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segunda-feira, maio 15, 2006

Galeria Gemelli

Dia 11 de Maio de 2006. Jantar. Âmbito: 3º Dão e Douro em Lisboa. Nós os cinco, que fazemos o blog vinhoacopo.blogspot.com, dissemos presente. Viemos a saber mais tarde que fomos os primeiros a reservar mesa. Coisas da internet. O João Roseira colocou um comentário a um nosso post a informar que o site daoedouro.com já estava actualizado, nós consultámos os vinhos em prova nos vários restaurantes e dissemos em uníssono: Galeria Gemelli. Daí a enviar um mail a reservar mesa foi um tiro. E ainda bem que o fizemos. A afluência foi tal que o Chef Augusto Gemelli teve que fazer um outro jantar com os mesmos vinhos no dia anterior.

20:00. Hora de chegada. Restaurante ainda vazio. Meia-dúzia de pessoas no máximo. Nenhum de nós os seis (levámos um amigo) já lá tinha estado. A fama do restaurante é imensa e não sabíamos o que esperar. E se no início a atitude foi mais formal e os cartões ficaram no bolso, rapidamente a noite foi aquecendo e os cartões saltavam-nos do bolso a tal velocidade que receámos não ter cartões para toda a gente.

Os jantares de apresentação de vinhos têm sempre os discursos da praxe por parte dos enólogos ou produtores dos vinhos em prova. Neste houve uma surpresa. Pelo menos para mim. Além destes, e antes do inicio do jantar, o Chef Augusto Gemelli dirigiu-se à sala para explicar a ementa. E ainda bem que o fez, senão vejamos:

Vinha de Goje Branco 2005 – Para quem lê com alguma regularidade este blog sabe que não costumo avaliar brancos e desta vez não vai ser excepção.

Mozzarella em “Carrozza”, Infusão de limão e alcaparras (De uma forma muito redutora: uma fatia de queijo mozzarella panada e frita. O queijo era muito leve no sabor e a infusão, forte de limão, cortou muito bem o frito, tornando a entrada não enjoativa. Muito bom.)


Terra de Tavares Reserva 2003 – O aroma estava muito marcado pela madeira. Baunilhados. Caramelo. Foi algo que o produtor/enólogo presente não concordou de todo. Não fiquei convencido. Na boca apresentava-se ainda muito adstringente com final algo curto e seco.


“Strudel” de choquinhos em caldeirada á italiana, aveludado de batata “Ratte” ao perfume de trufa preta (pequenos rolos de massa (tipo pão) recheados em cama de puré de batata. Não apreciei particularmente. Não consegui perceber onde é que estavam os choquinhos. Alguns de vocês (os que me conhecem ou que já leram anteriores criticas gastronómicas) já conhecem a minha particular aversão a purés em geral e a puré de batata em particular. Acho que foi o prato que menos bem “jogou” com o vinho.


L’Escale d’Oro Reserva 2003 – Um bombom doce de fruta. Quer no aroma quer na boca. Extremamente novo e doce. Concentrado. Algo enjoativo. Para quem já viu a garrafa nas garrafeiras durante estas duas semanas, pode estar descansado que nos garantiram que não é o rótulo final. É que sinceramente, o rótulo actual está com certeza nos 10 piores rótulos de sempre feitos para garrafas.


Aneto 2003 – Para mim o melhor vinho da noite. Gostei muito. Não sei se por comparação com o anterior. Aroma mais complexo, em que não se notava a madeira e apresentava frutos silvestres. Boca envolvente, com excelente acidez. Final persistente a ligeira especiaria.


“Conchiglioni” de massa recheados com cogumelos bravos e espargos, crema soubise e noz moscada (Conchas de massa (tipo alcofas). O elemento de ligação entre os cogumelos e os espargos, e que na prática constituiu o recheio, pareceu-me uma espécie de puré de batata (ou pelo menos da mesma família). O gosto dos espargos até era agradável mas não consigo apreciar a textura do puré. É uma “coisa” minha, eu sei.


Poeira 2004 – Algo fechado (engarrafado há 15 dias). Notava-se alguma madeira. Na boca era fresco e suave. O mais elegante da noite. Final algo curto sem mostrar mais nada de especial relevância. Pelo menos na minha opinião. Na minha mesa, houve quem o achasse o melhor vinho da noite.


Qtd de La Rosa Reserva 2004 – Maceração. O nariz indicava-nos que estávamos perante um vinho forte de sabor. A prova de boca não nos enganou. Fruta madura, persistência e final forte a especiarias potenciado pelo feijão picante do prato que o acompanhou. A melhor ligação vinho/comida da noite.


“Moussaka” de beringela e borrego, gratinada com “scamorza” fumada e puré de feijão preto picante (Parecia um cubo de lasagna (sem as placas de massa) numa cama de puré de feijão. Muito saboroso. O picante (ligeiro) realmente dava-lhe uma outra dimensão. O prato que mais gostei.)


Qtd de La Rosa Vintage 2003 – Ligeiro anis. Erva-doce. Floral. Nada em excesso. Na boca é fresco, envolvente, com a fruta e acidez em boa harmonia. Bebe-se já muito bem e conjugou muito bem com sobremesa. Um único reparo: devia estar ligeiramente mais fresco já que face ao adiantado da noite e ao aquecimento da sala os vinhos saíam da garrafeira a 17º e mal chegavam ao copo deviam subir uns 2 graus.


