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segunda-feira, outubro 09, 2006

2006/3º Trimestre - Descrições RC

Dois posts atrás foram publicadas tabelas com as notas de prova (rolhas) dos vinhos bebidos por cada um dos membros deste blog no período referido no título. Como sou o mais desavergonhado, apresento, para os leitores mais curiosos, as descrições das provas efectuadas. Como é óbvio, a introdução feita no post anterior referido é valida para as descrições que se seguem.

O texto abaixo segue o seguinte fluxo: vinho -> rolhas -> descrição de prova

Tintos

Casa de Zagalos Reserva 2003 - 3 - Muita fruta a marcar o aroma quente e a boca gulosa. Mais em força, termina um pouco bruto. Servir rigorosamente à temperatura correcta para não enjoar.

Herdade do Perdigão Reserva 2003 - 3,5 - Aroma perfumado a fruta madura. A boca é inicialmente suave e frutada mas termina forte e com taninos algo rugosos. Falta-lhe equilíbrio.

Marquês de Borba 2005 - 3 - Novo, frutado, bem desenhado. Para consumo descontraído, fácil e guloso. Sem grandes pretensões, é um amigo que se recorre em certos restaurantes cuja pobreza de escolha e/ou ganância desmedida não nos deixa outra opção.

Paço do Conde Reserva 2003 - 2 - Inicialmente é a fruta que transparece no aroma. Após rodar o copo um travo herbáceo incomodativo faz-me torcer o nariz. Na boca tem o inicio suave dos Alentejanos mas o final é seco a lenho. Não apreciei.

Versus 2004 - 3 - Novidade das Beiras. Enfiado naqueles pacotes da Winept, veio a acompanhar o Barca Velha. Uma boa surpresa, é vinho de aromas equilibrados, cujas notas de fruta madura e outras mais vegetais se equilibram. De boa estrutura, sem ser dos mais suaves (ainda tem umas rugosidades) bebe-se com agrado. Os frutos silvestre predominam. É capaz de evoluir em garrafa.

Ázeo 2003 - 3 - Aroma agradável com os frutos pretos em conjugação com o floral da Touriga. A boca revela algumas notas mais verdes e amargas o que o torna um vinho não consensual. Ainda assim, eu gostei.

Barca Velha 1999 - 2 - Cor não denota grande evolução. Pelo contrário, tem todo o aspecto de um vinho novo. Aroma algo fechado sobressaindo as violetas e frutos silvestres. A boca foi para mim uma desilusão. Sem evidenciar nada de especial, o fim apresenta-se ácido, taninoso e adstringente. Perguntei-me o porquê de tanto alarido? Quando se bebe um mito, e este não corresponde, o natural é a pessoa tentar encontrar uma desculpa para o fracasso. Tem duas hipóteses: ou culpa o vinho ou se culpa a ela. “Se calhar não servi correctamente? Se calhar não utilizei os copos certos? Se calhar precisava de mais tempo para abrir? Se calhar as meus sentidos não estavam num dia bom? Se calhar...”. Eu não gostei e estou desapontado.

Casa Ferreirinha Colheita 1998 - 3,5 - Mais um do famoso pacote Winept. Diz-se que foi desclassificado para Barca Velha. E percebe-se porquê. Independentemente da qualidade de cada, a verdade é que são vinhos completamente diferentes. Se o objectivo foi fazer um Barca Velha mais moderno, mais frutado, mais concentrado e mais novo, este é direccionado no caminho inverso. Denota já grande evolução com a cor longe dos "normais" opacos. Aromas de alguma madeira, vegetal e pouco fruta. Na boca é suave, equilibrado e nada cansativo. É um vinho que não dá grande prazer beber a solo mas combina facilmente com pratos de sabor não muito intenso. Contracorrente.

Perfil 2004 - 3 - Outra novidade, do enólogo Luís Soares Duarte. É dele o perfil contornado no rótulo. Muito novo, com chocolate, doce e leve “ruído” alcoólico no aroma (apesar dos apenas 13,5º). A boca acompanha o nariz com um primeiro impacto doce do álcool e um final médio a frutos vermelhos. Uns mesitos de garrafa se calhar não lhe fazia mal a ver ser perde as notas doces da madeira e do álcool.

Qt. de La Rosa Reserva 2003 - 3,5 - Aroma a frutos silvestres, noz moscada e vegetal macerado. Bom. A boca confirma o nariz mas o final é explosivo a especiarias. Dá a sensação que alguém lhe juntou uma malagueta por altura do engarrafamento. Sai algo prejudicado pelo excesso.

