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segunda-feira, outubro 15, 2007

Visita ao Douro - As vindimas - Parte II

Sexta-feira, 19h, carro cheio e aqui vamos nós a caminho da Régua. Algumas horas e muita conversa depois lá nos encontrámos com o Nuno do Saca-a-rolha e com o Rui Cunha e o Gonçalo Lopes (os anfitriões do fim-de-semana), e a notícia não era animadora, ainda não era ali que íamos jantar, o petisco estava guardado para a Estalagem do Caçador (onde ficámos muito bem alojados) em Macedo de Cavaleiros, a cento e tal quilómetros dali, lá nos colocámos de novo ao caminho.

D. Antónia Mascarenhas e o seu esposo são o rosto daquele que é o nome mais conhecido dos vinhos de Trás-os-Montes, um projecto familiar iniciado pelo avô de D. Antónia que o tempo e a dedicação transformaram naquilo que é hoje a Quinta de Valle Pradinhos, uma casa com história e tradição que ainda hoje conseguem passar para os seus vinhos, vinhos como se costuma dizer, à moda antiga. Ao que parece existe ainda na garrafeira pessoal da família umas garrafas de 1922. Após a recepção de sexta à noite e algumas horas de conversa que deram origem a meia-dúzia de horas de sono, o sábado de manhã deu início às hostilidades com uma visita às vinhas e à adega, com direito à prova das três aguardentes de lote que compõem a aguardente da casa, é nestas alturas que vejo que sou mesmo um menino...
Desta quinta ficou-me a sensação de que os produtores querem manter um estilo de vinho que seja coerente com a tradição da casa, um pouco voltar ao passado mas àquele em que se fazia vinho de grande qualidade, parece-me a mim que é um caminho difícil mas que estou certo que irão conseguir percorre-lo dado o entusiasmo e a grande capacidade já demonstrados nos produtos que têm saído. Apenas um reparo, parece-me pouco coerente com esta estratégia a utilização de rolhas sintéticas nos vinhos Branco e Rose, desculpem lá mas sou muito chato com isto, se o objectivo é a qualidade e penso que a estratégia de qualidade incluí também os brancos e os rosés, não me parece correcto a utilização de um produto de menos qualidade apenas pelo factor preço, ainda para mais em vinhos onde essa diferenças é muito baixa no preço final.

Despedidas e agradecimentos feitos, lá nos colocámos à estrada em direcção à Aldeia de Jerusalém do Romeu, aldeia que fica no interior das propriedades da Casa Menéres - Quinta do Romeu, um verdadeiro latifúndio que, confesso, não esperar encontrar por aquelas bandas. João Pedro Menéres e a sua equipa esperava-nos junto à adega para uma visita à sua belíssima propriedade, totalmente dedicada à agricultura biológica, onde se produz cortiça (principalmente), azeite (Biológico, com a marca Romeu) e vinho (Porto para venda à Symington, Doc Douro tinto Romeu e Doc Douro branco Julieta ). Percorremos então alguns dos 200 km de caminhos que tem a propriedade e encontrámos locais fantásticos onde me parece que ficava bem o dia inteiro a apreciar a magnifica envolvência de uma terra muito rústica e muito natural. De volta à adega tínhamos à nossa espera uma pátio muito bonito e agradável de onde saíram 2 momentos muito interessantes, o primeiro foi a nova experiência (pelo menos para mim) de provar azeite num copo de prova como se de um vinho se tratasse, confesso que estava reticente mas o belo azeite produzido na quinta provou-me que a ideia de o azeite bebido é nauseabundo, é mentira. O segundo momento foi o perceber realmente o que sentem as gentes do campo no que diz respeito à produção de vinho, a frase "com a minha idade já só tenho mais 10 oportunidades para fazer um grande vinho" mostrou-nos a todos nós (meninos da cidade) a angústia de alguém que ama a sua terra e que querendo tirar dela o melhor produto possível está profundamente limitado pelo tempo e por todos os condicionalismos inerentes, confesso que tendo esta noção bem presente desde sempre, nunca como naquela manhã essas condicionantes me pareceram tão angustiantes.
Sobre esta casa diria que a aposta nos vinhos de mesa DOC será muito interessante, a julgar pelos primeiros produtos lançados, mas julgo que o João Pedro Menéres e a sua equipa deverão manter a sua ambição de fazer mais e melhor, pois pela amostra do azeite de topo que conseguem produzir, parece-me que conseguirão fazer o mesmo nos vinhos.

De modo a evitar que estas descrições se tornem demasiado longas vou deixar a descrição do resto das visitas de sábado para outro post.

2 comentário(s):

Anónimo disse...

Uma descrição digna de um roteiro, ou de alguma revista de turismo. Parabéns.

teste disse...

Confesso que não era essa a intenção, até porque não é esse o meu estilo. De qualquer das formas obrigado... acho eu.

RR

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