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segunda-feira, outubro 08, 2007

2007/3º Trimestre - Descrições RC

No post anterior foram publicadas tabelas com as notas de prova (rolhas) dos vinhos bebidos por cada um dos membros deste blog no período referido no título. Como sou o mais desavergonhado, apresento, para os leitores mais curiosos, as descrições das provas efectuadas. Como é óbvio, a introdução feita no post anterior referido é valida para as descrições que se seguem.

O texto abaixo segue o seguinte fluxo: vinho -> rolhas -> descrição de prova. O “*” identifica vinhos oferecidos pelo produtor.

Tintos

Altas Quintas Reserva - 2004 - 4,5 - Aroma fresco com fruta e ligeiro vegeta balsâmico. Madeira bem integrada. A boca mostra-nos mais a fruta madura com boa acidez a proporcionar-nos um vinho "guloso" mas não cansativo. Em prova cega, não sei se alguém diria que é Alentejano.

Aneto - 2003 - 4,5 - Aroma contido. Fruta pouco evidente. Descortinam-se melhor as notas de mato e especiaria. A boca demonstra realmente que não é um vinho de fruta explicita. No final ficamos a saborear as inúmeras especiarias. Não é para todos os estilos mas eu cá gosto assim.

Cortes de Cima Reserva - 2003 - 4 - Não sendo muito exuberante no nariz ainda assim apanha-se facilmente nota de fruta madura, chocolate e ligeiros abaunilhados doces. A boca é volumosa com doses fartas de fruta doce e chocolate de leite. Se não bebido a temperatura correcta torna-se enjoativo.

Cortes de Cima Touriga Nacional - 2004 - 3 - Cor violácea forte. Aroma fechado comas notas florais da Touriga muito apagadas e ligeiro balsâmico. A boca mostra-se compacta, musculada de fruta mas decepcionantemente curta. Muito curta. Fica-se só pelas intenções.

Duas Quintas Reserva - 2003 - 4,5 - Excelente cor a não dar sinal da passagem dos anos. Aroma vivo a fruta pretos com a madeira completamente integrada. Um aroma muito Douro. A boca é gulosa a fruta madura. Apesar de "cofre" já estar aberto ainda existe uma garra que nos impede de dizer que a entrada está escancarada. Faltou-lhe apenas uma certa frescura para a lhe dar a nota máxima. Bom preço para a qualidade.

Gouvyas Vinhas Velhas - 2003 - 4 - Não muito carregado na cor. Aroma contido com notas de frutos silvestres e algum vegetal seco. A boca mostra ser equilibrada entre a fruta, a boa acidez e ligeiro toque especiado. Um vinho pouco exuberante mas muito gastronómico.

Grand'Arte Special Sel. Touriga Nac. - 2003 - 3 - Aroma marcado pela madeira (baunilha) e ligeiro mentolado. Muito exuberante. A boca mostra-nos inesperadamente um vinho muito macio, morno, com um final muito curto. Falta-lhe uma certa acidez para lhe dar prolongamento e justificar o Special Selection.

Joaquim Madeira - 2004 - 3,5 - Aroma interessante. Complexo com fruta escondida entre a um certo vegetal e a madeira de estágio. A boca segue o nariz com os taninos a arreganharem, ainda, os dentes. Cuidado com a temperatura: assim que subiu, o lado vegetal e certo amargo tomaram conta do vinho.

La Rosa Reserva - 2004 - 5 - Tem sido um dos grandes vinhos que mais vezes tenho bebido (e aqui notado). Achei que era merecido o 5. Pela consistência. Gosto mesmo disto. Fruta em quantidade, garra (sem ser desagradável) e final apetitoso. Para mim é uma espécie de Pintas dos pobres (1/4 do preço). Mas com heresia de gostar mais deste pois acho-o menos doce.

Marchese Antinori Riserva (Itália) - 2001 - 3 - Aroma com algumas notas de couro e vegetal balsâmico. A boca mostra alguma fruta misturada com notas mais verdes. Um pouco curto.

Marquês Borba Reserva - 2003 - 4 - Cor não muito carregada (como é normal neste vinho). Aroma morno com notas da barrica a predominar a fruta mais escondida. A boca é aveludada, fácil e equilibrada com final longo a especiaria. Um vinho que vale pelo conjunto e pelo sentido gastronómico. É dos Alentejanos "clássicos" que mais gosto.

Pera Manca - 2003 - 2 - Cor ainda bem vermelha. Aroma morno com a madeira de estágio a tomar conta do nariz e algum couro. A boca apresenta alguma fruta mas o vegetal seco predomina. Não é o meu estilo.

Pintas Character - 2005 - 3,5 - Aroma fresco com fruta e algum floral. A boca é média com a fruta amparada por uma boa acidez mas com os taninos um pouco espigados a perturbarem um pouco. Longe do carácter do Pintas original.

