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segunda-feira, novembro 13, 2006

Encontro com o Vinho 2006 – O Balanço

O desabafo de alma tinha ficado prometido. E se há coisa que eu não gosto é de faltar ao prometido. Depois de passar a reportagem do sábado e do domingo passados, falta fazer o balanço do certame. A organização e os produtores, com certeza, fizeram os seus. Eu faço o meu.


Quem é por natureza observador sabe que o acto de reflexão surge a qualquer hora e em qualquer lugar. Eu dei por mim, em pleno certame perto do stand do Vale Meão, num dos mais concorridos corredores, a colocar-me a seguinte pergunta: “Quem são todas estas pessoas?” Inevitavelmente a resposta foi: “São consumidores de vinho, srº!”

Aparte o tratamento respeitoso e senhorial da minha consciência à questão efectuada pelo meu lado mais inquisidor, considero esta conclusão de tal modo desarmante que importa reflectir sobre o seu significado.

Os consumidores de vinho presentes não eram todos iguais, evidentemente. Havia de tudo: famílias em excursão (avós, pais, tios, netos, carrinhos de bebé, só faltava os cães e os gatos), bandos de perdigueiros de copos estendidos que fizeram as contas e descobriram que os 10 euros da entrada, divididos pelo número de taças que conseguiam beber, eram uma pechincha, diversos curiosos, trabalhadores do sector vinícola e da restauração, e poucos enófilos. Sim, acredito que os enófilos presentes foram uma pequena parte relativamente ao todo.

Um evento como este não pode apenas dedicar-se a servir vinho quente a milhares de visitantes que, entusiasmados por tanta facilidade de prova, vão estendendo o copo e empurrando o vinho com pão com chouriço ou uma sandes de presunto. No fim oferecemos-lhes umas garrafas de Romeira e até para o ano que cá os esperamos. Então e a componente pedagógica?

Uma das coisa que mais me queixei, nas diversas barraquinhas que visitei, foi da temperatura dos vinhos tintos e portos. “Pois, já várias pessoas se queixaram” ou “Pois, nós não conseguimos ter aqui as condições ideais”, foram as desculpas mais proferidas. Se a primeira é bom sinal (excepto se as queixas foram dos poucos enófilos presentes), a segunda não compreendo. Se eu fosse produtor, arranjava maneira de ter os meus vinhos servidos à temperatura correcta. Isto, claro, se estivesse realmente interessado no evento e não estivesse ali só para cumprir um convite que a organização me fizera e ao qual não fica bem faltar.

O facto da maioria do vinho disponível para prova não estar à temperatura correcta é mais grave do que se possa pensar. Além das pessoas, que realmente estão empenhadas em descobrir vinhos, poderem ficar com a noção errada do vinho (alcoólico, pesado, abrasivo, morno, etc), a maioria continuará a pensar que o vinho deve ser servido à temperatura ambiente (mesmo que esse ambiente esteja a 25º ou mais). Continua-se a perpetuar a mentira.

Sou razoável e facilmente percebo que pode não haver condições físicas para ter uma cave refrigeradora de vinhos por stand. Mas se para os brancos se faz um esforço, utilizando baldes com gelo, por que não fazer o mesmo com os tintos? Por ventura, ainda era mais pedagógico que a cave. Representava o que muitos de nós passamos na maioria dos restaurantes portugueses. Diz-se que uma imagem vale por mil palavras. Pois bem, estava ali a oportunidade de, com pouco custos, passar a mensagem a consumidores e donos de restaurantes que a garrafa de tinto no balde de gelo não é coisa de maluquinhos. Gerava-se a controvérsia e os produtores e representantes das marcas, além de encherem os copos que vão desfilando, podiam (se estivessem para isso, claro) elucidar as pessoas.

