1º Jantar Enobloguista – 2007/Janeiro
O dia 12 de Janeiro de 2007 vai ficar na história (breve) do movimento “enobloguista”. O primeiro jantar de encontro de blogs Portugueses que se dedicam à temática do vinho decorreu no restaurante do hotel York House.
Impõe-se dois especiais agradecimentos públicos: ao Rui (Pingus Vinicus) por ter tomado a iniciativa de oficializar o encontro e a consequente paciência e perseverança para levá-lo a bom porto. E o segundo parabenizado terá que ser o José Tomaz Mello Breyner, gerente do York House, enófilo, comentarista nos blogs participantes e pessoa de um voluntarismo excepcional, disponibilizou de imediato o “seu” restaurante para servir de casa este evento. Muito obrigado!
Foram 26, incluindo o anfitrião, que responderam à chamada. Entre blogs que disseram sim: Copo de 3 , Krónikas Vinícolas, Os Vinhos, Pingas no Copo, Vinho a Copo e Saca a Rolha. Dos chamados “independentes”, malta que costuma comentar nos vários blogs, participaram: Pedro Sousa (p.t.), Chapim, AJS, João Ferreira (chicão) e Agostinho Leite. Gente boa. Gente do vinho.
O início do encontro estava marcado para as 19:00 mas nós do VinhoaCopo chegámos perto das 20:00. “Fashionably Late” ou tiques de vedetismo.:) Chegados e feitas as apresentações, agarrámo-nos aos copos e começámos as provas. Nada de muito formal. Os vinhos foram trazidos pelos participantes, notando-se o cuidado de apresentar coisas diferentes. Confesso que não fixei todos os vinhos provados e nem vou fazer uma apreciação de cada um deles por uma razão muito simples: não gosto de provar vinhos em série e de forma apressada. Quem lê este blog sabe que os vinhos aqui apreciados são bebidos com calma geralmente às refeições e quase sempre com um número reduzido de vinhos por refeição. Admiro quem consegue pôr à boca um vinho, apreciar, cuspir, deitar fora, repetir o processo com outro vinho e assim sucessivamente. Eu não consigo. Para mim, este preâmbulo serviu para quebrar o gelo inicial e aquecer os “motores”.
Não resisto, e peço desculpa aos outros vinhos, a referir a presença em amostra de casco dos futuros Pintas 2005 e Pintas Character 2005. Trazidos pelo “independente” AJS, temos que reconhecer que se tornaram as atracções da noite. Dizer apenas que o Pintas 2005, apesar de não ser o lote final, parece-me que segue a linha dos anteriores edições e que o Character, novo vinho feito de uvas compradas em redor da vinha que faz o Pintas, apesar de se notar facilmente que não é o Pintas (falta-lhe estrutura e corpo), provavelmente irá ser também um bom vinho e bem mais barato.
Passou-se ao jantar. Aqui tenho que realçar o bom ritmo com que os três pratos foram servidos. Apesar das muitas pessoas presentes, acho que ninguém se pode queixar de ter começado a fazer a digestão da entrada antes de chegar o prato de peixe, como acontece amiúde neste tipo de eventos. Um aplauso para o esforço da cozinha. Reconheço que quando cheguei ao jantar já estava em gestão de esforço (tinha um compromisso no dia seguinte às 9:00am), e portanto, tirando um Beerenauslese Alemão (oferecido pelo anfitrião) que acompanhou especialmente bem uma apetitosa entrada de Iscas de pato sobre folhado com molho de vinagre balsâmico (e nem sou um grande apreciador de fígado) e dois goles de Hexagon 2000, não provei mais nada resguardando-me para a sobremesa. Os outro pratos: os Lombinhos de linguado com molho de amêndoas e chantereles apresentaram-se suaves, bem acompanhados pelo feijão verde fininho e a macedónia de legumes no ponto ideal de cozedura. Já as Presas de porco preto com pesto de coentros e migas de espargos verdes não me entusiasmaram. As migas até estavam interessantes mas à carne em si faltava-lhe sal ou um tempero mais forte que contrariasse a natureza adocicada própria da carne de porco.
A sobremesa definida aquando da marcação do jantar foi Tarte Tatin com gelado de canela. Ora nessa altura foi acertado que seria o nosso blog o responsável pelo vinhos de sobremesa. Isto levantou-nos um problema: descobrir o que era Tarte Tatin e que vinho conseguiria acompanha-la. Descobrimos que se trata de uma tarte com maçã, caramelo e canela. Depois de alguma discussão interna, decidimos levar dois vinhos: Warre’s LBV 1995 e Niepoort Colheita 1991 (engarrafado em 2006). Achámos que seria interessante perceber qual seria o vinho que melhor “acasalaria” com a sobremesa, tendo o cuidado de escolher estilos diferentes (ruby e tawny) mas ambos com possibilidade de já apresentarem notas de frutos secos e algumas notas de caramelo. Feita a prova, considero que o Colheita amparou melhor a canela (houve quem se queixasse que se apresentava em excesso) que o LBV (a canela tornava-o amargo). A solo o Warre’s é melhor vinho apesar de não me ter entusiasmado particularmente, ao contrário do que estava à espera (pois é considerado pela maioria da crítica especializada o melhor LBV do mercado). Levantou-se a hipótese de o vinho estar na fase de transição dos frutos vermelhos para os frutos secos e estar com isso a sofrer dessa indefinição. É possível. Ainda não tinha provado este 1995 mas lembro-me que o 1994 era uma delícia de vinho e daí o meu desapontamento. Raramente provo Colheitas e portanto não sei o que esperar de um vinho de 1991 mas este pareceu-me algo delgado, sem as características de um bom tawny envelhecido e sem a fruta de um bom ruby reserva. Ou seja, não percebi este meio-caminho.
