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domingo, fevereiro 17, 2008

Jantar da Revista de Vinhos: “Os melhores do Ano” 2007

Este ano, o grosso dos blogues convidados ficou na mesa 84. Descemos três mesas na classificação. A este ritmo, para o ano, ou não nos convidam ou têm que acrescentar mesas à sala de jantar. Talvez, uma mesita mais baixinha para os putos que fazem barulho e não se sabem comportar à mesa dos graúdos. :)

Ainda assim, correndo o risco de descalabro classificativo, a malta bloguista não se mostrou envergonhada na prova dos vários vinhos à disposição do jantar. A crítica foi viperina e, com o entre e sai de prémios excelência e melhores de cada região da nossa mesa, ainda hoje estou com a sensação que não havia um vinho de jeito. :) Era só murraça!

Mudando para um registo mais sério, devo dizer que este ano o jantar decorreu mais escorreito. Os discursos de entrada pareceram-me mais curtos (incluindo o do ministro da agricultura, do qual ainda ouvi meio-dúzia de palavras) e a divulgação dos vencedores dos prémios também se fez em melhor ritmo.

O jantar esteve a cargo da Solinca/Chef Hélio Loureiro, que cumpriu. Ao contrário do caril do ano passado que empestou o ar, comprometendo a prova dos vinhos, este ano os pratos foram mais “neutros”, tal como se pretende perante os verdadeiros protagonistas: os vinhos. Realce especial para a sobremesa, onde o Mil Folhas de Chocolate a 85% de Cacau Michel Cluizel, que estava delicioso, não desapontou a expectativa que a “precisão” de um nome destes causa ao lermos a ementa.

Entre a dezena de vinhos que rodaram na nossa mesa, houve dois que, para mim, se destacaram. Casa Ferreirinha Reserva Especial 1997 e Gouvyas Vinhas Velhas 2005. E porquê? Porque, numa prova de vinhos que estavam à “famosa” temperatura ambiente (acima dos 20º, devido a esse conceito infernal inventado no século XX denominado ar condicionado), foram os vinhos que para mim se apresentaram mais frescos na boca. Em todos os outros, a madeira, as notas químicas, o álcool e a adstringência sobressaiam em demasia, demonstrando-me mais uma vez que nestes jantares não dá para fazer um juízo correcto e honesto dos vinhos provados. Uma melhoria que tornaria, a meu ver, o jantar da entrega dos prémios “Os Melhores do Ano” ainda mais especial.

Outra melhoria urgente, que importa ver resolvida para bem de qualquer jantar com 800 pessoas, é o café no final da refeição. Devia-se dar um prémio Nobel qualquer (da Paz, da Física, da Química, o que quiserem) a quem conseguir inventar um sistema capaz de servir um café de máquina bem tirado em eventos com este número de pessoas. Sinceramente, para quem gosta de um bom café a finalizar uma excelente refeição, uma chávena de café de cafeteira, aguado e frio, é como coitus interruptus. Preliminares sem concretização. Fica sempre um amargo de boca. :)

Depois de ter mudado de registo novamente no parágrafo anterior, deixo a lista dos vencedores. A azul aqueles que a Revista de Vinhos teve a coragem de premiar de acordo com a minha previsão de dias atrás. :)

