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segunda-feira, julho 16, 2007

Restaurante O Ganhão

Já lá vão mais de duas semanas que decidimos visitar o Ganhão. Sem reserva e sem hora marcada, aparecemos cinco para jantar (apenas dois aqui do blog). O restaurante fica junto às portas de Benfica do lado da Amadora. A cozinha é de influência maioritariamente regional alentejana e ocupa o piso térreo. No piso de cima encontra-se uma mercearia de produtos finos e garrafeira.

Espaço não muito grande decorado com elementos regionais . No fundo da sala vislumbram-se duas caves refrigeradoras. Bom sinal! Aqui trata-se o vinho com cuidado e gosto.

Não há ementa. Não se conhecem preços. As diversas e apetitosas entradas são-nos servidas acompanhadas de pão alentejano e os pratos principais são enunciados à mesa pelo dono do restaurante. Escolhemos umas postas de vitela maronesa com grelos salteados, batatinha frita caseira e laranja confitada com azeite e alho picado. De tudo isto, o que mais me surpreendeu foi a laranja nestes preparos. Boa!

Após visita às caves refrigeradoras e seguindo o aconselhamento do proprietário - Sr. António Simões, decidimo-nos ficar pelo Alentejo. Surge claro, para nós, que é a zona de eleição do responsável do restaurante e da qual o conhecimento é imenso. Os vinhos são inclusivamente apresentados com todo o rigor (inclui pequena apresentação e história do respectivo produtor) à mesa durante a abertura e serviços dos mesmos.

Convento da Tomina 2005
Assim que cai no copo o aroma é adocicado. No entanto, este efeito é passageiro. As notas verdes ganham terreno e tapam a fruta. Na boca o lado vegetal é também dominador, com amargo final. Não gostei.

Grou 2004
Cor carregada. Muito balsâmico. Pinheiro e eucalipto. A boca acompanha o nariz. Boa estrutura e acidez. No entanto, já outros vinhos foram por mim penalizados quando o efeito after-eight ou halls é demasiado. Uma questão de gosto, portanto.


Para sobremesa optámos por um misto de doces regionais alentejanos dos quais destaco o bolo de requeijão (o meu preferido), o pão de rala e o rançoso.

Bacalhôa Moscatel Roxo 1996
Cor espectacular. Acho muito bonita esta cor dourada brilhante a raiar o laranja. Muito frutos secos. Farripa de laranja. Uma boca a precisar de uma torta de laranja não muito doce coberta de lasca de amêndoa torrada. Não foi o caso mas ainda assim portou-se muito bem com a panóplia de doces alentejanos degustados.


Em conclusão, um bom restaurante de cozinha regional alentejana com recepção personalizada e sabedora de gente que gosta de vinhos. Óptimo cuidado na temperatura de serviços de vinhos com o apoio de armários refrigeradores. Preços ajustados. Os copos da marca Spiegelau, apesar de forma correcta, tenho notado que aqueles utilizados pela maioria dos restaurante são muito pesados. Uma embirração minha que ainda assim não deixam de ser de qualidade muito acima da média do que se utiliza por aí. É pena a localização, a mim particularmente, não me permitir uma maior assiduidade das visitas.


p.s. Este restaurante é conhecido por receber amiúde cursos de vinhos ministrados pelo enólogo Mário Louro. Foi-nos revelado que está previsto, a curto prazo, a disponibilização online no site do restaurante um curso de iniciação à prova. Excelente iniciativa.

11 comentário(s):

NOG disse...

Bela jantarada deve ter sido!

É um restaurante que gosto bastante. Óptimo lombo (assado durante horas), caldereta de peixe, sopa de cação...

Para mim, isso do Tomina merece segunda prova. Sempre que o bebi mostrou-se muito maduro, mas nunca se sabe.

Abraços,

Nuno

Anónimo disse...

