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terça-feira, janeiro 22, 2008

Restaurante: Nariz de Vinho Tinto

Na Rua do Conde, perpendicular à Rua das Janelas Verdes, em frente ao Museu de Arte Antiga, encontra-se um pequeno restaurante denominado “Nariz de Vinho Tinto”. Pareceu-nos apropriado o nome e foi lá que um conjunto de malta amiga, e colegas de trabalho, fez o jantar de Natal. Ora bem, percebe-se que este post já está atrasado quase um mês.

Também atrasados chegámos ao restaurante. Mais de hora depois da reserva. Culpa do optimismo do Cristo que marcou jantar para as 20:30 de uma sexta feira antes do fim de semana do Natal. Como é evidente os fechos de última hora no trabalho levaram-nos a sair do local de emprego já passavam das 21:30. Pedimos desculpa pois compreendemos as evidentes contrariedades causadas pelo desrespeito do cumprimento do horário de reserva.

Estacionar o carro não é fácil neste zona antiga da cidade. É preciso dar umas voltas pelas ruas estreitas de empedrado até descobrir um cantinho. Para quem poder, aconselha-se táxi. A entrada do restaurante faz-se para um pequeno hall onde se encontram dois bancos para dar descanso às pernas daqueles que esperam. O hall abre para as duas pequenas salas de estar que dividem o restaurante. Num canto encontra-se um pequeno balcão de apoio onde estão expostas a maiorias das garrafas. Encontram-se em destaque alguns dos “famosos” da nossa praça e percebe-se que estamos em território amigo.

Não me lembro com exactidão das palavras mas ao ler o menu deparamos com qualquer coisa como isto: “A nossa arte é a gastronomia. Se quiser trazer o vinho, está à vontade”. Depois também encontramos referência a uma pequena taxa de serviço que, confidenciou-nos o proprietário, quase nunca é cobrada. Acredito que dependa do gasto final, como é evidente, mas louva-se, e de que maneira, a abertura demonstrada. Suponho que esta possibilidade até deva ser bastante utilizada pois a carta de vinhos denuncia a prática do multiplicativo x2 e x3. Até apresenta uma razoável garrafeira, em diversidade e qualidade, mas os preços são puxadotes. Upa, upa! É muito difícil encontrar um vinho razoável a menos de 30€. Por razoável entenda-se vinhos que para venda ao público, fora de restaurantes, rondem os 10€. Ou seja, nos vinhos mais baratos aplica-se o x3 e nos mais caros, o x2. Uma pena!

E é a única. Realmente a gastronomia é a mais valia da casa. Estilo: típica portuguesa com retoques modernos. Fomos deambulando pelas entradas: bem temperadas as tiras de pimento marron e os tomates cherry, bom presunto e bom queijo de Azeitão. Excelente azeite e “verdadeiro” pão. A sopa de peixe que para mim estava no ponto, acredito que para os adeptos do picante faltava-lhe mais umas gotinhas. Esta primeira investida foi acompanhada por um tinto do Douro, sugestão da casa, que fez jus ao nome mas pela negativa.

Consensus Grande Escolha 2003
Aroma ainda muito marcado pela madeira e já leva uns anitos. Na boca volta-se a sentir o carvalho aliado a alguma fruta em bruto e com pouco jeito. Taninos secos e bem presentes. Um vinho abrutalhado e pouco definido.

Para prato principal, a mesa de comensais dividiu-se e cada um escolheu diferente. Quatro decidiram-se pela carne: perdiz de escabeche, chanfana, cabrito no forno e lombos de porco. Eu preferi o peixe: tranche de garoupa com molho de vinho tinto reduzido em especiarias e amêndoas laminadas. Acompanhado de pequenas batatas cozidas e tiras de feijão verde. Uma tranche bem servida, a não deixar ninguém com fome, de cor branca e macia que era tingida de violeta escuro assim que lhe espetava a faca. O molho forte (devia ser menos carregado nas especiarias pois estava um pouco mais picante do que devia) fazia frente aos vinhos tintos bebidos. Terminado o anterior passou-se a um vinho que tinha curiosidade em beber devido à classificação obtida no guia de vinhos do João Afonso.

Ramos Pinto Collection 2005
Fruta, fruta e mais fruta. Profusão de fruta preta madura quer no aroma quer na boca. Um vinho que impressiona mas que lhe falta alguma elegância e outras dimensões de análise que não apenas a fruta de qualidade. O 18 do João Afonso é um absoluto exagero.


Para terminar, a sobremesa. Quatro escolhemos o leite creme sobre puré de maça. O Cristo escolheu um prato de queijos: São Jorge e um amanteigado que não me recordo o nome (faz-lhe bem o cálcio nesta idade). Os doces não eram os ideais para o vintage que acabámos por pedir (depois da meia-noite já não abundam muitas sobremesas), pelo que tivemos que come-las antes e beber, a solo, o vinho depois. Não foi sacrifício nenhum.

Niepoort Vintage 2005
Aroma profuso a violetas e erva-doce. Diria que cai mais para o lado do floral do que para o lado da fruta-ó-chocolate. Boca potente, aguerrida, com final balsâmico e ligeiro ardor alcoólico. E foi neste ponto penalizado por isso.


Já era bastante tarde quando saímos do restaurante. Há muito que éramos os últimos clientes. Isto não é novidade nenhuma para quem nos conhece e para quem acompanha os nossos relatos de visitas a restaurantes. É ainda mais verdade quando encontramos, do outro lado da “barricada”, um interlocutor que também gosta de falar e de contar histórias. Feitas as contas, na despedida ficou a promessa de voltarmos pois a comida é realmente boa e o serviço atencioso. Como explicitamente nos “convida” a trazer o nosso vinho de casa, pode contar com a nossa próxima visita “montados” numa furgoneta carregada de vinho. Ah pois é, nós não perdoamos benesses dessas.

7 comentário(s):

Pedro Sousa P.T. disse...

Da próxima vez que forem, digam qualquer coisa, pode ser que eu vá(estou a brincar, desculpem a ousadia). Realmente a política de lavar o nosso vinho, deveria ser em uma actividade em expansão, para poder aliviar a carga financeira exagerada das cartas dos vinhos dos restaurantes.

João de Carvalho disse...

E o preço final por pessoa com e sem vinho foi de... ?

rui disse...

Caro Pedro,
essa ideia (do convite) anda a ser trabalhada há já algumas semanas internamente. A ver se conseguimos montar uma coisa gira.

No restante, inteiramente de acordo.

Um abraço,
RC

rui disse...

O vinhos tintos custaram 30€ cada um. O vintage custava 100€ mas foi feita uma atenção e baixou para os 80€.

Sinceramente não me lembro do total mas em relação à comida não choro o dinheiro. Comemos bem.

RC

João de Carvalho disse...

Já vi que por aqui não adianta uma pessoa tentar informar-se.

Anónimo disse...

Bom, se me quiserem convidar a mim eu também vou... Eh eh eh!
Estou a ver para quando é que será o próximo encontro de eno-blogs...

rui disse...

Caro Kroniketas,

se a ideia for para frente, o objectivo é convidar toda a gente.

Um abraço,
RC

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