Vamos concretizar um sonho! Vota Luís Pingu Monteiro!

quinta-feira, novembro 29, 2007

Porto & Douro wine show 2007

Decorreu em Lisboa, no passado fim de semana, mais um evento enófilo. Neste caso em formato 3 em 1: porto & douro wine show + lisboa gourmet + essência das jóias. A primeira parcela do somatória constituiu a segunda realização de um evento que no ano passado decorreu no casino de Lisboa mas que este ano teve direito a espaço dedicado para o efeito: o Convento do Beato. Ponto positivos para a organização pois a anterior dispersão dos produtores por pisos e corredores sinuosos do Casino não ajudou.

O Convento do Beato tem uma fisionomia (se assim posso dizer) muito semelhante ao Palácio da Bolsa no Porto (para quem conhece um e não conhece o outro). Um piso térreo quadrangular rodeado pelas galerias do primeiro piso. Como os produtores são muito menos que na Essência do Vinho, não é preciso utilizar os acanhados corredores das galerias. Óptimo!

Por falar em “produtores” e em “muito menos”, neste ano compareceram à chamada muito menos expositores do que no ano passado. Baldaram-se ao evento a maioria dos pesos pesados da região. Quer em volume quer em reputação. Assim de repente, lembro-me apenas da Casa Ferreirinha (que tinha em prova um Qt. Leda 2005 com uns surpreendentes 12,5º e um Offley Qt. Boa Vista Vintage 2003 em grande forma), da Qt. da Gaivosa, da Qt. de La Rosa/Jorge Moreira (com La Rosa Reserva 2005 – muito menos frutado e mais austero que o 2004 - e Poeira 2005), dos vinhos Luís Soares Duarte/Qt. Infantado (Gouvyas Vinhas Velhas 2004/2005, Kolheita 2004, e o que mais gostei dos que provei, um muito bom Momentos). Quem foi à procura de estrelas saiu desapontado. Quem foi pelos vinhos e pela conversa, acredito que tenha ficado satisfeito pois os chamados “pequenos produtores” são maiores na hora de receber.

Ou seja, foi dos poucos eventos em que consegui chegar às seis da tarde, percorrer quase todas as mesas, provar os vinhos (a temperatura dos vinhos apesar de não ser a correcta era ajudada pelo fresco do recinto), conversar longamente com alguns produtores e estar despachado por volta das oito. Pelo que me disseram no Sábado esteve muito cheio mas no Domingo e à hora que fui a locomoção fazia-se de forma fácil e folgada.


“A revolução da degustação do vinho a copo”. É assim que o flyer apresenta o sistema Enomatic. Ora este sistema permite ter permanentemente em degustação um pequeno conjunto de garrafas com controlo de temperatura, com definição individual para cada garrafa da quantidade de vinho que se disponibiliza numa medida e com a possibilidade de ter um sistema de payperdrink (inventei agora e portanto se este conceito tiver sucesso, reclamo desde já os futuros royalties) em que é o próprio consumidor que se serve. Utiliza azoto na substituição do vinho que vai saindo da garrafa e custa cerca de 4.000 Euros mais IVA um sistema para quatro garrafas. A empresa DOC DMC é a representante do sistema em Portugal e parece-me que vai ter que suar as estopinhas para conseguir vender a ideia de uma forma abrangente no nosso país. Sinceramente, boa sorte.

Uma última referência para o catering da Qt. das Lágrimas a dar ao evento um toquezinho de mais glamour (apesar de o fazer a preços pouco glamourosos). Também neste caso a Blue Wine separa-se do pão com chouriço da Revista de Vinhos.

No essencial, gostei. Fiquei com a ideia, passada por todos os produtores com que conversei, que este foi um evento para um público mais conhecedor. Mais interessado. Foram vários os que me disseram que as pessoas fizeram mais perguntas sobre os vinhos e que não se limitaram a estender o copo numa verdadeira corrida de rentabilização do bilhete pago à entrada (por falar nisso, eu não paguei nada nem ninguém me pediu algo à porta).

p.s. Um abraço especial ao Gonçalo Sousa Lopes e ao Rui Cunha que constituem a GR Consultores (e que nos receberam na última visita ao Douro) pela oferta de meia-garrafa de Secret Spot para o jantar. Apenas lamentamos que essa “falsa” meia-garrafa não tenha chegado a dois meios-copos. Aquele fundo de garrafa que enrola para dentro de forma a torná-lo praticamente oco é extremamente enganador. Ainda assim, esse meio-copo deu para perceber que o vinho é bom apesar do final muitíssimo “curto” :)

terça-feira, novembro 20, 2007

WINE o’clock – Inauguração Lisboa

Depois do Porto e Aveiro, chegou a vez de Lisboa ver inaugurada, no passado dia 10, mais uma garrafeira. “Um conceito diferente e inovador”, dizem. Não existe negócio que hoje em dia não se arrogue o direito de auto intitular-se diferente e inovador. Parece que denominar-se igual e desinspirado não ajuda a vender. :)

