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quinta-feira, abril 17, 2008

VinhoaCopo Convida / 10abr – Notas de Prova

Depois de deixar respirar por uns dias o post relativo ao evento, chegou a hora de deixar aqui as minhas notas de prova. Algumas notas prévias:

- As provas no evento decorreram em prova cega para os outros. Eu claro, sabia que vinhos eram e em que garrafas estavam.
- Curiosamente, ou não, andei em contra-ciclo com os restantes. A verificar nos eventos seguintes se a tendência se mantêm e tentar perceber o porquê.

- Quem acompanha os posts que faço trimestralmente, com as min
has notas de prova, sabe que os vinhos são quase todos provados/bebidos em refeições/petiscos e em convívio. Esta forma de provar “a seco” é nova para mim e, já confessei aqui, não é do meu agrado. Prefiro ter tempo para beber um copo valente, ou mesmo dois do mesmo vinho, e ver como ele se comporta. Fazendo um juízo crítico, eu diria que os vinhos provados nas sessões do VinhoaCopo Convida vão ser, provavelmente, quase todos subvalorizados na nota que lhes atribuirei.


Os Vinhos Planeados

Cavalo Maluco 2005 (Terras do Sado)
Aroma frutado com os tostados da madeira de estágio. Boca cheia a fruta madura com impacto inicial doce. Um vinho muito novo mundo que realmente engana em prova cega. Como foi dito ao desvendar o rótulo: "este não é terras do Sado, é torrado". Curiosamente não agradou à maioria contra todas as expectativas. Ou então, as pessoas começam-se a cansar deste estilo.

"Mouro" (Qt. Mouro) 2005 (Alentejo)
Aroma ligeiramente vegetal a conter a fruta. A boca é fresca com boa acidez. Alguma adstringência final e sensação amarga. Um Alentejano que engana, não fosse ele engarrafado para um Srº que já confessou não gostar de fruta nos vinhos (Dirk Niepoort). Um vinho que, acredito, funcionará melhor com comida por perto. Não pode comprovar.



Monte da Cal Aragonês 2004 (Alentejo)
Aroma a madeira molhada. Algum toque animal e muitas notas vegetais marcaram o aroma inicial. Achei algo estranho e confesso que tive algum receio de influenciar a opinião dos outros quando me saiu um sonoro "Elá! Temos que abrir a outra garrafa para ver se está igual." E estava. E os meus medos eram infundados. Ninguém ligou patavina ao que eu disse e acabou por ser o vinho melhor classificado dos três. Na boca deu melhor conta de si. Ainda assim, sempre num tom mais vegetal que frutado, o que a maioria considerou que lhe dava uma aura de frescura. Eu sinceramente não gostei.


Ouve outros vinhos que surgem em prova paralela e ainda outros que acompanharam o jantar que se seguiu no York House.


Os Vinhos de Prova Paralela

Vinha Val' dos Alhos Castelão 2007 (Terras do Sado)
Aroma muito novo a fruta vermelha muito madura e madeira nova. Tudo muito efusivo e exposto. A boca é estranha com a doçura inicial a dar lugar a um final com notas vegetais, alcoólicas e adstringentes. Sinceramente, quem é que se lembrou deste nome? É enorme a facilidade com que nos escapa a língua para a alcunha "em vinha d'alhos"
.

Gouvyas Vinhas Velhas 2003 (Douro)
Aroma um pouco preso mas com notas típicas do Douro. Alguma esteva. A boca é redonda, com boa presença e os vários elementos em feliz casamento. Um vinho contido, pouco exuberante mas que se bebe com enorme prazer. Pareceu-me faltar-lhe uma maior vivacidade que encontrei em provas anteriores. Ainda assim pens
o que precisava de uma maior vivacidade e daí não lhe aumentar a nota.


Os Vinhos do Prolongamento

Qt. Porrais 2005 (Douro)
Aroma com fruta bem madura em evidência. Um pouco doce com toque de rebuçado. Boca continua a mostrar-nos um vinho com concentração de fruta mas algo mole. A precisar de maior frescura e maior longevidade. Tentar compensar através de ligeiro arrefecimento.

La Rosa Reserva 2005 (Douro)
A madeira ainda marca o aroma. Madeira de cedro. Alguns balsâmicos. A boca apresenta grande estrutura com a fruta a conseguir sobrepor-se ligeiramente à madeira. Um final ainda por domar. Mais um vinho de topo do Douro que vem comprovar que o ano de 2005 trouxe-nos vinhos mais difíceis de beber aquando do seu lançamento comparativamente à colheita de 2004. Dirão uns: "aguentam mais tempo". Pois, não sei, esta não durou.


