corpo.
Terra de Tavares Touriga Nacional * - 2005 - 3 - Notas características de Touriga. Aroma penetrante, ligeiramente (atrevo-me) adocicado. A boca mostra-se mais dura. A fruta está protegida por uns vivos e muito presentes taninos. Forte acidez. Um vinho pouco domado. Feito à moda antiga, e sem facilitismos, por um produtor que não abdica destes princípios.
Vinha.Paz - 2006 - 3,5 - Aroma efusivo. Maduro com notas típicas da Touriga Nacional. A boca mostra-se um pouco gulosa com notas doces mas que a boa acidez não deixa ficar enjoativo. Um vinho de agrado fácil e generalizado.
Douro
Aneto (Branco) - 2007 --- Cor dourada. Notas de madeira fumadas. Fruta tropical madura (alguma geleia). Um vinho gordo, cheio, para pratos mais encorpados e/ou apreciadores de tintos.
Atalaya - 2005 - 3,5 - Aroma moderno. Frutos silvestres com ligeiro toque da madeira. A boca continua nesta tendência moderna. Fruta madura q.b com toque final agradável da barrica ainda com alguma garra. Mais uma nova marca que apesar de bem feito não traz nada de novo nem entusiasma.
Gouvyas - 2005 - 3,5 - Primeiro impacto abaunilhado. Ligeiro toque lácteo. Após arejamento aparecem os frutos silvestres maduros. A boca é impositiva com boa estrutura e acidez a amparar a fruta. Os taninos ainda andam um pouco à solta.
Kolheita - 2001 - 3,5 - Cor vermelho escuro. Aroma maduro com notas alicoradas doces. Na boca, a muita fruta da juventude está a arredondar e neste momento apresenta-se num tom doce, guloso mas um tanto mole. Precisa de refrescamento para não enjoar e compensar um "baixamento" de acidez.
Lavradores de Feitoria Grande Escolha - 2004 - 4 - Aroma profundo a fruta madura. Mostra sinais doces da barrica. A boca é larga, gulosa com boa presença. Está um muito bom vinho mas parece-me mais unidireccional que a versão de 2003.
Maritávora Reserva - 2005 - 4 - Aroma pujante a Douro profundo. Frutos silvestres maduros com notas de esteva. A madeira está bem integrada ao contrário da versão anterior. Mostra-se um vinho de grande estrutura, maduro, profundo com final especiado e largo. Falta-lhe um pouco de elegância para equilibrar a força.
Momentos - 2005 - 3,5 - Aroma frutos silvestres mas fresco. A boca apresenta-se nervosa, com fruta e boa acidez. Um vinho de boa estrutura e corpo mas que é penalizado por uns taninos demasiado rebeldes à solta e final vegetal/alcoólico.
Poças Reserva - 2000 - 3 - Cor ainda carregada. O aroma ainda apresenta notas de fruta mas num fundo ardente a álcool. A boca apresenta-se abrutalhada. O vinho sempre foi bruto e selvagem e o tempo de garrafa não fez nada por ele. Ainda taninoso, será que alguma vez vai sair daqui um vinho cordato? Não me parece ...
Qt. Infantado - 2006 - 3 - Aroma a LBV. Frutos silvestres maduros, violetas e erva-doce. A boca continua madura, doce, com final guerreiro e ardente. Apesar de não ser desagradável, afasta-se do que eu penso que deve ser um vinho de mesa. Este parece mais um vinho do Porto. A rever pois neste momento é necessário refrescamento e prato específico à altura.
Qt. Portal Grande Reserva - 2000 - 3,5 - Cor mostra já sinais de evolução. Primeiros acastanhados. O aroma também já denuncia o passar do tempo. Notas de algum couro. A boca mostra-nos um vinho em fase de transição. Abandonados os traços evidentes da fruta madura, ficam as notas mais complexas. Final prolongado com algum ardor alcoólico.
Qt. Touriga Chã - 2005 - 4 - Curiosamente, ou não, e nesse caso é imagem de marca, o nariz é igual ao 2003 que também aqui já dei conta da prova. Muito fumados da barrica tapam a “uva”. A boca já é outra coisa. Um daqueles raros vinhos que alia força à elegância dada pela frescura que apresenta. Muito boa boca com final gostoso e prolongado. Pena, para o meu gosto, a escolha de barricas.