A culpa não é só dos produtores representados, a organização, neste caso a Revista dos Vinhos, também não fez a sua parte. Acredito que cativar novos assinantes seja importante e a RV faz isto muito bem. Todos os anos o stand da RV está muito bem representado com ofertas e promoções que atraem os transeuntes de forma muito eficaz. Mas se a RV leva a sério o seu lema, “Para Apreciadores Exigentes”, ela própria tem que ser exigente. Exigente com os participantes, exigente com os objectivos traçados, exigente com as condições oferecidas, exigente com a mensagem difundida, exigente na educação de apreciados exigentes. Eu não sou de marketing mas parece-me que facilmente, no programa oficial, nos bilhetes de entrada, nas ofertas de saída, na decoração das barraquinhas ou do recinto, se arranjava espaço para difundir algumas ideias. Por exemplo, o aluguer do copo é uma excelente mensagem e nem são precisas palavras. Apesar de ser um copo de prova, é do formato correcto. As pessoas levam-no para casa e se o utilizarem percebem que é “outra loiça” relativamente aos copos que habitualmente têm em casa. Claro que não há só a questão da temperatura mas podia-se começar por aí.


A organização efectuará as suas contas e contabilizará alguns milhares de participantes. Um sucesso portanto. Eu contabilizei alguns milhares de oportunidades perdidas.

22 comentário(s):

Anónimo disse...

" Isto, claro, se estivesse realmente interessado no evento e não estivesse ali só para cumprir um convite que a organização me fizera e ao qual não fica bem faltar."

Olhem que não é bem assim... Parece-me que os produtores pagam para lá estar... e não é pouco! :)

Quanto ao resto que dizes, não achei as temperaturas assim tão desajustadas, houve até muitos stands em que os tintos estavam no gelo de vez em quando pra esfriar...

Agora é certo que alguns vinhos que estavam em Decanters era impssível controlar.

Não concordas com o facto de se poder fumar no recinto muito mais catastrófico???

Um abraço,
Paulo Silva aka Frexou

João disse...

Não se podia fumar no recinto. Pelo menos é o que os altifalantes estavam sempre a comunicar.

Agora nós, Tugas, é que não sabemos estar cívicamente num lugar respeitando os outros.

Meus amigos, se é proibido fumar no recinto, NÃO FUMEM. Há pelo menos 3 portas para o exterior onde se pode fumar.

Relativamente às temperaturas, a minha opinião é que é da RESPONSABILIDADE do EXPOSITOR, nomeadamente de quem está representado no recinto, de ter o vinho em condições aceitáveis.

Concordo com o Rui, não basta refilar nos vários meios que os restaurantes não servem os vinhos correctamente às temperaturas certas, se os própios produtores não o fazem quando devem.

Falar é fácil.

Se é preciso baldes de gelo, garrafeiras ou caves de vinho, que os levem para a feira. Ñão é mais do que a obrigação de quem quer dar a provar um produto nas melhores condições.

Se servissem os vinhos às temperaturas decentes, e provassem aos milhares de consumidores que lá estiveram, que o vinho sabe bem melhor à temperatura certa, provavelmente estes quando chegassem a um restaurante já reclamavam quando um vinho vem quente.
E se muitos reclamassem provavelmente os donos dos restaurantes já tinham algum cuidado ao servir o vinho, e aí por diante.

Temos de começar por algum lado, porque não pelos próprios produtores !!!!

Uma mísera cave de vinhos com capacidade para 60 garrafas custa perto de 300 €. Chega bem para um fim de semana de feira.

JP

rui disse...

Caro Frexou,

Segundo o que vem escrito na própria RV, os produtores são convidados de modo a manter a qualidade dos expositores. Se depois é preciso responder ao convite com um cheque endossado à Media Capital ou à Expolider, isso já não sei. A ser pago, acredito que haja diferenças de preço entre os grandes stands da Vinalda ou da Sogrape, e os stands em que mal cabem duas pessoas.

Como já referi em outro comentário, só houve um vinho tinto que estava à temperatura correcta (ou pelo menos, notava-se que estava mais fresco que outros, pois como não tinha um termómetro de bolso não o posso confirmar) que foi o QT. Vegia Reserva 2003. E garrafas no gelo, só encontrei uma: o Dow’s Quinta da Senhora da Ribeira Vintage 2004. Por exemplo, os vinhos em prova do concurso de impressa que estavam lá encima no 1º piso, se provados após umas duas horas de início de feira, estavam intragáveis de tão quentes que estavam. Um desperdício, pois estavam em prova grandes vinhos. As pessoas passavam, enchiam o copo, bebiam e nem percebiam o que estavam a beber. Cá em baixo, passava-se o mesmo, para qq vinho. Do mais modesto ao mais caro. Eu provei grandes vinhos como o Vale Meão, Vallado Reserva, C.V., Touriga-Chã, Chocapalha, Hexagon, Leo D’Honor Grande Escolha, Mythos, Abandonado, Qt. Noval, Qt. Vesúvio, Fonseca Guimaraes, Qt. Roriz, etc e estavam todos quentes demais. Como o passar do tempo e da enchente de pessoas, mais quentes ficavam.

