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sexta-feira, junho 23, 2006

Os Vinhos Portugueses em Bruxelas

E após 4 noites, por fim dormi!

Para além da aversão a purés já aqui testemunhada, a dificuldade em adormecer e o não conseguir dormir mais do que 3 ou 4 horas aquando de estadias fora de casa constituem outra das minhas “particularidades”. É famosa (pelo menos entre amigos) a relação especial com uma certa garrafa de Famous Grouse durante as noites passadas no decorrer de uma viagem ao triângulo Amesterdão-Londres-Paris-Amesterdão. Melhor que leitinho quente!

Bruxelas, o destino. Aniversário de uma amiga, o objectivo. Cidade pequena e concentrada sobre o seu centro histórico. Passados 30 minutos após descer na estação central e enquanto esperávamos pela nossa anfitriã, eu e um amigo encontrámos o “Bifanas” (restaurante nas ruelas do centro). Devemos ter sido subliminarmente atraídos pelo cheiro. Mais umas 2 horas e já conhecíamos o centro como a palma das nossas mãos e eu já tinha visitado 3 ou 4 garrafeiras. Quase sempre, só vinho francês. Numa descobri um Ramos Pinto Qt. Ervamoira 10 anos (25€). Nas restantes, vinho português não existia. Numa garrafeira particularmente dedicada a vinhos de todo mundo constatei que Portugal não é deste mundo. Nem Mateus havia. Comprei um italiano: CALEO Salento Primitivo 2004.

Gosto sempre de visitar os supermercados dos países que visito. Aqueles que os têm, como é evidente. Descobrir produtos, comparar preços e avaliar a secção de bebidas alcoólicas. O supermercado Delhaize, o Pingo Doce lá do sítio, apresenta um conjunto grande e inesperado de vinhos. A grande maioria franceses. Era a semana dedicada a Portugal e por isso os vinhos portugueses estavam em destaque e em promoção. A Casa Santos Lima aparecia “bem” representada com a marca Qt. dos Bons Ventos. Tinto, Branco e Rose. A DFJ com a marca Segada (Tinto e Branco), Alabastro, Qt. Maias, e Serras de Azeitão eram as marcas mais conhecidas num conjunto de vinhos que não ultrapassava os 10 euros por garrafa. Longe disso. Os preços belgas apresentavam-se semelhantes aos portugueses. No vinho do Porto, a Rozès (Vintage 1997 e LBV 1997), Granham’s (LBV 1997 e Crusted) e Warre’s Otimas 10 anos eram os nossos principais representantes. Comprei o Graham’s Crusted Bottled 2000 (13€).

Os Belgas têm, como pratos nacionais, batatas fritas e uns mexilhões acompanhados com as respectivas batatas. Como é que se pode respeitar um povo que em centenas de anos de evolução gastronómica apenas conseguiu dominar a arte da fritura da batata. Assim, optámos, na noite de sexta feira, por jantar num restaurante italiano da moda para gente de espírito jovem. Pedida a lista de vinhos, aparece no topo da secção de vinhos do mundo um português: D.F.J. 2003. O mais barato. Sem mais informações. Já os outros vinhos eram acompanhados do respectivo produtor e marca. Como fui o único a beber, pedi um copo de vinho tinto italiano. Quente e servido em copo de meia lua, senti-me em “casa”. A restauração Belga andou na mesma escola que a restauração Portuguesa.

Portugal. Espanha. Suécia. Turquia. Lituânia. Constituíram os países representados no jantar de Sábado. O do aniversário. Serviu-se um vinho do Alentejo: Borba 2004 do produtor Ana Vieira Pinto. Comprado no supermercado “Sabores de Portugal” pela anfitriã foi um sucesso junto dos representantes suecos. Frutado, sem grandes pretensões mas agradável e fácil de beber, é um vinho muito bem feito para o preço (4€). O italiano referido em cima custou o dobro do preço e nem de longe vale a diferença. Com a sobremesa serviu-se o Crusted Port. Parecido com um LBV já com 3 ou 4 anos de evolução. Ainda vermelho escuro na cor, no aroma e na boca predominam os figos secos. Algo doce mas agradável surpreendeu pela positiva a maioria do presentes. Tirando os portugueses e um dos representantes suecos, os outros nunca tinham provado um vinho do Porto. “Qual a diferença entre um vinho Port e um Porto?” – atirou do outro lado da mesa o elemento sueco que já conhecia estes nossos néctares. “Boa pergunta!”- pensei eu. Lá tive que explicar que são a mesma coisa desde que tenham origem em Portugal. Para ter cuidado com vinhos do “tipo Port” mas de outras proveniências. Que é típico do Português gerar confusão. Só temos duas designações para este tipo de vinho porque o início do negócio do vinho do Porto foi dominado por pessoas de origem britânica bem mais pragmáticas e simples. Se tivessem sido portugueses, neste momento existiriam mais de uma dezena de designações diferentes. A criatividade portuguesa é uma das nossas melhores “habilidades” e só é batida pela nossa capacidade natural para jogar matraquilhos.

Aeroporto de Bruxelas. Segunda feira. Duty free. Últimas compras. Secção de bebidas alcoólicas. Procuro a etiqueta de Portugal. Descoberta a Espanha, deixo cair os olhos até à mais baixa prateleira junto ao chão. Portugal. Numa única “colmeia” descubro o único representante português. Adivinhem? Mateus. Nem um único vinho do Porto. Sorrio. Meto duas caixas de chocolate belga debaixo do braço e venho-me embora.


Em conclusão: o vinho português não se encontra nas garrafeiras especializadas e a baixa gama impera nos supermercados e restaurantes portugueses (é grande a comunidade emigrante portuguesa em Bruxelas). Apesar de Portugal fazer sempre um figuraço no concurso mundial de Bruxelas, a Bélgica não é uma aposta dos produtores de vinhos portugueses.

2 comentário(s):

Anónimo disse...

E os chocolates? Os bombons da Godiva na Grande-Place? Óptimos para esse Porto que aí achou, é o termo.

rui disse...

O vinho do Porto, ao jantar, acompanhou um bolo de chocolate. De resto não comi mais chocolates. Não sou muito “doceiro”. Ou pelo menos tento não sê-lo. Entre as calorias do álcool e as dos doces, prefiro as primeiras. Um blog sobre chocolates porventura não seria tão polém...participativo.:)

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