Essa do restaurante Alentejano, com “Posta Maronesa, com grelos salteados, batatinha frita caseira e laranja confitada com azeite e alho picado” é deliciosa. Espero que o nosso amigo Alentejano, do Copo de 3 não leia este Post, ou vai dar-lhe alguma. A vitela é Maronesa, porque é da Serra do Marão. A Serra do Marão é a sexta maior elevação de Portugal Continental, com 1415 metros de altitude. Situa-se na região de transição do Douro Litoral para o Alto Douro. Os grelos salteados e a laranja confitada com azeite e alho usam-se para cortar a acidez da carne. As batatas, se forem boas, são também uma graça do Criador. Tudo isto me sabe a Trás-os-Montes. Desculpa Rui, mas a esta não resisti. Se posso dar algum conselho sobre o vinho para acompanhar essa carne sugeria um Valpradinhos desta nova geração. Está suficientemente suave para deixar que todo o potencial da carne não seja escondido. Já agora o ideal será provar a Posta, no "Museu dos Presuntos" em Vila Real. A vantagem é que neste restaurante se pode beber desde o Barca Velha, que também deve ser óptimo para esta carne (nunca experimentei) até aos outros muitos vinhos do Douro, que foram feitos a pensar em pratos menos “carregados”. O Valado ou o Maritávora reserva são muito bons para cortar a acidez da carne e poder explorar todas as suas potencialidades. Já agora da próxima vez que forem a esse restaurante recomendem ao "patrão" umas migas. Boas provas. AJS.

rui disse...

Caro, Nuno,

já tínhamos discutido essa questão do Convento da Tomina no post anterior e se tiver oportunidade irei provar outra vez.

Um abraço,
RC

rui disse...

Caro AJS,
realmente o prato escolhido não foi de encontro à "imagem" do restaurante mas foi para onde todo o grupo encarrilou e não houve volta a dar. Compensámos nos vinhos escolhidos e nos doces provados. :)

Um abraço,
RC

p.s. – Para próxima vez que formos aí a cima, fica combinado um jantar nesse tal restaurante. E para compensar esta gaffe, se houver, peço umas migas alentejanas. :)

João de Carvalho disse...

Caro AJS

Quando eu disse que o Galito é o melhor Restaurante na vertente Alentejana da zona de Lisboa, ouve algumas vozes que disseram não ser bem assim, ainda li qualquer coisa de um tal Ganhão (parece que é este), e que eu não os conheceria todos... (não vale a pena, conhecendo o Galito como conheço, não é preciso conhecer muitos mais em Lisboa). Nota para a boa petiscada na Casa do Alentejo

Pois bem, temos aqui o bom exemplo de um prato tipicamente Alentejano...Posta Maronesa.

Anónimo disse...

Caro Rui,
de facto a escolha do prato foi "de encontro" à imagem do restaurante. Isto porque ir "de encontro" quer dizer ir contra, esbarrar,enquanto ir "ao encontro" quer dizer aproximar-se (física ou emocionalmente). Ora se o restaurante se diz de cozinha alentejana, ter um prato de comida transmontana é ir "de encontro" a essa imagem...

rui disse...

Caro JMS,
como é que explica o "esbarrar" sem a respectiva aproximação? Aliás, mais aproximação do que o esbarrar não há. :)

Um abraço,
RC

Unknown disse...

Mas... quem disse que este restaurante se refere exclusivamente ás coisas do Alentejo? Para isso vão ao Alqueva, também na Amadora, junto ao Lido.
N'O Ganhão come-se e bebe-se o que de melhor existe no País. E além fronteiras.Sim que a coleção de uíques de malte não tem rival em nenhum restaurante do País (talvez o Bem Amado também na Amadora). Costa Piteira

Anónimo disse...

Caríssimos amigos
Agradeço os vossos comentários, permitam-me contudo um pequeno esclarecimento.
Começámos por ser uma casa, exclusivamente de cozinha Alentejana mas temos vindo a evoluir para cozinha tradicional, de todas as regiões que tenham coisas boas. E perdoem-nos os mais "ferrenhos", mas são muitas felizmente. Naturalmente que Alentejo incluído.
E já agora para o caríssimo amigo AJS deixe-me dizer-lhe que não precisa de recomendar ao patrão as migas que esta casa faz, porque faz e muito bem. Foram de resto prato escolhido para de nós falar pelo Dr. Manuel Gonçalves da Silva, crítico gastronómico do "Roteiro da Visão" e na Altura da Revista Exame, rubrica "sabores VIP". Teremos muito gosto que venha saborear as nossas migas. De resto no referido artigo comparadas ás do S. Rosas.
Saudações gastronómicas
António Simões

Anónimo disse...

É pena que este restaurante seja de um tratamento inqualificável para os seus clientes! Uma experiencia a não repetir!!!!!!!

Anónimo disse...

Para paladares pouco exigentes, talvez até seja um bom restaurante. Mas o melhor é o serviço. Ui, ui... Cuidado, potenciais clientes: caso tenham a infeliz ideia de passar por este restaurante, tenham atenção à carteira. E se por um qualquer acaso, pedirem pelo livro de reclamações, demora em média 40 minutos a chegar. Coisa pouca...

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