Qt. Gaivosa Vinha do Lordelo 2003 - 3 - Alguma madeira e tosta no aroma. Impacto doce e alcoólico (15º) com final seco. Alguma especiaria. Em construção, falta-lhe elegância.

Qt. Vale D. Maria 2003 - 3,5 - Vinho quente. Muito maduro, muita fruta, muita extracção (15º). Macio, doce, algo excessivo. Controverso na mesa: houve quem adorasse, e eu, sozinho, achei-o desequilibrado. Falta-lhe equilíbrio e classe.

Qt. Crasto Vinhas Velhas 2003 - 4,5 - É dos vinhos que regularmente mais gosto. Tem fruta acompanhada com um lado vegetal que não a torna enjoativa. Tem austeridade, vivacidade, uma boa estrutura, madeira equilibrada e um preço correcto. Nos últimos anos têm saído sempre bem. Falta-lhe um pouco mais complexidade para chegar à nota máxima, mas isso se calhar sou eu a ser exigente demais.

Marquesa de Cadaval 2003 - 4 - "Vamos lá provar um prémio excelência dado pela RV ao Ribatejo", pensei eu. Em termos de cor não tem nada a ver com os opacos/retintos do Douro e Alentejo. Muito mais contida, nesse aspecto poupa a repetição constante de adjectivação aos críticos. Aroma, também ele, contido com algumas notas de madeira e especiarias. A boca é equilibrada com notas apimentadas e uma certa austeridade e vigor típicos da região (eufemismo para "raça ribatejana"). Precisa do prato certo para brilhar.

Ermelinda Freitas Touriga Nacional 2003 - 3 - A cor violeta forte e o aroma mais vegetal com as violetas bem vincadas, não mentem. Isto é Touriga. A boca mostra-nos que é uma Touriga concentrada, austera e ainda muita nova. Por outro lado tem uma suavidade que já permite uma boa prova. Acredito que uns meses (poucos) de garrafa não lhe façam mal.

Tintos – Estrangeiros

Château Gombaude-Guillot 1999 - 1 - Cor denota alguma evolução. Aroma muito verde. Na boca predomina a “fruta” verde bastante desagradável. Pergunto-me se alguma das uvas utilizadas estava madura? Muito fraco.

Château La Grave La Fleur Cailleau 2000 - 2 - Mais uma experiência, mais um francês, mais do mesmo. Sempre as notas vegetais em evidência, pouca fruta fresca, alguma evolução. Começa a parecer-me um estilo do qual o se gosta ou então ...

Château Oupia Les Barons 2001 - 3 - Provado em magnum, são os aromas vegetais, pimento verde, alguma cinza e fósforo que me ocorreram inicialmente. Já evoluído e de concentração mediana, é do tipo: primeiro estranha-se e depois entranha-se. Mas é preciso comida por perto pois a falta de fruta mais imediata não convence a maioria dos convivas.

Domaine Navarre Le Laouzil 2004 - 2 - Que os vinhos franceses são menos concentrados que os portugueses é um facto. Esqueçam também a fruta evidente. Pelo menos assim é nos vinhos com pouco "gabarito". Mais uma vez o lado vegetal impera (pimentos verdes, não sei se devido ao Cabernet - isto de indicar as castas no contra-rótulo é para os outros, os franceses não estão para isso). Decididamente não é o meu estilo.

Mas des Chimères 2003 - 3 - De um conjunto de vinhos franceses que comprei, bebi o mais caro e não gostei nada (Château Gombaude-Guillot). Decidi então beber os mais barato. Este até foi uma surpresa. Sempre de média concentração (se compararmos com certos vinhos portugueses de topo, este é quase um rosé), apresentou fruta mais evidente o que equilibrou o lado vegetal. Suave, despretensioso, gastronómico e fácil de beber.

Generosos

Borges LBV (unfiltered) 2000 - 2 - A cor denota já alguma evolução. Algum figo doce e frutos secos. A boca é um pouco desconjuntada com rusticidade e ardor final. Não apreciei.

Burmester LBV (filtrado) 2001 - 2 - LBV filtrado. Aroma doce, a compota de fruta vermelha. A boca é suave, doce e fácil. Não tão enjoativo como o Fonseca LBV 2000 mas ainda assim não é um estilo que aprecie. Um desapontamento (se bem me lembro o 2000 não era filtrado) e mais um motivo para a minha revolta: porque é que não é obrigatório referir se o LBV é filtrado ou não?