Qt. Avidagos - 2005 - 2 - Aroma frutado a frutos vermelhos. A boca é uma decepção com a presença de dióxido de carbono a dar-nos a sensação gasosa na prova. Engarrafamento precoce? Era para não colocar a nota (podia ser uma garrafa sem exemplo) mas na visita ao Douro provei outra que estava igual e acabei por referir o problema ao produtor. A decantação ajuda.

Qt. Marias - 2003 - 1 - Cor a denotar os primeiros sinais de evolução. Aroma a madeira molhada, caruma de pinheiro e notas vegetais. Na boca é o lado vegetal forte que predomina. Final com amargo cortante. Ainda muito taninoso. Muito difícil. Não gostei mesmo nada.

Qt. Marias Alfrocheiro - 2004 - 3 - Muito carregado na cor. Aroma quente com fruta muito madura e notas de caramelo doce. A boca é um pouco monocórdica faltando-lhe uma maior acidez que equilibre toda a fruta. Precisa de temperatura mais baixa para não se tornar enjoativo.

Qt. Marias Touriga Nacional - 2005 - 3,5 - Aroma fechado ainda com os "tiques" florais da Touriga pouco expressivos. A boca mostra-nos um vinho de grande estrutura, fruta correcta mas com os taninos ainda por domar. Está ainda muito jovem. A precisar de mais um tempinho de descanso ou pratos guerreiros.

Qt. Noval - 2004 - 3 - Cor violácea carregada. Aroma fechado a frutos silvestres. Ligeiro floral. A boca mostra-nos um vinho de grande estrutura, musculado mas ainda marcado pela madeira e com taninos por domesticar. Não é um vinho fácil para beber agora. Parece-me que faz jus ao nome da casa e foi feito para durar.

Qt. Perdigão Touriga Nacional - 2004 - 4 - Aroma muito interessante com as notas florais da Touriga bem presentes. Muito fresco a violetas. A boca mostra-nos fruta madura (ligeiramente doce) e final guloso e balsâmico. Boa acidez a amparar o doce. Parece-me que será um Dão de sucesso junto de consumidores mais novos ou afastados da região.

Qt. Quatro Ventos - 2004 - 3,5 - Aroma a frutos vermelhos maduros e um toque de baunilha. A boca é gulosa com a fruta mostrar-se abundantemente. Um vinho a que recorro regularmente e de fácil conquista numa mesa de convivas com variada experiência vinícola mas que nunca levou grande notas da minha parte porque acho-o sempre algo doce.

Qt. Seara D'Ordens Touriga Nacional - 2004 - 2 - Mantenho a mesma nota que o trimestre passado pois a sensação de prova foi a mesma. Bom nariz com notas de frutos silvestres e algum floral mas a boca estraga tudo. Desconcentrada. Desconjuntada, com os elementos ainda por integrar. Finaliza com ligeiro ardor alcoólico. Pena!

Qt. Soalheira - 2005 - 2 - Aroma muito efusivo a fruta madura, doce e química. A boca revelou um excesso de fruta com notas químicas a sobrecarregarem o palato. Um vinho excessivo a querer esmagar o cliente com tanta extracção. Assim também não!

Redoma - 2004 - 4,5 - Cor carregada e profunda. Aroma fruta madura e ligeira madeira muito bem integrada. A boca é musculada com boa fruta e excelente acidez. Garra e guloso final. Ainda não sei porque não lhe dei nota máxima. Devo andar muito esquisitinho :)

Redoma - 2003 - 4 - Por comparação com o irmão mais novo (bebido tb recentemente), este apresenta-se mais fechado, menos vivo no aroma com a fruta não tão evidente. A boca também ela é mais a contida mas ainda assim percebemos que é um Redoma com a boa fruta a dar-nos uma prova guerreira mas de final mais quente que o 2004.

Solar do Prado Reserva - 2003 - 2 - Aroma um pouco estranho principalmente após a queda no copo. Sulfuroso para aguentar o tempo? Na boca é ligeiro com pouca fruta, sendo o pendor vegetal o que mais aparece. Nada de especial e sem nada que justifique o titulo de Reserva.

Sombra - 2005 - 3 - Cor pouco carregada. Aroma morno a barrica. Tostados e fumados. A boca é média, a apostar na elegância mas marcada pela barrica. Prejudicado na classificação pelo excesso de barrica.

Talentus - 2005 - 3,5 - Aroma fechado com a fruta a lutar com a barrica de estágio. Na boca esta luta parece começar a pender para a fruta mas ainda está muito novo e precisa de tempo para se decidir. Bom preço para a qualidade.