De qq modo, o meu post vai neste sentido: “Se não são os produtores dos próprios vinhos a lutarem por educar as pessoas a consumir o seu produto, estão à espera que seja quem? Que haja um milagre?” Sempre vai havendo por aqui ou ali um maluquinho que escreve umas coisas na internet sobre temperatura de serviço, mas isso parece-me pouco.

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Caros bloggers,

Não sei se algum de vós stand viu que servíamos quer os tintos quer os brancos à temperatura certa... E garanto-vos que dá uma trabalheira dos diabos! (sobretudo os tintos)
Não estou com isto a dizer que devem todos ajoelhar-se a agradecer tal sacrifício... mas pelo menos concordam que é justo que o esforço seja reconhecido! (não digo o mérito porque nem sempre os resultados são irrepreensíveis - à base de balde c/ gelo por vezes falham-se uns ºC, mas a intenção é boa!)

Quanto ao custo de participação, é evidente que cada expositor paga para estar presente. A RV (ou qq entidade que organize uma feira) aluga o espaço ao proprietário (CCL, FIL, Exponor, etc) e depois vende "a retalho" aos expositores. Stands tipo Vinalda (é o meu caso) não são mais do que vários stands montados em conjunto, pelo que o preço é unitário x nºstands. O que às vezes também se vê (mais uma vez o meu caso) é p.ex. 2 produtores associados no mesmo stand e nesse caso o custo é a meias.

Saudações enófilas,
Francisco Bento dos Santos
(Quinta do Monte d'Oiro)

Anónimo disse...

Um balanço em 10 parágrafos, 81 linhas de texto e quase 5 mil caracteres para dizer que... os vinhos - alguns vinhos - estavam numa temperatura superior à que deviam?
Para balanço final, é um pouco pobre, não? Será que não lhe ocorre mesmo mais nada para destacar?
Ora aqui está como uma atitude tendencialmente correcta e uma preocupação louvavelmente pedagógica falha rotundamente o alvo por deficiência de perspectiva. De toda a floresta que havia para visitar, você tropeçou na primeira árvore que encontrou e não foi capaz de ver mais nada nem conseguiu sair dali.
Tenho pena que o esforço e a disponibilidade de tantos produtores tenham sido em vão porque o meu amigo preferiu andar de stand em stand com o termómetro na mão a indagar os graus de desvio das temperaturas.
Talvez para o ano consiga aproveitar um pouco mais, quem sabe?

NOG disse...

No Domingo as temperaturas andaram benzinho. Sábado não sei!

N.

João de Carvalho disse...

Curioso, eu que provei o Vale Meão 2004 nos dois dias e encontrei sempre a garrafa num balde com gelo... ou que dizer da Vinalda e da Adega Algarvia que tinham as garrafas dentro de uma cave refrigerada ?

Talvez a preocupação com pensamantos profundos tipo «será que este vinho está numa temperatura adequada ?» quando nem sequer se anda com o dito termometro... gostava de conhecer uma pessoa que me soubesse dizer perante 3 vinhos o que estava a 22, 20 e 18.

Provei vinhos com o Saca a Rolha e não me pareceu que as temperaturas fossem altas... aliás notei algum cuidado da maoir parte dos produtores o que é de realçar... já vi grandes atrocidades, lembro-me do Dão e Douro no Museu Militar isso sim temperaturas altissimas que os vinhos até assopravam.

Meus amigos, como eu já tinha referido estes encontros servem para distrair, conviver, conversar, ter uma ligeira impressão da real qualidade dos vinhos... as provas a sério fazem-se em casa onde se reunem todas as condições ideais.
E visitem outras Encontros de vinho e vejam se as temperaturas são as correctas... eu dedico-me mais a provar e falar com os produtores, é para isso que servem estas coisas.

Anónimo disse...

Eeu provei Vale Meão, Monte D'Oiro, Quinta dos Roques, Niepoort, Dow's, UVA... todos a temperaturas adequadas...