Cálem LBV (filtrado) 2000 - 1 - Esquecendo tudo o resto, o que marcava o vinho era um vinagrinho desagradável na boca. Tão desagradável que não consegui acabar a garrafa (mesmo experimentando "o dia seguinte"). Estranho para um LBV filtrado e com pouco mais de um ano de prateleira. Fica aqui o alerta para o caso de não ser deficiência mas sim feitio.

Fonseca LBV (filtrado) 2000 - 2 - Aroma doce a fruta e rebuçado. Na boca é suave e doce. Para o meu palato é demasiado enjoativo. Mesmo ligeiramente mais fresco do que o habitual para LBVs o excesso de doçura incomoda. Para quem gosta deles fáceis e doces.

Qt. Infantado LBV (unfiltered) 2001 - 4 - Há quem diga que parece perigosamente um vintage novo. Por mim tudo bem. É uma questão de estilo. E geralmente os da Qt. Infantado fazem o meu. Químico, fechado e vegetal no aroma. A boca é mais cordata, apesar do vigor a fruta disponível apara uma boa prova. O João Roseira confidenciou-me, durante o encontro Dão/Douro, que este vinho foi recusado para vintage umas duas ou três vezes pela comissão de avaliação do Vinho do Porto e daí sair em LBV. É daqueles que evolui na garrafa. Para a onde é que não sei.

Graham's 20 anos - 3 - Excelente aroma. Algum fruto seco onde predomina a casca de laranja. A boca não acompanha o aroma. Nota-se um pouco o álcool e perde-se as notas mais citrinas. As sobremesas também não ajudaram. Ligeiramente mais fresco, com uma torta de laranja é capaz de ser um must.

Cockburn's Vintage 2000 - 3 - Já se nota alguma evolução. Os frutos secos já começam a marcar o aroma e a prova de boca. Está marcado por uma nota alcoólica mais prenunciada, o que aconselha descanso por mais uns aninhos. Ainda assim bebe-se bem.

Dow's Vintage 1994 - 4 - Cor impressionante. Parece que os anos não lhe fizeram mossa. Apenas o aroma a figos demonstra que este jovem não foi acabado de engarrafar. A boca confirma o figo maduro e frutos secos. Muito guloso, dá enorme prazer a beber e a cor jovem demonstra que ainda pode evoluir sem medos mais uns anos.

Fonseca Guimaraes Vintage 2001 - 4 - No semestre passado dei-lhe 5 rolhas. Tinha adorado. Desta vez o vinho não estava igual. Logo na cor, apresentava laivos mais acastanhados (sinais de evolução) que há seis meses atrás não apresentava. Desconfiei. O aroma também estava mais fechado e a boca apresenta-se mais alcoólica e menos fácil de beber, com a fruta mais escondida. Será do acondicionamento? É que comprei em sítios diferentes. Ou vinho encolheu-se?

Kopke Vintage 2003 - 4 - Muito maduro no aroma. A fruta é quem manda. Para mim falta-lhe uma certa complexidade e vigor para ser considerado um dos vintage maiores desta declaração. Esta “calmaria” dá-lhe por agora um excelente beber.

Niepoort Vintage 2003 - 4,5 - Inicialmente fechado, abriu lentamente no decanter. Aroma contido, fino e austero. Nada de fruta fácil. A boca acompanha o nariz e também ela aposta num vinho equilibrado, sem a brutalidade da fruta mas com a capacidade de nos satisfazer agora e daqui a vários anos. Muito bom.

Qt. Vale Meão Vintage 2000 - 2 - Este Sr. já o provei várias vezes. De todas, esta foi sem dúvida aquela onde o vinho se comportou pior. Cor ainda jovem, no aroma fechado já não se nota a “aquela” fruta. A grande diferença para as provas anteriores foi a boca. Apresenta umas notas verdes desagradáveis, muito longe das notas apetitosas a especiaria que apresentou da última vez (cerca de 9 meses). Não sei se já terá entrado no famoso período de adormecimento.

Vista Alegre Vintage 2003 - 4 - Em relação à prova de 6 meses atrás, pareceu-me mais atrevido, com uma maior acidez e maior vivacidade. No mais, continua a ser um vintage que se bebe muito bem em novo, com fruta madura em destaque.

