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quinta-feira, novembro 09, 2006

Encontro com o Vinho 2006 – Domingo

Depois do primeiro dia, que acabou em grande, o domingo começou com a prova especial da Beringer. Marcada para as quatro da tarde, lá fomos chegando, uns já com o café tomado e outros com mais olheiras que uns. Eu meti um cocktail feito com anti-inflamatórios e antigripais no bucho e, sem parar na casa da partida entrámos directamente para “prisão”.

Após apresentação do representante dos vinhos em Portugal, a empresa UVA, o palco foi tomado pelo missionário da Beringer, que trajado impecavelmente de preto-fashion e armado com os mais tecnológicos manuscritos (apresentações powerpoint), tinha como missão converter os presentes à fé americana.

Prova Especial Beringer

Foram 8 vinhos provados. Segue a lista por ordem de prova: Sparkling Rose, Stone Cellars White Zinfandel 2005, Stone Cellars Chardonnay 2005, Founders Estate Old Vine Zinfandel 2004, Napa Valley Fumé Blanc 2004, Napa Valley Private Reserve Chardonnay 2004, Napa Valley Pinot Noir 2003, Private Reserve Cabernet Sauvigon 1998

A ordem pelo qual fomos provando os vinhos é representativa da pirâmide qualitativa dos vinhos da Beringer. Na base estão os Stone Cellars, depois vêm os Founders Estate e no topo estão os Private Reserve.

Duas versões opostas de roses: um cheio de gás “à la coca-cola” e o segundo docinho, flat e com pouco grau (9,5º). Duas versões de Chardonnay: uma com pouca madeira e o segundo com muita madeira. Um Fumé Blanc (Sauvignon Blanc) no qual não apanhei o Fumé (deriva do facto de serem utilizadas madeiras com uma tosta mais forte) mas sim um forte aroma a casca de tangerina, o que até o tornou, por isso, interessante. Fugiu à monotonia.

Nos tintos, a tradição monocasta novo-mundista imperou. Zinfandel, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon. Em todos a madeira está bem presente e, apesar de não conhecer bem as duas primeiras castas, foi notório que o Cabernet é o melhor dos três. Não sei se justifica o preço pedido (60€) mas sobre isso os consumidores irão, com certeza, ter uma “carteira” a dizer.

Foi uma apresentação monótona com pouco ritmo, pouco participativa e ainda mais decepcionante quando ficamos a saber que o apresentador percorre o mundo a fazer esta mesma apresentação. Deve ter sido da noite lisboeta no sábado, chegou ao domingo cansado. Um dos pormenores mais interessantes da apresentação foi ficar a saber que na América a unidade para contar garrafas é o milhão. Para qualquer vinho produzido a resposta era quase sempre a mesma: “umas dezenas de milhão”, mesmo para os vinhos de gama alta. O Nuno não aguentou e deixou escapar: “As garagens na América devem ser mesmo grandes!”. :)

Como o Ricardo veio a dizer mais tarde:”Eu vi logo a coisa mal parada quando os dois primeiros vinhos foram roses”. É a segunda vez que participo numa prova especial dedicada aos vinhos estrangeiros depois de há dois anos ter participado na prova especial de vinhos australianos promovida pela Vinho e Coisas. Ainda dessa altura, carrego comigo um trauma (multi-resistente) relativamente à casta Syrah.

Voltámos à casa da partida. Deixámos os vinhos de mesa de parte e atacámos os generosos. Neste particular, tenho que confessar que em certas barraquinhas ainda fiz alguns estragos. Por exemplo, na Symington acho que não deixei quase nada de fora. Destaco a boa qualidade da colheita vintage de 2004, especialmente o Qt. Noval. Mesmo quente, pareceu-me um grande vintage e que, para quem gosta deles novos (como eu), irá dar já grande prazer, haja carteira. Referência também para o Qt. Vesúvio e Fonseca Guimarães. Nos tawnys velhos, descobri na pouco concorrida barraquinha da Agri Roncão (que raio de nome) um 30 anos de lhe tirar o chapéu. Melhor que o 40.


E foi assim que mais um ano passou. Cada vez mais o fogo vibrante da juventude vai sendo substituindo pelas generosas brasas da idade adulta. Resisti ao ímpeto natural do querer provar tudo auxiliado por uma apertada selecção dos vinhos a provar e pouca “correria” no recinto. Com os anos de feira, cheguei à conclusão que o que se prova na feira pode ser enganador. As condições não são as melhores, o humor está ao rubro e, a vontade de agradar e de ser agradado é facilitadora de opiniões. Consciente disto, é evento que nunca perco.



P.S. (1) Antes de verdadeiramente termos passados aos fortificados, não resistimos a passar na barraquinha do Aves de Sousa e pedir, em jeito de pão-por-deus, se não podíamos provar o Abandonado 2004. Tínhamos lido na RV de Novembro (já disponível na feira) que tinha ficado em 1º lugar ex-aequo com o Batuta 2004 e o Pintas 2004 no painel de prova de vinhos de topo do Douro. O próprio Alves de Sousa antes de nos dar o “docinho”, que estava escondido debaixo da mesa, fez-nos provar o Qt. da Gaivosa 2003, o que convínhamos, não foi sacrifício nenhum. :)

P.S. (2) Ah, é verdade! O tal de Abandonado parece que é mesmo bom!

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