“Sogno” de frutos vermelho, creme de queijo mascarpone, guloseima de anis estrelado e geleia de cerejas (Uma taça com uma calda de frutos silvestres enfeitada com pequenos “montinhos” de creme de queijo e cuja cereja no topo desta vez foi um pequeno cubo de massa anisada envolta em amêndoa ralada e posteriormente frito. Muito bom, apesar de ser unânime na minha mesa que devia estar ligeiramente mais fresco.)


Finalizada a sobremesa, seguiram-se os cafés e a noite ia animada. Mesmo que se ponham “trancas à boca” não é fácil ficar indiferente a seis vinhos de mesa e um vintage. Alguns dos quais repetidos mais do que uma vez. Já passava da meia-noite quando se iniciou a romaria à máquina do multibanco seguida de uma última visita à porta de saída do restaurante. Adivinhem quem ficou? Exacto, nós os cinco (o nosso amigo também saiu). E não fomos os únicos. Formou-se um grupo final de resistentes. Uns mais voluntários que outros: o Chef Augusto Gemelli, os seus dois colaboradores/escanções de serviço, o João Roseira (organizador do evento), o Marco Moreira da Silva (enófilo por paixão, jornalista da Nectar e fotógrafo da noite) e nós os cinco. Palavra puxa palavra e quando saímos do restaurante já todos nos queixamos que tínhamos que ir dormir à pressa e mesmo assim ainda nos ficavam a faltar horas de sono. Coisas do vinho!

Já mais de uma pessoa me disse que nas críticas que faço só digo mal. Quando retorqui ao meu próprio irmão que não era verdade e tentei-lhe lembrar que já tinha dito bem disto e daquilo, ele sentenciou correctamente: não se lembra do que eu tenho dito bem porque eu não perco tempo (escrita) com isso. Como passo mais tempo a explicar as razões porque digo mal, são estas as palavras que ficam nas mentes das pessoas. Como não quero correr o risco que isso aconteça neste post, as minhas próximas palavras vou escreve-las a bold:

Excelente jantar. O serviço foi impecável e a forma como fomos tratados durante todo o jantar foi formidável (e ainda não sabiam que tínhamos este poder da “crítica”). Um forte aplauso para o Chef e para o esforço feito para conjugar comida e vinhos (alguns dos quais difíceis). Do ponto de vista gastronómico, não posso dizer que foi a minha melhor experiência, já que tenho “aquele” problema com purés, mas do ponto de vista enófilo foi formidável. Os bons vinhos bebidos em boa companhia. O salutar convívio entre amigos de sempre e novos conhecidos. É tudo isto que torna a experiência de beber vinhos um prazer dos diabos!

6 comentário(s):

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Caro Rui

Mais uma excelente critica. Identifico-me bastante com as suas criticas, embora não concorde consigo no que dis respeito a "purés".

Também achei o Rotulo (e o nome) do tal L'Escale d'Oro uma coisa incomcebivel. Ainda bem que não é para manter.

Um abraço e parabens pela crónica.

MasterPeace Dude disse...

Amigos, agradeço-Vos mais uma vez a oportunidade sublime de vos acompanhar neste magnífico Jantar!

Adorei!

Em relação à crítica de vinhos, enquanto humilde aprendiz-de-aprendiz a provador de vinhos, estou com o Rui: a escolher, dos últimos 3, escolheria o Aneto 2003.

Em relação à gastronomia, fiquei maravilhado com as combinações conseguidas com os vinhos e com a mestria do Chef Gemelli. A "Moussaka" estava, de facto, divinal!

Aqui vos deixo o meu agradecimento público:
http://masterpeaces.blogspot.com/2006/05/o-vinho-um-ser-vivo.html

rui disse...

Caro JTMB,

As minhas críticas revelam os meus gostos enquanto consumidor. Apenas isso! As apreciações que faço da comida e as rolhas que dou aos vinhos (tal como os meus colegas), devem ser entendidas neste contexto já que nenhum de nós possui formação específica para avaliar aspectos mais técnicos.

Tenho as minhas limitações e admito-as sem qq problema. Como raramente bebo brancos (pq não aprecio – tenho esse direito) não me sinto à vontade para fazer grandes apreciações sobre os mesmos (era errado da minha parte, achar que sou “especialista” em todo o tipo de vinhos). Os purés são mesmo um problema de infância e não há nada a fazer. Fica avisado que se um dia passar no York House para uma prova de vinhos, por favor não sirva purés. :)

Um abraço,
RC

rui disse...

Masterpeace Dude,

Ainda bem que gostaste. Para quem se está a iniciar nestas andanças, começar pelo topo não é o mais aconselhável porque agora é difícil de superar. É como ganhar o prémio Pulitzer logo com o primeiro livro. :)

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Sugiro o restaurante Isaura, em Lisboa, com uma garrafeira impressionante, se lhe apetecer visitar.

Discordo na questão dos "purés". Não conte ao Gemelli. ;)

Anónimo disse...

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