Barbeitos Malvasia Colheita "Casco 27a" 1994 - 4 - Muito raramente provo vinhos da Madeira. Bonita cor âmbar. O melhor que consigo descrever o aroma: destilado de noz com sumo de limão espremido fresco. Na boca a famosa acidez deste tipo de vinhos é evidente. Gostei muito. Confesso que não sei se a curiosidade está aqui a marcar pontos (rolhas).

22 comentário(s):

Anónimo disse...

Só um pequeno paralelo.

Quando é que vocês deixam de ter publicidades horriveis no blog?

É que irrita abrir o vosso blog e aparecem sempre novas janelas (POP-UPS) com toques para telemóvel e outra publicidade barata...

De resto vou ler melhor este post para depois comentar.

rui disse...

Por acaso tb me incomoda. Não somos nós que gerimos esses pop-ups, infelizmente.

Acho que se não colocares o "www." já não aparece. Experimenta apenas http://vinhoacopo.blogspot.com/

Um abraço,
RC

NOG disse...

Que ricas provas!

Subscrevo muitas das vossas notas. Sobretudo o Crasto Vinhas Velhas 2003 (T)... um fantástico vinho (até o 2002 era óptimo).

Abraços,

N.

rui disse...

O 2002 nunca vi, nem sabia que o tinham feito. Provei o 2000, 2001 e agora o 2003. Sempre bom.

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

De certeza que não se enganou no ano do Marquês de Borba tinto?

Anónimo disse...

Peço desculpa... o erro foi meu. Quando li a apreciação menos positiva... No entanto considero que dentro do patamar qualidade/preço o Marquês de Borba é muito bom e se calhar não gostou tanto dele porque está muito jovem ainda.

opiniões... :)

Anónimo disse...

Para o rui:

Se calhar não perde nada. Tb não provei. 2002 foi um ano um bocado bera para o vinho, razão pela qual praticamente não tenho bebido vinhos de 2002. Há uma ou outra feliz excepção mas só.

rui disse...

Cara Carla,

Seja bem vinda aqui ao nosso blog. Infelizmente é raro termos mulheres a participar nos comentários (esquecendo como é óbvio os assexuados anónimos).

Eu já não me lembrava muito bem do que tinha escrito sobre o Marques de Borba e fui reler. Não me parece que tenha dito mal, até lhe chamei “amigo”, companheiro de trincheiras. Apesar disso, considero-o um vinho sem grandes predicados mas que é agradável beber, pelo menos para mim. Haverá com certeza outras opiniões.

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Caro,
o que é que entende pelo descritivo «vegetal»?

rui disse...

Ora bem, para mim são geralmente aromas herbáceos, que empurram a nossa memória olfactiva para os tons verdes e para os alimentos ou cheiros associados a estes tons. Por vezes tb utilizo a expressão “notas verdes”. Não é particularmente mau, há vinhos que conjugam extremamente bem o lado vegetal com a fruta mais madura tornando-os mais equilibrados. Agora quando só o vegetal impera, para mim é desagradável.

Como é óbvio existem pessoas que gostam mais dos aromas e sabores vegetais que outras. Até acredito que este gosto tem muito a ver com cultura vínica e mesmo gastronómica subjacente à região de origem da pessoa. Por ventura uma pessoa do Douro/Dão terá uma maior tolerância/habituação a este lado vegetal dos vinhos que uma pessoa do Alentejo. Mas isto já sou eu a conjecturar.


O aroma vegetal mais conhecido é pimento verde associado ao Cabernet Sauvignon. Eu acho que a Touriga Nacional (não sobremadura) tb revela no aroma bastantes notas vegetais (por exemplo do vinhos que eu provei, acho muito típica a Touriga da Casa Ermelinda Freitas).

Também estive na net a pesquisar de maneira a poder ajudar e nem de propósito encontrei um post muito interessante de um blog amigo: Copo de 3. Deixo aqui o link (http://copod3.blogspot.com/2005/05/como-provar-um-vinho-ii.html) e aconselho a visita porque tem um quadro explicativo/resumo dos tipos aromas existentes.



Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Lá nesse artigo esqueceram-se do cheiro a estrebaria... :D

Anónimo disse...

Concordo com o teu explicativo sobre o "vegetal".

Permite-me só discordar do seguinte.

Fala-se muito do pimento verde no Cabernet Sauvignon... em Portugal.

No entanto, os "entendidos" têm me dito que não é bem assim...

