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terça-feira, junho 17, 2008

O Futuro do Vinho

O nosso Ricardo enviou-me, há um mês atrás, um mail cujo subject versava a seguinte frase “Um relatório sobre o futuro do vinho”. No corpo do mesmo, uma nota: “...um relatório que aponta a China como maior produtor mundial de vinhos daqui a 50 anos”. Em anexo, o respectivo relatório. Curioso, li o relatório com atenção e fiz nota mental para dar conta do mesmo aqui no blog.

A Berry Bros. & Rudd (Wine & Spirit Merchants) é uma empresa britânica que se dedica ao negócio dos vinhos já faz mais de 300 anos. Tem um nome respeitável na praça, tem nos seus quadros um número significativo de Masters of Wine (#4) e considerou ter experiência e conhecimento suficientes para produzir um relatório com indicações sobre o futuro do vinho no ano 2058. O chamado prognóstico a 50 anos de distância.

O relatório é muito interessante (podem fazer o download no site da BBR). Apresenta algumas ideias que na minha opinião vão ser atingidas em muito menos tempo do que o previsto (o mundo “gira” cada vez mais rápido) e existem outros conceitos apresentados que vão deixar de ter sentido devido a alterações bruscas no futuro (tecnológicas, naturais, sociais, politicas) que, não se conseguindo agora prever, vão com certeza tornar qualquer ideia avançada hoje completamente descabida e obsoleta. Ainda assim, deixo aqui um resumo das principais ideias.


Mudanças Climáticas e Geo-estratégicas

O aquecimento global é umas maiores preocupações mundiais. No mundo do vinho, as alterações climáticas têm-se feito sentir de forma marcante e bem visível. Países que, há umas décadas não pensavam em plantar um pé de vinha, começam a surpreender nos mercados internacionais.

Segundo este relatório, esta mudança nas regras da natureza vai transformar o mapa vitivinícola mundial. Lá se vai o conceito de terroir francês para passar a haver um conceito de terroir (gostava de colocar a palavra em mandarim mas, infelizmente, não sei) chinês.

O conceito do New New World é uma das primeiras buzzwords que nos é apresentado. A China vai ser a líder do mercado de volume em 2058. Países de menor expressão hoje em dia, como a Ucrânia, Croácia e a Polónia, passaram a ter um maior peso nos mercados. O Canadá será outro beneficiado. A Índia pode ser uma verdadeira ameaça com terreno que nunca mais acaba por onde escolher e investimento barato.

A Austrália vai ser uma das mais prejudicadas. Secas vão devastar o país e apenas nas zonas mais frescas vai sobreviver uma produção de vinho caro e raro.

Estas mudanças vão obrigar os grandes produtores das regiões afectadas a deslocalizar e investir de forma agressiva nos países emergentes.


Mudanças Comercias e Marketing

Com a alteração do mapa mundi vitivinícola deixa de fazer sentido apelar ao terroir. Ninguém quer saber que as uvas vêm na realidade da Índia. O caminho vai passar pelo nascimento das grandes, grandes marcas mundiais. Sem denominação de origem com vinho proveniente dos vários cantos do mundo mas homogeneizado num estilo, dessa marca, reconhecido em qualquer lado.

As pessoas vão passar a pedir o vinho pela marca ou pelo sabor. Sim, as uvas vão ser modificadas geneticamente para passarem a saber a isto ou àquilo.

Vai deixar de haver vidro nas prateleiras dos supermercados. As garrafas são coisas do passado. O vinho passará a ser transportado em contentores de grande capacidade e empacotados no país de venda. A Tetra Pak já esfrega as mãos de contente.


Mudanças Tecnológicas

Não é possível parar o progresso. A necessidade de maior produção e menores custos vai potenciar a alteração genética das uvas. Vai passar-se a produzir mais vinho, com o sabor que se quer, com as calorias que se quer e com nível de álcool que se quer.

A rolha de cortiça é impensável daqui a 50 anos. Mesmo nos vinhos de topo, será utilizada uma rolha de um material sintético que imite as mais valias da cortiça e que possa conter um microchip que faça a leitura em tempo real, por exemplo, do estado do vinho e das suas características. Até que enfim, iremos saber com exactidão se o vinho tem cheiro a “rolha”, e antes de abrir a garrafa.


Mudanças Sociais

Decorre das mudanças enunciadas em cima que a nossa forma de encarar o vinho vai mudar. A maioria destas ideias vai afectar inexoravelmente o mercado do volume. Será deixado para o mercado dos vinhos de topo e de qualidade superior, a terrível tarefa de lutar contra a maré. Os últimos baluartes da tradição. Esta defesa será feita à custa do preço e da (in)disponibilidade.

Os preços dos vinhos de qualidade superior vão disparar para coisas nunca vistas. A disponibilidade vai ser gerida pelos produtores de modo a que só aqueles que tiverem (muito) dinheiro tenham acesso aos seus vinhos. Estes vinhos passarão (ainda mais) a ser o privilégio de apenas alguns (ainda menos). Este aumento do preço promoverá o aumento da falsificação de vinhos de grande marcas.

Prevejo eu que, em Portugal, o acesso a estes vinhos será cada vez mais difícil. Os muito bons passarão a ser quase todos exportados e extremamente caros.


Em resumo, é mais ou menos este o futuro do vinho. Enquanto consumidores, é também o nosso. Assim sendo, proponho já, a alguma instituição financeira interessada, a criação de produtos bancários que nos acautelem o futuro. Não tenho nenhum PPR, mas faço de bom grado um Plano Poupança Vinho Futuro (PPVF) de modo a garantir uns tostões para poder comprar uma garrafita de bom vinho, mesmo que, daqui a 50 anos, se lá chegar, só consiga beber vinho por uma palhinha (Riedel, claro).

7 comentário(s):

Anónimo disse...

se for pra ler como uma piada, até vale. mas tá muito, muito ruim esse texto.

Luis Prata disse...

Está bastante interessante. A ver se chegamos lá para confirmar ou desmentir. Logicamente muita coisa vai mudar, espero eu que não tão drasticamente pois iremos perder muita coisa boa.

A mudança genética das uvas é um tema mais sensível, e um pouco assustador. De qualquer forma, penso que tal poderá mesmo vir a acontecer... infelizmente...

Fernando Santos disse...

Boas,

Tens de acabar com os comentários dos anónimos... já chateia!

Abraço,
Fernando

Anónimo disse...

Apoiado, essa malta anda aí sem sequer dizer quem é...

Pedro Sousa P.T. disse...

Traças-te um futuro um tanto ao quanto negro, não? mas está certo, é legítimo pensar assim, pois ultimamente andamos na generalidade com pensamentos futuristas bem negativos.
Bem enquanto esse futuro não chega, vamos é mas é beber umas pingas, antes que o preço dos vinhos de qualidade não dispare e
passe para o lado exclusivo dos magnatas.

Anónimo disse...

Riedel e não RIDEL...

Faz favor.

Textos Light, é o que se quer.

Espremidos dá para uma garrafa de 3,75

rui disse...

Tem razão. Já alterado.

RC

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