Localizada junto ao Amoreiras, a inauguração fez-se apenas por convite. Aqui no vinhoacopo.blogspot.com conseguimos botar as mãos num par deles e fizemo-nos ao cocktail. Além de nós, apareceram uns quantos outros, não tão famosos, do meio enófilo e imprensa especializada. :)

Como consumidor-comprador a minha primeira investida foi directa às prateleiras de vinhos. Preços! Ora, não são dos melhores mas consegue ficar, na generalidade, abaixo do Gourmet Corte Inglês. O que, se formos a ver bem, também não é assim tão difícil.

Tem algumas boas compras, por exemplo, o Aneto 2003 e Vértice Grande Reserva 2003 a rondar 10,5€ e 14€ respectivamente, mas tem alguns vinhos completamente desajustados. Na minha opinião, apenas um defeito na máquina de etiquetagem pode justificar os preços do Evel Grande Escolha 2004 (20,5€) e do escandaloso Esporão Reserva 2004 (22,10€). Ora, este vinhos são sempre bons “testers” pois encontram-se com facilidade nos hipermercados. Nas feiras de vinhos que tivemos no último mês, o Jumbo apresentou o Evel a 13,85€ e o Esporão a 11,95€ (sendo que o normal, será à volta de 16€ e 14€, respectivamente).

No segmento do vinho do Porto, os preços não me pareceram escandalosos. Os vintage recentes da Fonseca e Taylor’s nem sofriam da habitual doença crónica inflacionária. No entanto, dois reparos. Primeiro, não existiam as habituas segunda linhas. Ou seja, aquelas quintas produtoras que fazem bons vintages e LBVs a preços mais razoáveis praticamente não existiam. Espero que não seja aposta da casa mas sim coincidência o facto das muitas referências que ficaram no Porto (segundo nos disseram) saírem fora da esfera de influência dos glutões do sector. Segundo, a secção de vinhos está dividida em dois. Piso inferior, Symington, piso superior, resto. Convenhamos que para quem, na hora de comprar um vinho do Porto, quer comparar preços, datas de colheita, etc, esta disposição não ajuda.

O capítulo anterior serve de prelúdio para o actual. A loja está dividida em dois pisos, nos quais foram dispostos pequenos espaços alugados a produtores e distribuidores. Pretende-se que estas “barraquinhas” sejam pólos de promoção, divulgação e degustação de produtos e marcas. Aliás, uma das grandes apostas do projecto é a tentativa de criar um ambiente de interacção entre produtores e consumidores, de modo a promover a fidelização do cliente ao mesmo tempo que descentraliza o esforço de angariação do mesmo.

Duas referências rápidas. Uma para o pequeno bar no primeiro piso. Tem sempre vários vinhos a copo para degustação. E a segunda para a sala climatizada do vinhos raros e estupidamente caros. A maioria é estrangeira, e lá estão os Petrus, os Pingus e afins, mas também temos algumas referências portuguesas como o Charme, Qt. Crasto Maria Teresa, etc.

Em resumo, quem visita o espaço percebe que houve muito dinheiro investido no espaço. Não é no preço que está a aposta mas sim na constante promoção e nas inúmeras acções de degustação que se desenrolam no recinto. Procura-se a ajuda dos produtores e distribuidores, o que é bem pensado mas não inédito. Qualquer garrafeira, destas mais modernaças, costuma ter à sexta-feira um produtor ou enólogo a apresentar vinhos. A originalidade será mais na criação dos espaços próprios para cada um e na utilização de um pequeno bar de apoio a degustações. Se servir umas tapas, para mim, é uma mais valia que gosto de petiscar enquanto bebo. Confesso que, ainda assim, é mais provável que venha a ser um raro visitante pois raramente passo por aqueles lados e o estacionamento na zona não é fácil. Desejo-lhes sorte, pois recuperar o dinheiro investido, nesta garrafeira e em todo o projecto WINE o’clock, não vai ser nada fácil.

sábado, novembro 17, 2007

Wine Spectator: Top 10 Editors Pick 2007

editado: classificação final

A famosa Wine Spectator iniciou o processo de escolha do seu top 10 do ano de 2007. Esta escolha não é muito simples de interpretar uma vez que não está directamente relacionado com a pontuação dos vinhos, esta lista é a lista dos vinhos mais exitantes do ano, o que quer que isso seja.