Ah! os VDS-Douro Superior até tinham um mini refrigador para 8 garrafas! não viram o aparelho?

Há que louvar os esforços feitos por alguns, como diz o FBS!

E olhem que o aluguer da "barraquinha" não é nada barato...

Um abraço.

teste disse...

Antes de mais, quero dizer que é um tremendo orgulho ter como leitor deste blog alguém que me é tão caro (através dos seus vinhos) como é Francisco Bento dos Santos. Seja muito bem vindo . Os leitores do nosso blog são, de facto, uma mais-valia.

Quanto ao assunto que o Rui abordou, deixem-me dizer que, como cheguei mais cedo em ambos os dias, consegui acompanhar a evolução da temperatura dos vinhos, e, de facto, esse aumento ocorreu de forma muito acentuada. No domingo, por exemplo, cheguei perto das 14 horas e ainda apanhei os vinhos do 1º piso a boas temperaturas, mas quando lá fui com com um amigo 2 horas depois o mesmo já não se podia dizer.

Nos stands, havia temperaturas para todos os gostos, uns vinhos mais quentes outros menos quentes, mas o que me parece aqui essencial é a questão pedagógica, eu já frequentei feiras suficientes para saber que não é ali que provo vinho, não é ali que vou saber se um vinho é bom ou mau, mas estou convencido que nem toda a gente que lá estava tem a mesma consciência, e o visitante médio que provar um vinho quente num stand de um produtor não vai achar que essa não seja a temperatura correcta (afinal de contas é o próprio produtor), e nem todos tiveram o cuidado da Vinalda (FBS) e a Adega Algarvia (apenas para referir os citados).

De qualquer das formas, a questão do serviço do vinho parece-me que poderá ser o próximo grande passo da Feira, para que se identifique com o lema da Revista organizadora “Para Apreciadores Exigentes”. Espero que seja essa a tendência, e não passar para feira de grande consumo em o objectivo seja mostrar marcas e não vinhos.

Eu sou um consumidor exigente, e como paguei para estar na feira, tenho a tendência para pedir mais e melhor, da mesma forma que faço com os vinhos que compro, assim como exigo de mim próprio mais e melhor a cada dia que passa.

De qualquer das formas parece-me que estamos todos (produtores, distribuidores, restauração, media e consumidores) no bom caminho, apenas me parece é que estamos a ir devagar, mas lá chegaremos, estou certo.

Saudações,
RR

PS: Rui, o dow's que bebeste fresquinho foi graças a mim, fui eu que pedi para refrescar, vá agradece lá teres bebido aquela pomada fresquinha.

João de Carvalho disse...

É tudo muito bonito de se dizer, sim claro os apreciadores exigentes, as temperaturas... claro que se fosse feito à noite seria mais fresco, ou em pleno inverno sem aquecimento central... enfim.

O meu caro parece obsecado com a questão da temperatura, que grande transtorno apanhou...

Explique lá como apreciador exigente que é , como é que servia os vinhos todos do ECVS a uma temperatura adequada ? Será que a fixação é tal que apenas vê a questão temperatura ?
Parece-me bem que sim...
Eu acho que muitos dos grandes vinhos apresentados, alguns brancos incluidos, ganhavam com uma previa decantação, mas os mesmos era servidos em grande parte directamente da garrafa, e por vezes a mesma estava fresca.

Gostava de ver como é que em vinhos decantados ia manter a dita temperatura adequada dita constante.

Meu caro, UTOPIAS só em sonhos, mas sonhar nunca fez mal a ninguém...

rui disse...

Caro Francisco Bento dos Santos,

Confesso que não passei no stand onde a Qt. Monte D’Oiro estava representada. Quando em cima afirmei que o único vinho que estava a temperatura correcta foi o Qt. Vegia, errei ao não esclarecer que foi o único do vinhos que bebi. Como é óbvio não provei todos os vinhos no recinto e facilmente aceito que tenha havido mais.

Acredito que dê trabalho ter os vinhos à temperatura correcta ou próxima desta. Os meus sinceros parabéns.

A utilização do balde de gelo nos tintos foi uma das soluções que referi e, portanto, se a utilizou, prestou um serviço de grande qualidade ao vinho e a todos os que passaram no seu stand a provar os seus vinhos. Da minha parte tem todo o meu reconhecimento e respeito.