Foram também provados dois brancos, Fundação Oriente Colares e Provam Vinha Antiga Alvarinho, para os quais não vou fazer comentários em virtude da minha assumida deficiência nesta área. Um rosé, Qt das Marias 2007 que, apesar de apresentar uma cor mesmo muito ligeira, tem uns impressionantes 14º. Pareceu-me fraquinho e descabido de conceito. Um tinto, Muxagat 2003 que tinha aroma estranho, alguém aventou na mesa a possibilidade de rolha e eu aprovei para saltar um que já tinha provado em outras ocasiões. E por fim, à sobremesa, tivemos um muito curioso vinho de Carcavelos da Estação Agronómica Nacional que, não tendo data de colheita ou de engarrafamento, não apresento descrição de prova.


A ver o que nos espera o próximo VinhoaCopo Convida no dia 08 de Maio.

16 comentário(s):

Pedro Sousa P.T. disse...

Pois é amigo, eu fui um dos que não achou muita piada ao Cavalo Maluco, e achei bem interessante o Monte da Cal. Enfim, contingências!!! No entanto partilho a mesma opinião quanto à prova de vinhos a sêco. É um tanto ao quanto estranho. Faz-me falta uma comidinha. Temos que começar a levar uma "bucha" para as provas:)
Abraço

Anónimo disse...

"alguém aventou na mesa a possibilidade de rolha "

Caros amigos, ou tem TCA ou não tem TCA. Não há cá possibilidades. Expôem a vossa opinião ( e ainda bem ), mas têm que ter cuidado com o que dizem.
Se o vinho não tem qualidade é uma coisa, agora se o vinho talvez tivesse rolha é outra. Não se esqueçam que por trás dos rótulos estão pessoas que vivem o vinho e que vivem do vinho.

Não podem lançar suspeitas sobre a qualidade de um vinho quando não há certezas. Quem não sabe nao opina. Vocês, como parecem que até sabem qualquer coisa, cuidado com a forma como(o)pinam.

João de Carvalho disse...

Caro Ricardo apenas um pequeno detalhe quando dizes:

Fazendo um juízo crítico, eu diria que os vinhos provados nas sessões do VinhoaCopo Convida vão ser, provavelmente, quase todos subvalorizados na nota que lhes atribuirei.

Tendo em conta o que dizes, em que quase todos os vinhos vão ser subvalorizados nas notas que lhes vais atribuir, até que ponto será interessante ou viável atribuires notas aos vinhos ?

O Quinta de Porrais 2005 é branco ou tinto ? é que pela nota de prova tanto pode ser branco como tinto.

Anónimo disse...

Achas mesmo que é branco Copo de 3???
Eu duvido muito porque estes 5 indivíduos não gostam de branco!


Vinho é tinto.

Fernando Santos disse...

Boas,

Desculpem a ausência mas fui para terras de Praga beber... cerveja!

Foi realmente uma surpresa, ou não, dar a melhor nota para o vinho mais barato, até que ponto somos conhecedores? Eu sei que ainda tenho um longo percurso a percorrer, não sei porquê mas depois desta prova, remete-me para uma longa viagem até ao Tibete na procura da sabedoria.

Mas afinal se o famoso júri diz que o Cavalo Maluco é o melhor vinho e a maioria da malta não concordou (ou gostou menos) apenas provou que o Cavalo Maluco foi o vinho que maioria presente nesse júri gostou mais.... estou confuso foi do excesso de cerveja dos últimos dias.

Seria muito mais honesto nestes grandes eventos depois the classificarem os vinhos pela sua qualidade houvesse uma classificação para o gosto pessoal de cada um dos júris, até que ponto o gosto pessoal se cruzaria com a qualidade do vinho?

Abraço,
Fernando

P.S. Eu apoio a leva de uma garrafa e uma bucha por participante... julgo que todos nós gostávamos de ouvir a opinião da malta sobre alguns dos vinhos que temos na "cave".

rui disse...

Caro Anónimo,

Um vinho ou "tem TCA ou não tem TCA" é inteiramente correcto. Acontece que apenas através de análise técnicas se pode comprovar que se trata de TCA e não de TBA ou de outra contaminação de nome mais ou menos complicado. Ou seja, designamos "rolha" a tudo aquilo que nos parece uma contaminação com determinadas características.

É porventura injusto para industria da cortiça pois nem todas estas maleitas se devem realmente à rolha. Houve há tempos uma discussão interessante na RV sobre esta matéria que até durou 2/3 edições com respostas e contra-respostas de gente ligada ao sector.