Termeão "Pássaro Vermelho" - 2004 - 3,5 - As notas balsâmicas e verdes predominam. Na boca continua a ser o lado vegeta que predomina sobre a fruta. No entanto, não incomoda porque o vinho é macio, um pouco curto mas ainda assim interessante num estilo um pouco diferente do habitual.

* Terras de Tavares - 2004 - 2 - Aroma com notas presas a couro e suor de cavalo que não desaparecem mesmo com arejamento. Na boca são as notas vegetais que predominam sobre a fruta. Ligeiro amargor final. Um vinho difícil e fora de modas.

* Terras de Tavares Reserva - 1997 - 3 - Cor ainda com bom vermelho. Apresenta alguns aromas mais "presos" da garrafa que libertam com a decantação. Ligeiro couro. A boca é média ainda com alguma fruta mas sempre com as notas vegetais em primeiro lugar. Taninos domados o que permite uma prova fácil. Acompanha bem petiscos. "Curiosos" 12,5º.

Velhos Bardos - 2004 - 3 - Não muito carregado na cor. Aroma contido a fruta e esteva. A boca é ligeira a mostrar-nos um estilo a Douro "antigo". Sem pretensões, correcto dentro do estilo.

Vertente - 2005 - 3,5 - Aroma pouco exuberante a fruta com algumas notas vegetais. A boca é irrequieta com fruta fresca e boa acidez. Alguns taninos mais "espigadotes". Aplausos para os "simples" 13º.

Vila Santa - 2005 - 3 - Aroma morno e contido com a fruta mesclada com madeira da barrica. A boca média é tipicamente alentejana com final quente a fruta mas ainda assim aguerrida.

VT - 2004 - 3,5 - Não muito carregado na cor. Frutos silvestres e notas da barrica marcam o nariz. A boca mostra-nos um vinho que aposta mais na elegância do que na força bruta. No entanto, não sei bem porquê achei que faltava qualquer extra ao vinho para lhe dar uma outra dimensão e justificar o preço A nota é capaz de reflectir esse desapontamento.

Generosos

Croft LBV (filt) - 2000 - 3 - A cor já denota uns muitos ligeiros acastanhados. Aroma a figo e passas. A boca é média com os frutos secos a começarem a galgar terreno aos frutos vermelhos. Final ligeiramente alcoólico.

Qt. Infantado (unfilt) - 2001 - 4 - É um vinho que tenho repetidamente classificado aqui porque é dos LBV's no mercado que mais gosto. Desta vez detectei um aroma mais forte a anis do que em anteriores ocasiões. Ainda assim, um LBV que passa por vintage em provas cegas. Boa fruta com garra a aparar-lhe o final. Ainda não se antevêem os frutos secos e não LBV para quem gosta deles macios e fáceis de beber.

Dow's Vintage - 2003 - 3 - Cor impenetrável. Nesta prova o aroma forte a erva-doce, anis, não deixou espaço para mais nada. A boca continua musculada com os taninos bem presentes a não nos deixarem beber descansados. Penalizado claramente, face a provas anteriores, devido ao nariz.

Kopke Vintage - 2003 - 3,5 - Um vintage de agrado fácil. A fruta madura e as notas de chocolate acompanham-nos quer no nariz quer na boca.

Qt. La Rosa Vintage - 2003 - 4 - Aroma madura a fruta, chocolate e ligeiro balsâmico. A boca é gulosa com as notas apresentadas no nariz a confirmarem-se na prova. Um vintage novo fácil e de agrado generalizado e instantâneo.

2 comentário(s):

NOG disse...

Rui,

Como é habitual, dou-te o meu breve comentário: quanto a mim, o VT (T) 2004 e o Quinta do Noval (T) 2004 merecem um pouco mais... Quanto ao Dow's vintage 2003 esse, em minha opinião novamente, merece muito mais (sobretudo face ao Kopke que é um vintage para o mercado americano beber novinho).

Um abraço amigo,

Nuno

rui disse...

Caro Nuno,

acredito que mereçam. Acredito sinceramente que sim. Só que a nossa escala não é de mérito. :)

Excepto o VT (que achei algo indefinido - problema meu porventura), os outros achei que precisam de descansar na garrafa um pouco mais ...

Como são vinhos em que sabia que a expectativa é sempre alta (espera-se sempre que as notas estejam perto do topo) tive o cuidado de explicar a razão do meu não tão elevado gosto. Ou seja, no fundo, tive a fragilidade mental de ter que me justificar perante esses vinhos mais que noutros considerados não tão "importantes".

Como expliquei, na discussão que decorre no post em baixo, não posso dar mais 1 rolha a um vinho que até acho que tem um grande estrutura, e potencial, para me dar um enorme prazer (que não me deu agora) daqui a 2/3 anos. Não seria coerente da minha parte.

Um abraço amigo,
RC

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