Quanto à questão do custo dos stands é coisa que sinceramente não me interessa desde que o custo não fosse de tal ordem elevado que impedisse algum produtor interessado de estar presente. Nesse caso é triste.

Um abraço,
RC

P.S. Bem vindo ao nosso blog. Acredite que, por vezes, até chega a ser divertido. :)

rui disse...

Caro JGR,

Isso de escrever muito é um problema que eu tenho: para dizer as horas, primeiro tenho que explicar como se faz o relógio. Tenho que me convencer que existem pessoas que simplesmente só querem mesmo saber as horas. Por outro lado, algo me diz que existem outras pessoas que também gostam de saber como se chega às horas.

Fico triste por o ter desapontado, porventura o título criou falsas expectativas. Erro meu com certeza.

Quanto ao resto não percebi nada, pois referi explicitamente que não tinha termómetro nenhum, estive lá nos dois dias e garanto-lhe que tropecei em muito mais do que uma única árvore. Aliás, gostei tanto de tropeçar que para o ano que vem, se tudo correr bem, espero voltar a tropeçar.

Desta vez não tenho a prepotência de afirmar ter aproveitado tanto como o meu amigo, mas prometo que para o ano vou tentar. Fica prometido.

Um abraço,
RC

rui disse...

Caro João,

Pelos vistos eu tive azar e mais um grupo largo de amigos que andou por lá, pois nunca encontrámos o Vale Meão no gelo. Encontrámo-lo algumas vezes debaixo do balcão e se calhar nessas alturas estava dentro do balde de gelo. Pena não ter visão raio-x. Na adega Algarvia tb passei e mais uma vez tive azar.

Pena também não poder responder ao teu desafio e dou já aqui de barato que não consigo distinguir as três temperaturas.

Isto da temperatura correcta parece que me afecta particularmente e como tal deve ser problema meu.

Tens toda a razão, estes eventos não são para tirar grandes conclusões sobre as provas. Escrevi isso mesmo nos posts que fiz sobre os dias de Sábado e de Domingo. Daí não ter referido uma lista de vinhos bebidos e apenas fiz menção a duas ou três excepções.

Não quero concordar com a ideia que o Encontro desta dimensão seja apenas para uma pessoa se “dedicar a provar e falar com os produtores”. Para mim tb era o mais fácil. No entanto, decidi escrever sobre a oportunidade única de “apanhar” tanta gente disposta a ouvir e ensinar-lhes qualquer coisa. Disto, a malta só ”pegou” foi na questão da temperatura, dos termómetros de bolso e dos pensamentos profundos. Também eu tenho que aprender umas coisas, pois não consegui passar a mensagem.

Um abraço,
RC

P.S. Penso que às tantas no post referi que a temperatura não era a única coisa ensinar, mas que se podia começar por aí (dava-me jeito). Depois acho que até referi qq coisa sobre utilizar o merchandising do evento para passar algumas mensagens e devo ter feito mais uns pensamentos (se calhar pouco profundos) sobre o copo alugado no recinto. Ou se calhar não. Vou ler outra vez.

rui disse...

Obrigado Ricardo.

Para a próxima mando-te à frente para verificares se as garrafas estão no gelo. A ver se acabo com a malapata.

:)
RC

teste disse...

"Uma breve passagem pelo concurso «A escolha da imprensa», os vinhos que participaram no concurso estavam colocados nessa mesma zona em formato de Self-Service que mais parecia o festival da Sopa tal a temperatura a que alguns podiam ser provados, sinceramente os vinhos mais pareciam um conjunto de desterrados ali colocados e a uma temperatura nada agradável." in copod3.blogspot.com

Peço desculpa ao João Pedro(copod3) por não ter pedido autorização para copiar parte do seu post, mas serve apenas para ilustrar um ponto de vista que é o meu e que pelos vistos não sou o único a concordar com ele, apesar de aqui, neste extracto, o João Pedro apenas se referir ao 1º piso eu generalizo para a maioria da feira.

Quanto à questão de como servir vinho à temperatura correcta, parece-me que quase todos concordamos em que houve produtores que o conseguiram, pelo que, posso assumir que é possível...