Posto isto, se calhar não deviamos gritar "rolha" mas sim qualquer coisa como "contaminação devido a algo". Só não sei se consigo que esta moda pegue.:)

Em relação ao facto de lançarmos suspeitas sobre algo que não conseguimos provar (felizmente o meu nariz não é uma estação laboratorial), penso que então nunca podíamos dizer que determinado vinho nos parece "doente", ou que determinado vinho tem excesso de acidez, ou taninos duros, ou madeira a mais ou que cheira a isto ou sabe àquilo...enfim não podiamos dizer nada sobre o vinho.

Nós não devemos nada a ninguém, pagámos o vinho como normais consumidores e temos a liberdade total para darmos a nossa opinião sobre os mesmos. Sempre como consumidores. O cuidado que temos com o que dizemos provêm da nossa autocrítica, do nosso bom senso, do nosso sentido de ridículo e da nossa consciência.

Neste caso particular, quem aventou a tal possibilidade até é uma pessoa que prova e sabe muito mais de vinhos do que eu, pelo que dou a "suspeita" como boa.

Um abraço,
RC

rui disse...

Caro Fernando,

não se pode fazer qq ligação entre os dois eventos. Afinal de contas o GJE não provaram o Monte da Cal. :)

Falando a sério, acho que não devemos comparar os dois eventos, os seus objectivo, as circunstâncias, as pessoas, etc.

Também não acho que devemos tirar quaisquer conclusões sobre a capacidade de prova ou conhecimento dos provadores. Apenas se pode retirar a conclusão, nesta primeira sessão do VinhoaCopo Convida, que o vinho que em média as pessoas mais gostaram foi o mais barato. Ponto final.

Se tivermos um série continuada de resultados idênticos, podemos então começar a especular coisas interessantes.

De qq modo a mim não me choca nada este resultado. Sempre aqui defendi que as pessoas podem gostar (com facilidade) de vinhos mais baratos quando comparados com vinhos mais caros. Aliás, se virmos bem, se isso não acontecesse, isto do vinho era tão redutor como especulativo. Gostávamos todos do mesmo e do mais caro.

Um abraço,
RC

Fernando Santos disse...

Boas,

Claro que não podemos comparar os eventos, é apenas uma curiosidade que provavelmente se repete muitas vezes em eventos similares. Mas oh, Rui a malta é que sabe! A malta é que compra os vinhos... ;)

Abraço
FS

Anónimo disse...

Eu por mim não atribuia especial relevância à prova do GJE e ao facto de terem chegado a resultados tão diferentes da vossa opinião. É isto mesmo que se trata: opiniões.
Não precebo aliás como se dá tanta importância à opinião de uns maduros que vieram "certificar" a qualidade dos vinhos portugueses, exaltam os vinhos do Douro e depois escolhem como melhor mais um «australiano»!

rui disse...

Caro JGR,

e não damos. Se reparaste, no meu post sobre o evento do GJE em Portugal, eu divulguei os vencedores (tinha que o fazer) mas não me debrucei sobre os resultados. Todo o sentido do post foi sobre a utilização da estatística como ajudante na percepção dos resultados finais.

No mais, as referências ao mesmo tem sido sempre em tom de brincadeira. E pegando na tua "alfinetada" aos resultados do GJE, pergunto-me:
- E se em vez de GJE se chamassem, GJA (Grand Jury Australian)? Se calhar, como hoje está na moda valorizar em demasia o que é diferente do (nosso) habitual, tinha ganho o Bairrada mais taninoso que houvesse em concurso. :)

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Não concordo com a prova do DOC Palmela 2007, é um grande vinho 14,7º é pena estar esgotado porque foi inteiramente para a exportação.
Não sei ainda onde este vinho tem madeira, muito menos nova. foi engano ou confusão

Um abraço

rui disse...

Caro Anónimo,
tem todo o direito a discordar da minha opinião. Espero que me conceda o direito de discordar da sua.

Se o propósito era reforçar/provar a ideia, de que o vinho em causa é um grande vinho, através da divulgação do grau alcoólico, considero que há muito que a maioria dos enófilos sabe que a elevada percentagem de álcool não tem correspondência directa com a qualidade do vinho. Apenas se sabe que o vinho é alcoólico. Veja-se o Qt. da Leda 2005 "apenas" com 12,5º.