Podem ver o decorrer da divulgação aqui até ao dia 16 de Novembro. Para já estas são as posições já divulgadas:
10 - França - Champanhe - Krug Brut Champagne 1996 (99 pontos)
9 - EUA - Califórnia - Robert Mondavi Cabernet Sauvignon Napa Valley Reserve 2004 (95 pontos)
8 - Austrália - Mclaren Vale - Mollydooker Shiraz 2006 (95 pontos)
7 - Itália - Bolgheri Superiore - Tenuta dell'Ornellaia 2004 (97 pontos)
6 - França - St. Julien - Château Léoville Las Cases 2004 (95 pontos)
5 - Austrália - Barossa Valley - Two Hands Shiraz 2005 (95 pontos)
4 - Itália - Toscana - Antinori Tignanello 2004 (95 pontos)
3 - França - Châteauneuf-du-Pape - Le Vieux Donjon 2005 (95 pontos)
2 - EUA - California - Ridge Chardonnay 2005 (95 pontos)
1 - França - Châteauneuf-du-Pape - Clos des Papes 2005 (98 pontos)

segunda-feira, novembro 12, 2007

Encontro com o Vinho e Sabores 2007

Sábado. Como sempre o fiz, também nesta edição participei num prova especial. Cedo descartei a ideia de ir à prova dos Douro Boys (que veio a esgotar, como se esperava) porque considerei que não fazia sentido ir provar vinhos que anteriormente, salvo uma ou outra excepção, já os tinha bebido no conforto do meu lar (ou no conforto do lar de amigos). Apostei na surpresa. Apostei na prova dos vintage de quinta da família Symington.

Como no ano passado, optei por chegar perto da hora da prova especial. Devia ser umas cinco da tarde. Apenas tempo para dar uma espreitadela à lista de vinhos da loja à entrada do recinto. Crise? Qual crise? Não deixei de sorrir quando na lista dos vinhos esgotados figurava sozinho um tal de Qt. Vale Meão 2005. Pressupondo que não havia para venda apenas duas ou três garrafas, confirma-se que são sempre os mais caros que se vendem melhor.


Prova Especial

A apresentação esteve a cargo do Charles Symington coadjuvado pelo responsável de produção da Warre’s (se bem compreendi).

Breve apresentação do grupo Symington, das quintas que a família detém, dos variados tipos de porto que produzem, seguido de prova dos vinhos servidos. Era isto que se esperava. Era isto que devia ter acontecido. O que falhou nesta sequência lógica? Logo o início da frase: “Breve”. Toda a apresentação emperrou porque não foi breve. Foi longa e foi mal preparada. Não se pode pegar em meia dúzia de slides com números, enfrentar a audiência apoiado apenas no seu conhecimento e ir conduzido a sessão ao sabor do vento. Especialmente se não se é um comunicador nato, como era o caso.

Conforme nos vamos lembrando, assim vamos acrescentando isto ou aquilo. Depois, esperamos por feedback da audiência para reagirmos. Isto é um erro porque assim deixamos que seja a audiência a conduzir a apresentação quando devia ser exactamente o contrário. Isto é ainda pior quando do lado da audiência temos pessoas que não percebem que não estão a ter um tête-a-tête com o apresentador.

Confesso que me passei dos carretos e me vim embora quando já decorria uma hora e meia de apresentação, ainda não tínhamos chegado a meio dos vinhos em prova, e havia uma pessoa da assistência que insistia em perguntar por escalas de Baumé (açúcar residual) dos vintage porque considerava o primeiro mais doce que o segundo e menos que o terceiro. E depois na realidade ou a coisa estava trocada ou a diferença se situava nas escassas décimas. E o topo da risada foi quando perguntou pelo Ph. Quando lhe responderam que não tinham o Ph mas apenas a acidez, saiu-lhe esta pérola: “Não faz mal, também serve?” Também serve? Mas serve para quê, explodiu na minha cabeça. Para mostrar aos outros que se sabe o que é o Baumé e o Ph num vinho? Para fazer perder tempo e paciência às outras pessoas na audiência? Para um levantamento estatístico que anda a fazer sobre acidez nos vinhos do porto? Para regozijo pessoal cada vez que se acerta na previsão da acidez que o vinho tem? Para conseguir apreciar melhor o vinho agora que possui mais informação do mesmo? Todas as anteriores? Acredito que para a pessoa faça sentido aquelas perguntas, caso contrário não as tinha feito, mas não era mais simpático, atencioso para com os outros, perceber que face ao adiantado da hora, seria melhor no fim dirigir-se aos apresentadores e fazer todas essas questões mais técnicas?

Como vos disse, assim que o João Paulo Martins se levantou e saiu, eu fiz o mesmo. Se ele pode, eu também. :)


Deixo aqui uma pequena descrição dos vinhos aos quais não dou classificação porque quem acompanha o blog sabe que não gosto de provar vinhos em catadupa e que todos os vinhos que classifico são na realidade bebidos com calma e geralmente às refeições. Ou seja, por insuficiência pessoal, não consigo e recuso-me a distribuir notas a onze vinhos dos quais provei uma pequena quantidade em meia-hora. Pela ordem provada:

Dow’s Qt. Srª da Ribeira Vintage 2005 – Cor púrpura forte. Aroma doce a fruta madura. Ligeiro aniz e floral-bergamota. A boca acrescentava ao mix notas de chocolate. Final com ligeiro ardor alcoólico.