Redoma - 2004 - 4 - Este vinho trimestre sim, trimestre não, aparece aqui nas minhas provas porque é sempre bom. Um vinho que representa bem o Douro. Aroma a frutos maduros mas ainda assim contido. A boca é de boa estrutura com fruta equilibrada e boa acidez. Final aguerrido.
Sirga - 2004 - 3,5 - Aroma doce já com uva em passa. Perto do Vinho do Porto. A boca é gulosa. Final ardente a álcool. Está a perder rapidamente a juventude da fruta que o caracterizou.
Sirga * - 2005 - 4 - Aroma pouco efusivo mas equilibrado. Frutos silvestres e notas de mato. De corpo médio, a boca apresenta grande equilíbrio. Fruta com boa acidez, de taninos redondos, e final apetitoso. Muito fácil de beber (muito). É muito o meu género.
Ribatejo
Marquesa de Cadaval - 2005 - 3 - Aroma pesado marca o nariz. Algum couro. A precisar de decantação. A boca é mais positiva num conjunto pouco brilhante mas ainda assim equilibrado. Toque amargo final. Muito dificilmente convence o preço pedido.
Terras do Sado
Domingos Damasceno - 2006 - 3 - Esta versão de 2006 aparece-nos em formato ligth. Cor mais ligeira, aroma menos exuberante e corpo mais delicado. Por ventura marcado pelas condicionantes do ano vinícola, o vinho apresenta-se em estilo bastante diferente. Nesta versão são os frutos vermelhos a dominar. Está melhor para beber à refeição mas está menos entusiasmante para quem gosta de vinhos mais exuberantes.
Domingos Damasceno Reserva - 2005 - 3,5 - Fruta bem madura marca o nariz. A boca segue a tónica da força da fruta mas que se distancia da versão normal porque neste caso a fruta é um pouco mais complexa, mais profunda e mais aguerrida. Ainda assim, mostra-se monocórdico e um pouco excessivo. Necessário mais dimensões de análise.
Vinhos Verdes
Castrus de Melgaço Alvarinho (Branco) - 2007 --- Cor citrino. Um alvarinho que passou na madeira e nota-se ao primeiro impacto as notas fumadas. A boca apresenta boa acidez com notas de fruta fresca e bom corpo.
Estrangeiros
Marquês de Riscal Verdejo (Branco) - 2007 --- Cor citrino ligth. Aroma a fruta fresca, citrina, maçãs ácidas. A boca é leve apostando na frescura da acidez. Um pouco curto.
Campo Al Mare (Itália)- 2005 - 3,5 - Aroma de alguma complexidade e fora do normal português. A fruta apresenta-se em segundo plano. Notas de madeira (mas longe das baunilhas) e mato. A boca é contida. Apresenta boa estrutura, equilíbrio, boa acidez e final aguerrido. Gastronómico.
Solera 1847 Oleroso Doce (Xerez) - 2 - Cor acastanhada. No aroma sobressaem os torrados. Os caramelizados fortes. A boca confirma-nos este nariz. Apesar do doce próprio deste tipo de vinho, o que me fica é o excesso de sabor queimado provocado pelo sistema Solera. Algo desequilibrado nesse sentido. Torna-se pesado e quente. Enfim, desagradável. Não gostei.
Generosos
Blandy's Malsay (Madeira) - 5 years - 3 - Cor de caramelo brilhante. Aroma intenso a notas de caramelo, açúcar mascavado e frutos secos. A boca confirma os aromas torrados. O doce próprio deste tipo de vinhos é amparado pela famosa acidez dos Madeira. Ainda assim, neste caso convém refrescar bem.
Qt. Vesúvio Vintage (Porto) - 2005 - 4,5 - Aroma frutos pretos maduros. Violetas, chocolate preto e muito ligeiros anisados. A boca é um pecado. Extremamente gulosa sem cair no enjoativo. Apesar de uma grande estrutura está fácil de beber o que o torna um perigo no copo.
p.s. (*) oferta/amostra de produtores.
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