O facto do vinho ter madeira, ou melhor, ter passado pela madeira, diz-nos o site da Casa Agrícola Horácio Simões (basta procurar no google). É verdade que não diz se é nova ou não. No entanto, a minha referência ao aroma a madeira nova, deve ser encarada de forma mais lata, e pensar-se em aromas próximos da baunilha, caramelo, leite condensado. É verdade que ninguém pode afirmar que se trata de madeira nova, ainda por cima agora já todos podem utilizar as aparas de madeira que lhe dão o "efeito" sem precisarem de sair do inox.

Por fim, se pretender adquirir o vinho, que foi "inteiramente para exportação", pode visitar, física ou virtualmente no seu site, a muito portuguesa garrafeira Entrecampus. Pode encomendar as que quiser (está a 4,80€).

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Parece-me um pouco armado em xico esperto, ou sabe tudo.

O vinho que está na garrafeira Entrecampus, corresponde a um lote diferente do vinho de que falo. Como diz podemos discordar, mas na sua resposta o Sr. parece não permitir isso.

Quanto á madeira, fez ali um S, fez bem os bons tambem se enganam.

Um abraço
Afonso

LS disse...

Olá
Chamo-me Luís Simões e sou o enólogo da Casa Horácio Simões.
Tive conhecimento desta conversa sobre um dos meus vinho, DOC Palmela, quero serenar um pouco a questão em torno do nosso vinho.
O vinho tem que ser visto como uma fonte de união e não ser utilizado para discussões sem sentido. Todos nós como enófilos assim o queremos.
Somos uma casa pequena familiar situada na região de Quinta do Anjo, uma casa secular que só á pouco tempo entro no mundos dos engarrafados, primeiro pelos Moscatéis Setúbal e Roxo, e só agora nos Tintos.
Fico satisfeito por ter provado um dos nossos vinhos, somos livres de discordar ou não. O vinho em questão é um vinho da casta Castelão 100%, da colheita 2007, realmente com 14,7º, (pois só assim esta casta mostra as suas capacidades, com 12,5º como diz no exemplo com castelão tem vinhos desequilibrados, com pouco volume de boca, sem longevidade, não aconselho) as suas uvas provem de duas vinhas muito velhas (80 anos). Foram feitos dois lotes, um inteiramente para o mercado exportação Canadá e o outro está no mercado nacional, foram vinhos que realizaram a FML em madeira de Carvalho Francês em tonel de grande capacidade.
A nossa casa só agora investe nos vinhos de mesa, por isso mesmo queremos ir evoluindo com os anos, trazendo para nossos clientes consumidores que procuram vinhos diferentes, personalizados.

Um abraço
Luís Simões

rui disse...

Caro Afonso,

se andamos a falar de vinhos diferentes, então sim tem razão, há por aqui uma grande confusão.

Eu provei um vinho do qual escrevi a minha percepção sobre o mesmo. O vinho, com o mesmo nome encontra-se na referida garrafeira. Não consigo saber se é de um lote diferente ou não daquele que provei. Acho estranho porque o vinho que provei provem da referida garrafeira.

De qq maneira, decorre das palavras do enólogo da casa produtora do vinho que ambos os lotes passam pela madeira, pelo que está respondida a sua intervenção "Não sei ainda onde este vinho tem madeira..."

Aliás, a prova de que não sei tudo, tive o cuidado, antes de responder-lhe, consultar o site da casa produtora onde já tinha encontrado a referência à utilização de madeira.

Este é um pormenor que, sinceramente, me é indiferente.Não quero saber se foi utilizada a madeira A, B ou C. A minha percepção na altura foi que o aroma tinha notas dentro do espectro aromático que lhe indiquei. Estava convencido disso e por isso o escrevi. Se o termo "madeira nova" é incorrecto, dúbio, enganador, ou ofensivo, apenas posso prometer ter mais cuidado na sua utilização.

Um abraço,
RC

p.s. Quando me referi à encomeda do vinho na garrafeira, sim, fui irónico ou nas suas palavras "xico esperto".

rui disse...

Caro Luis,

obrigado pela sua intervenção. Como é evidente, o meu conhecimento sobre vinhos não se lhe compara. Se me diz, que os vinhos de Castelão se expressam melhor quando atingem essas percentagens de álcool, só tenho que acreditar.

No entanto, penso que ficou claro que eu estava a dar um exemplo de um vinho que tem pouco grau alcoólico e que é considerado um grande vinho português. E só o fiz, porque ainda encontro muito consumidores que acham que quanto maior o grau alcoólico, melhor o vinho. Nomeadamente, dentro de um escalão etário mais velho (porventura, reminiscências de um passado de vinhos magros, acídulos e pouco alcoólicos). Como me pareceu ser o caso da intervenção em cima, aproveitei para fazer pedagogia.

Um abraço,
RC

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