Como a questão da temperatura em si, não é para mim o cerne da questão, vou dar por encerrada aqui a participação na conversa sobre o assunto, no entanto, se quiserem conversar sobre a pedagogia, ou falta dela, que deveria ser inerente a uma feira destas, cá estarei.
Como dizia um amigo meu que esteve a trabalhar num dos stands, a maioria das pessoas que por aqui passa não faz a mínima ideia a que temperatura se devem servir os vinhos, e para eles, este vinho (referindo-se ao seu topo de gama que estava a 24º - o termómetro era dele) está óptimo.

Quanto ao ser ou não "obsecado" pela temperatura, não sou, mas gosto do vinho à temperatura adequada. De qualquer das formas gostei da piada.

Um abraço,
RR

Nuno disse...

Não há dúvida que a temperatura animou os ânimos!

Existem várias explicações para esta divergência de opiniões. Vou tentar explicitar algumas que me ocorrem:

• O pessoal aqui do blog andou em contraciclo com outros apreciadores, e se para uns a excepção foi o vinho a temperatura ideal, para outros a excepção foi o vinho exageradamente quente

• O facto de termos ido a algumas provas especiais, com o vinho servido à temperatura correcta e com o ar condicionado bem puxadinho, ajudou a termos uma maior percepção das diferenças de temperatura (posso dizer sem ironias, que na prova da Nieport, só deixei de ter frio para aí quando serviram o Redoma 2004)

• A hora a que os vinhos foram provados. Parece que alguns vinhos começaram a ser servidos à temperatura correcta, mas com o passar do tempo a temperatura subiu muito. Neste caso, os mais madrugadores foram privilegiados. O que definitivamente não foi o meu caso.

• Existência de uma maior solidariedade para com os produtores/distribuidores representados na feira, por parte de alguns dos leitores do blog, reconhecendo as dificuldades técnicas inerentes às vicissitudes de uma feira feita para atender milhares de pessoas, vulgo “grande público”

• Maior grau de exigência para com os expositores, que por vezes acabam por prestar um mau serviço a eles próprios, por uma questão que sobretudo para eles, não deveria ser considerada de pormenor. Penso que era uma boa forma de se diferenciarem, mostrando este tipo de preocupação com os “pormenores” que fazem sobressair os seus néctares. Infelizmente, foram poucos os que o conseguiram na minha humilde opinião.

Se este post contribuir para que para o ano tenhamos mais umas quantas barraquinhas (uma ou duas vá), com maiores preocupações com a temperatura de serviço, poderemos então dizer que este tempo não foi totalmente perdido.

Abraço,
Nuno

Anónimo disse...

Nuno said...
«Não há dúvida que a temperatura animou os ânimos!»

Reparem que eu não discordo das vossas observações sobre as temperaturas. Quanto muito acho-as um pouco ingénuas, próprias se calhar de quem não está habituado a frequentar feiras de vinhos por esse mundo fora. Acreditem, é muito pior!
O que me custa concordar é reduzir "O" balanço do ECVS a uma discussão sobre temperaturas como aqui fizeram. Acho que o esforço e disponibilidade dos produtores que lá estiveram nos 3 dias e que vos presentearam com o melhor que tinham merecia um pouco mais. Só isso.

rui disse...

Caro JGR,

Assumo sem problemas e sem complexos de inferioridade:
Nunca fui a nenhuma feira no estrangeiro; Vou pouco a encontros cá em Portugal (excepto a este e ao Dão/Douro); Sou por natureza ingénuo e exigente.

Acredito, com certeza, que lá fora existam feiras bem piores, no entanto a desculpa de que em outras feiras a temperatura é bem pior não altera o facto de nesta feira os vinhos estarem quentes. “Two wrongs don´t make it right”, como diriam os ingleses. O facto de sermos o 26 país menos corrupto do mundo não nos torna um exemplo de cidadania, apenas quer dizer que somos melhores que a Hungria ou a Itália.

Faz bem em não concordar com a ideia do balanço ser apenas: “os vinhos estavam quentes”. Porque eu também não concordo. Se reparou, nos milhares de caracteres que gastei, comecei por descrever os visitantes em grupos caracterizadores. Daqui, tentei que ficasse claro que este não é um encontro de vinhos normal onde vão sempre os mesmos (cheguei a avançar que os enófilos estavam em menor número). Este preâmbulo era necessário para introduzir a questão da pedagogia no evento. Como é óbvio, não fazia sentido falar em pedagogia se fosse um encontro pequeno, onde estão presentes apenas aqueles (eu incluído) que nos comentários acima andaram às turras sobre se o vinho estava aceitável ou não. Era tentar ensinar a missa ao papa.