Prémios Excelência
Murganheira Assemblage Espumante Távora-Varosa Branco 1995
Anselmo Mendes Vinho Verde Alvarinho 2005
Dorado (Quinta do Feital) Vinho Verde Alvarinho 2006
Soalheiro Primeiras Vinhas Vinho Verde Alvarinho 2006
Auru Douro Tinto 2001
Alves de Sousa Reserva Pessoal Douro Tinto 2003
Batuta Douro Tinto 2005
Charme Douro Tinto 2005
Gouvyas Douro Vinhas Velhas Tinto 2005
Lavradores de Feitoria Douro Grande Escolha 2004
Pintas Douro Tinto 2005
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa Douro Tinto 2005
Quinta do Infantado Douro Reserva Tinto 2005
Quinta do Vale Meão Douro Tinto 2005
Vértice Douro Grande Reserva Tinto 2003
Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador Dão Tinto 2005
Quinta da Falorca Garrafeira Dão Tinto 2003
Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas Santa Maria Regional das Beiras Tinto 2005
Quinta do Ribeirinho Pé Franco Regional das Beiras Tinto 2005
Quinta do Monte D'Oiro Regional Estremadura Reserva Tinto 2004
S de Soberanas Regional Terras do Sado Tinto 2004
Dona Maria Regional Alentejano Reserva Tinto 2004
Paulo Laureano Regional Alentejano Alicante Bouschet Tinto 2005
Quinta do Carmo Regional Alentejano Reserva Tinto 2004
Terrenus Regional Alentejano Reserva Tinto 2004
Vale do Ancho Alentejo Reserva Tinto 2004
Zambujeiro Regional Alentejano Tinto 2004
Quinta do Noval Porto Colheita 1986
Barbeito Lote Especial Madeira Malvazia 30 anos
Relíquia Aguardente Velhíssima Reserva Especial


Neste lote houve algumas surpresas. Os brancos tiveram que ser verdes porque o Redoma Reserva 2006 não está aquela máquina. O Auru já anda por ai há uns tempos, não é novidade nenhuma, mas pelos vistos com o tempo apurou e atingiu a excelência. O Alves de Sousa foi alvo de nota na revista de vinho aquando do seu lançamento mas depois não entrou na prova dos melhores do Douro, nem no confronto ibérico, pelo que o pensava esquecido. Não apostei no Qt. Infantado e no Vértice porque pensei que não tinham “peso político” para se imiscuir na luta dos grandes. São capazes de ser os mais baratinhos dos tintos. O Qt. da Falorca aparece para o Dão não ficar sozinho com um único representante pelo 2º ano consecutivo. As notas de prova na RV não o apontavam ao estrelato. O QT. Ribeirinho é aquele vinho que ninguém vê, ninguém compra, ninguém bebe, ninguém sabe onde pára, mas lá vai aparecendo no guia (não nas edições da revista) com notas upa-upa. Só apostei no ‘S” de Soberanas porque a região de Setúbal tinha que ter o seu representante mas, sejamos francos, pelo que provei no jantar, é preciso ter uma certa lata. O Terrenus Reserva tinha sido melhor da região do Alentejo nos prémios do ano passado pelo que ninguém estava à espera que este ano subisse de escalão. O Barbeito e a Aguardente são para enfeitar a lista e dar-lhe alguma cor através da diversidade.


Nas restantes categorias temos um problema: não me lembro de todos e não apontei. A partir do momento em que a melhor campanha publicitária do ano não foi ganha pelas Caves Montanha com a Soraia Chaves, desliguei. Escandaloso, não ter ganho a Soraia com os seu coelhinhos brancos. Fiquei tão revoltado que até apaguei da memória quem ganhou esse prémio. Ficam aqueles que me lembro. Pode ser que nos comentários alguém ajude a preencher o resto.

Produtor Revelação do Ano: Colinas São Lourenço (Bairrada)
Produtor do Ano: Casa de Santar (Dão)
Empresa do Ano: Qt. Portal (Douro)
Empresa de Vinhos Generosos do Ano: ?
Técnico de Viticultura do Ano: ?
Enólogo do Ano: Carlos Lucas (Dão Sul)
Enólogo do Ano Vinhos Generosos: David Guimarães (Fonseca)
Organização Vitivinícola do Ano: Douro Boys
Adega Cooperativa do Ano: Ad. Coop. de Monção
Enoturismo do Ano: ?
Garrafeira do Ano: Wine o’Clock
Escanção do Ano: ? (foi uma mulher, disso lembro-me)
Restaurante do Ano: ?
Restaurante Cozinha Tradicional Portuguesa do Ano: Tomba Lobos (Portalegre)
Prémio Especial de Gastronomia: ?
Prémio Especial “Senhor do Vinho”: ?
Campanha Publicitária do Ano: ?