Qt. Vesúvio Vintage 2000 – Ainda vermelho escuro opaco. Fruta contida no aroma e ligeiro chocolate. Boca já bem macia, com notas doces da fruta e final apimentado. Guloso. Muito bom e, para mim, o melhor vintage da sessão.

Dow’s Qt. Srª da Ribeira Vintage 1999 – Cor ainda bem vermelha escura. Aroma um pouco alcoólico com alguns licorados e chocolate. Algo fechado. A boca mostra já algum fruto seco do tipo figo. Final curto e ligeiramente alcoólico.

Graham’s Malvedos Vintage 1998 – A cor já mostra os primeiros tijolados. Aroma a figo doce. Na boca os licorados e o figo doce predominam. Mais cheio que o anterior.

Dow’s Qt. do Bonfim Vintage 1996 – O mais efusivo no aroma. À falta de melhor exemplo: cheirava a rebuçados do Dr. Bayard. Na boca é muito redondo com licorados doces e final a torrefacção. Interessante porque saiu fora do conjunto.

Warre’s Qt. da Cavadinha Vintage 1995 – Aroma a figo doce. Macio. Equilibrado com os licorados e algum fruto seco a ampararem o álcool. Os vinhos nesta fase estão todos num estilo que não é meu preferido. Muito doces com os licorados e figos a dominarem a prova e os menos encorpados a deixarem o álcool dominar o final.

Qt. Vesúvio Vintage 1994 – Cor ainda em tons de vermelho vivo. O aroma algo fechado com os aromas de frutos secos a passas ao contrário dos figos anteriores. Boca doce com passas maduras e, tal como 2000, com um final ligeiramente apimentado. Houve quem tivesse gostado mais deste, mas para mim, como vos disse, já está numa fase muito doce.

Warre’s Qt. da Cavadinha Vintage 1987 – Aroma fechado com álcool a dominar o nariz. Ainda assim algum caril (ou caldo Knorr, como eu lhe chamo). Um pouco magro na boca, sobressaindo o álcool e a torrefacção.

Dow’s Qt. do Bonfim Vintage 1986 – Este vinho não se apresentou nas melhores condições. Houve quem lhe chamasse rolha mas para mim acho a acidez volátil é que estava exagerada. Acetona e até um toquezinho de ovos podres.

Graham’s Malvedos Vintage 1965 – Cor já bem dentro dos acastanhados. Pouco aromático, apenas a sensação alcoólica predominava. Na boca apareciam os frutos secos, o caramelo e a torrefecção. Ainda assim, algo plana. Uma pequena desilusão.

OTIMA 20 anos tawny – Cor âmbar acastanhada. Aroma a caril, farripas de laranja e caramelo. Boa acidez com as notas de caramelo a dominarem. Um final um pouco abrupto e inesperado.


As barraquinhas

Escapulido da prova especial, levantei o meu copo e fiz-me ao caminho. Quase não sujei o copo. Pelas minhas contas, provei quatro vinhos. Parece impossível mas é verdade. O encontro do vinho é para mim mais um encontro com conhecidos e amigos do meio do que propriamente um encontro com os vinhos. Não gosto de provar em feira, por várias razões que já expliquei no post que fiz no ano passado (não gosto de ser chato e repetir-me), e portanto tirando um ou outro caso em que o produtor fez questão em que eu provasse uma novidade especial (como por exemplo na JMF, um rosé de moscatel roxo acabado de fermentar - ainda cheio de CO2), preferi deixar-me ficar pela conversa. Por isso, depois da seca em cima, compenso com esta secção tão curta. Para o ano há mais.

p.s. (1) Como é óbvio não verifiquei todas as barraquinhas, até porque não tenho esse papel, e por isso acredito que tenha havido vários produtores com essa salutar preocupação: a temperatura do vinhos tintos. No entanto, tenho que referir a José Maria da Fonseca como um bom exemplo porque me mostrou a pequena garrafeira climatizada (para nove garrafas, acho eu) em que refrescava os vinhos.

p.s. (2) Para alguém que não gosta de se repetir, o bater na mesma tecla parece um contra-senso, mas continua a parecer-me desolador apresentar os vinhos que foram premiados no concurso da imprensa num mesa corrida sem qualquer controlo de temperatura. Ainda por cima tudo grandes vinhos que quando os provamos não possam de grandes caldos.

Template original desenhado por Dzelque Blogger Templates