E posto isto, caminhámos a passos largos para o final do jantar. Jantar esse que decorreu em grande animação. Pelo menos eu tive a sorte de ficar junto de dois excelentes conversadores, o que me permitiu passar um jantar divertidíssimo (caro AJS, a história dos Jogos Sem Fronteiras ainda me vai render algumas gargalhadas em outros jantares junto de amigos). O facto de ter sido em mesa corrida não permitiu que houvesse um convívio maior entre todos os participantes e confesso que houve pessoas com as quais falei pela primeira vez quando vieram despedir-se de mim e dos meus companheiros de blog. Sim porque, fazendo jus à nossa auto intitulada alcunha de “blog-vassoura”, como sempre fomos os últimos a sair do evento (neste especial, o Nuno do Saca-a-Rollha também nos acompanhou). Resumindo: uma excelente noite.
p.s.(1) Uma das coisas mais extraordinárias é o facto de neste encontro termos participantes de várias partes do país, alguns das quais tiveram que fazer centenas de quilómetros para se deslocarem a Lisboa e outro (Elixir de Baco), mesmo não podendo aparecer, teve o louvável acto de enviar garrafas de vinho para o evento. Prova de que o vinho é mais aglutinador de amizades do que criador de inimizades e de que há pessoas de grande dedicação e força de vontade. Confesso que, se o jantar fosse em Vila Real, provavelmente não participava.
p.s.(2) Além de “Blog-Vassoura”, neste jantar houve um nosso elemento que ganhou uma outra designação velocipédica: o “Camisola Amarela”. Enquanto a maioria se manteve no pelotão, houve quem depressa se lançasse numa longa fuga que arrasou toda a concorrência tal foi a pedalada imprimida. :)
p.s.(3) Afinal acabei por perder o meu compromisso no dia seguinte. Adormeci. Até consegui chegar razoavelmente cedo e em condições a casa mas esqueci-me de retirar do modo “silêncio” o telemóvel. Anda uma pessoa a poupar-se ...
p.s. (4) Para uma outra visão e uma descrição dos vinhos provados, clique aqui, aqui e aqui.
12 comentário(s):
2003 ó 2007, queridos amigos? En cualquier caso, una bella y buena iniciativa! Y que sea por muchos años!
Joan
Caro Joan,
obrigado pela correcção. Já tinha lido umas duas vezes e não me tinha apercebido. Agora, para os que vierem a seguir, já está correcto ("12 de Janeiro de 2007").
Um abraço,
RC
p.s. Qualquer dia fazemos um jantar ibérico!
Um abração para toda a malta.
De facto a histórioa dos Jogos sem Fronteiras, fez rir e rir.
Pois é, tenho de contar essa estória dos Jogo sem fronteiras à treinadora dessa equipa que me andou sempre a dizer que tinha sido uma vitória justa. As verdades descobrem-se sempre.
Um abraço,
Caros amigos foi um enorme prazer ter conhecido um grupo com a vossa qualidade. O meu comentário está no blogue do Pingus. Um abraço e boas provas. AJS
Caros amigos o Encontro Ibério de Blogs está a ser organizado a bom ritmo... local Vila Viçosa, está previsto a presença de alguns produtores de vinho da península entre muitas outras surpresas... a seu tempo irei divulgar.
Como seria de esperar conta com a presença de todos os participantes neste jantar e não só...
Bom, eu estava noutro ponto da mesa, gostava de saber que história é essa dos jogos sem fronteiras...
Caramba, no sé por qué me ha salido como "anónimo" el comentario. Perdón! Y sí, ya he visto la iniciativa del primer encuentro enoblogs ibéricos. Pero le acabao de comentar a Joao que las fechas previtas son en plena Semana Santa: a mí me es imposible por temas de vacaciones familiares ya pactadas.
Un abrazo,
Joan
Caro Kroniketas,
a história do Jogos sem Fronteiras é muito engraçada mas quando contada pelo interveniente em pessoa (neste caso o amigo AJS), ao vivo e a cores. Por isso, vais ter que esperar por outro jantar onde com certeza o AJS terá todo o prazer de te contar.
Um abraço,
RC
Caro Kroniketas,está prometido, se não for no Porto em fevereiro, está prometido para Vila Viçosa, no Encontro Ibérico. Da próxima vez temos que encontrar uma mesa que permita um maior convivio. AJS
De facto uma iniciativa a louvar e a repetir... talvez trimestralmente...
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