Nestas categorias, as surpresas foram bem maiores. Um tremendo buuu! da mesa 84 ao produtor revelação do ano. Como é que a Qt. das Marias com vários vinhos (tintos e brancos) com notas acima dos 16 valores não ganha enquanto as Colinas de São Lourenço têm dois vinhos que se vêm. Um corrente e o outro já numa gama premium. A Casa de Santar como produtor do Ano? Só se for por ter colocado o Casa Santar 2005 nos vencedores dos vinhos até 4€ (nem em promoção consegue baixar a esse preço) e o Reserva nos vencedores do vinhos até 10€. Discutível! O enólogo do ano também causou bastantes torceres de narizes na mesa 84. O prémio da Qt. do Portal, com os milhões que tem investido, assenta-lhe que nem uma luva. :)


E passou-se assim mais uma entrega de prémios da RV. As últimas despedidas aos amigos e conhecidos, a chamada para a rádio táxis de Santarém, os 60km de volta para Lisboa e o sábado para recuperar. Para o ano, se a RV quiser, há mais.


p.s. acrescento, passados uns dias, este post scriptum, pois só agora consegui roubar no blog "Uma visão pessoal sobre vinhos" o resto dos premiados:
Empresa do Ano (Vinhos Generosos): José Maria da Fonseca
Viticultura do Ano: Vine & Wines
Enoturismo do Ano: Herdade da Malhadinha Nova
Restaurante do Ano: Valle Flôr (Lisboa)
Escanção do Ano: Ana Paula Lopes
Prémio Especial Gastronomia: Chef Vítor Sobral
Senhor do Vinho: Peter Symington
Campanha Publicitaria do Ano: Adega Mayor

Para a próxima, prometo maior profissionalismo e aponto :)

3 comentário(s):

Pumadas disse...

Essa do Barbeito ser para enfeitar não percebi. Uma coisa é não gostar de madeira.....


Cumps,

rui disse...

Caro Pumadas,

essa questão pode-se colocar tb à aguardente, já que chamei de enfeite aos dois. Mas em ambos os casos não quis de algum modo por em causa a sua qualidade. Até porque não os provei antes deste jantar (que não conta por tudo o que já expliquei no post). Logo, tenho que acreditar que têm qualidade e merecem a distinção.

O único sentido que quis dar a esta expressão é a seguinte: todos os anos a RV escolhe dois ou três vinhos (geralmente nos generosos) que quase ninguém vê à venda e, como tal, ninguém prova. Geralmente são vinhos de colheitas com mais de 30/40 anos, quer madeira quer portos, ou um moscatel roxo qq que custa um balúrdio e é uma raridade. Com certeza que são bons mas a esmagadora maioria nem os chega a ver nas prateleiras quando mais prová-los.

A lógica de os comparar à estrela dourada que fica no topo da árvore de Natal, é mesmo essa: são para dar um toque especial extra à lista. Por outro lado, não se pode encher a árvore de Natal cheia de estrelas douradas. Ou seja, se a RV quisesse enchia a lista de prémios excelência de madeiras e portos velhos com notas 19 e afins (ver as provas verticais de Qt. de Noval Nacional, por exemplo). Claro que nesse caso não dava para ver a árvore (os vinhos brancos e tintos).

Se alguma crítica existe na utilização daquela expressão, é a dificuldade em encontrar tais estrelas douradas para enfeitar a “nossa” (simples consumidores) árvore de Natal. Não se pode retirar, da utilização da mesma, a ideia que não gosto de Madeiras ou de Aguardentes. Os vinhos (ou tipo de vinhos) de que não gosto, as pessoas sabem quais são, pois nunca o escondi.

Um abraço,
RC

João de Carvalho disse...

Como nota curiosa, nos prémios de Excelência o Alentejo mudou todos os prémios em relação ao ano passado.

Setúbal viu perder um lugar e apenas apresentou um vinho, que se mostrou como novidade. Bem mais Alentejo mas que se pode fazer.

As repetições aparecem mais com o Foz Arouce,Vinha Contador e no Douro onde alguns vinhos marcam presença ano após ano, mas realmente a qualidade é de excelência.

O que pode fazer algum espanto é vinhos como Vértice Grande Reserva 2003, Vale Ancho 2004 ou mesmo um repescado Auru 2001 serem excelência. Quando na mesma zona de onde estes vieram temos vinhos que se mostram com mais capacidades para tal.

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