Cometi, porventura, o erro de tocar na questão da temperatura (algo que, em outros posts, eu já tenho focado e reconheço que me é particularmente caro), o que, não sendo consensual na opinião de todos os presentes, levou a esta discussão sem interesse e com algumas contradições pelo meio. Aliás, a questão da temperatura só se tornava interessante se tivéssemos discutido estas questões: Os visitantes (que não enófilos) saíram da feira elucidados sobre a temperatura certa a que se deve consumir o vinho? Os visitantes (que não enófilos) que provaram os vinhos no 1º piso chegaram a perceber o que estavam a beber? Os visitantes (que não enófilos) chegaram a notar diferenças de temperaturas nos vinhos? Se sim, perceberam que essas diferenças foram importantes no facto de terem gostado mais ou menos de determinado vinho?

Relembro, ainda, que referi que a pedagogia não era só a questão da temperatura. Dei ideias para se utilizar os meios da feira para tentar ensinar algo aos visitantes e ainda elogiei a ideia do aluguer do copo (é uma forma de passar a ideia do formato correcto).

Podem-me dizer que o encontro é pró convívio e para não me chatear com estas coisas. Que sou utópico e obcecado. Para aproveitar. E eu aproveitei. E aposto que os outros milhares de pessoas também aproveitaram. Mas não consigo deixar de pensar se o evento para esses milhares de pessoas era igual (continuavam a aproveitar) se tivessem umas bifanas a assar no canto e uns copos de tinto da barrica do TiZé, invés de Batuta e Vale Meão? Só lá vão pela possibilidade de provar uma quantidade enorme de vinhos caros e pagar 10 euros? Estão os produtores reduzidos a meros dispensadores de vinho a copos estendidos, em que vão intercalando o monótono movimento com dois dedos de conversa com um apreciador mais esclarecido? Serve a RV apenas como divulgadora do evento e, em contrapartida, este um meio de angariar novas assinaturas? Pode ser feito mais e melhor, ou levantar estas questões invalida o esforço e desrespeita todos os que participaram na montagem do evento?



Para finalizar, deixo, com satisfação e nada contrariado, uma palavra de reconhecimento para todos os que se esforçam para levar a cabo este evento da melhor forma que conseguem ou sabem. Enquanto consumidor e apreciador de vinhos, é um evento que não perdi nos últimos 5 anos e pretendo continuar a não perder. Enquanto participante de um blog de opinião critica sobre vinhos, tinha que fazer a minha análise do evento. Essa análise, expressando a minha maneira de ser, não se limita a um “estou muito feliz, obrigado por tudo e estou ansioso por vos encontrar para o ano”. Nem sempre sou justo com todos pois é impossível, mas tento ser coerente no que escrevo e no que faço. Hoje, ontem e amanhã. Neste, noutro post ou em comentário noutro blog. É o máximo que me podem exigir.


Um abraço,
RC

Norberto Moutinho disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Luis Prata disse...

Na minha experiência pessoal, também encontrei alguns tintos com notórios graus a mais. Brancos gelados também foram alguns.

Acho que nestas situações perde o provador mas mais ainda o produtor/promotor pois não está a dar à prova toda a qualidade de um vinho. Em muitos dos stands notou-se algum cuidado com a temperatura, noutros (muito poucos felizmente) muito descuidado.

Dito isto acho que a sua opinião é válida, e deve ser encarada como uma oportunidade de melhoria para o futuro.

Mas esquecendo esta discussão da temperatura, destaco ter tocado na falta de informação para visitantes "não enófilos". De facto gostaria de ter visto mais alguma preocupação com este tipo de "público" não tão informado.

No geral, gostei do evento.

1 abraço

Luis Prata disse...

Refiro-me ao evento de 2007, mas comentei neste post.

rui disse...

Caro Pratas,

como reparaste, no ano passado, o post foi polémico e por isso tentei que o deste ano não me levasse a ter repetir os mesmos comentários. A ver vamos.

Um abraço,
RC

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