Esse aroma de pimento verde deriva de uma má maturação das uvas no nosso país, a película da mesma passa então o tal aroma a pimento verde para o vinho.

É um pequeno problema que os produtores portugueses não conseguem eliminar ( se é que o querem ).

O Cabernet Sauvignon é uma casta aromática por natureza.

Sendo certo que um ou outro produtor português já consegue fazer Cabernet sem pimentos! E isso é bom sinal.


Atenção, isto não é uma certeza.
É a minha opinião baseada no que leio e no que me dizem.

Anónimo disse...

Parece-me haver aqui alguma confusão. A Cabernet Sauvignon será a casta nobre mais difundida pelo mundo. Para além da sua característica de se adaptar muito bem aos diversos terroirs, expressando-os, temos o facto de ser uma casta de maturação relativamente lenta devido à sua folhagem frondosa e à sua pele grossa, aliás esta característica somada a bagos pequenos e muitas graínhas dá-lhe os taninos muito fortes. Em climas mais frescos ou húmidos pode facilmente apresentar à evidencia aromas vegetais por menor maturação. Mas isso é o contrário do que acontece em Portugal (clima mais quente e seco relativamente à região de Bordéus, que lhe deu fama), mais aoinda se tivermos em conta que as regiões onde haverá mais cabernet sauvugnonm em Portugal estão no centro e sul.

rui disse...

Caros,

Parece-me que todos concordamos que na diversa bibliografia disponível sobre vinhos (a maioria é estrangeira, é verdade) a ligação de aroma a pimentos verdes com a casta Cabernet Sauvignon é referida amiúde. Daí o meu exemplo.

O Frexou e o JMS parecem estar de acordo com a “causa” desse aroma: insuficiente maturação. Assim, sendo parece-me correcto concluir que esta famosa associação (aroma/casta) ganhou protagonismo em países cujo clima a favorece – o que está de acordo com o seu país de origem (França) e com a generalidade da bibliografia (têm sempre como referência as grandes castas Francesas e as tabelas de aromas são sempre feitas com estas em mente). Em Portugal ou em países quentes para onde ela emigrou, aceitando que a identificação da causa do aroma está correcta, acredito que este aroma não seja típico. Aqui não estou à vontade para dar a minha opinião pois raramente bebo vinhos com esta casta, no entanto, parece-me razoável acreditar que também se encontra casos em Portugal (mesmo no Sul) de menor maturação da Cabernet.

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Jms, concordo com a sua resposta, que como sempre é de grande nível, mas isso já estamos habituados.

Mas, pergunto?

Se Portugal é um país quente, porque aparecem pimentos verdes em maior parte dos casos? ( no meu entender é falta de atençao nas maturações)



Sendo uma grande casta francesa, em França o Cabernet "tem" pimentos? ( julgo que não)

É considerado um ponto positivo ou negativo eles aparecerem? ( sendo uma casta aromática por natureza, encaro a partel dos pimentos como um ponto fraco, pois passa por cima dos outros aromas)


"climas mais frescos ou húmidos pode facilmente apresentar à evidencia aromas vegetais por menor maturação. Mas isso é o contrário do que acontece em Portugal"

Perdoe-me mas aqui é que vejo confusão!

Na esperança de continuarmos a discutir positivamente, pois assim é que se aprende :)um abraço,

Paul Silva

Anónimo disse...

A cabernet sauvignon (CS) ganhou fama no Médoc especialmente e é de lá que vem o seu padrão para comparação com a sua adaptação a outros terroirs. Os descritores aqui são: tânica, herbácea, especiarias (nalguns casos, e mais especificamente, pimenta verde, groselha. É pacificamente aceite que a CS ganhará em ser loteada com outras castas, merlot no Médoc, shyraz na Austrália. Agora, e numa opinião algo especulativa e pessoal, a questão do pimento verde - só a vejo referida em Portugal e textos de língua espanhola - talvez tenha a ver com uma má tradução de "green pepper"! Ou o pimento verde tem um aroma assim tão diferente do vermelho e do amarelo/laranja?

Anónimo disse...

Tb acredito que às vezes seja má tradução. Além do estudo fundamental a um enófilo, é importante provar efectivamente para se falar com mais conhecimento de causa. Não digo que seja o caso, mas muitas vezes opina-se sobre vinhos com grande naturalidade, quando muitas vezes nem se provou. Leu-se umas coisas.

Anónimo disse...

Caros,

fui em quem lancou a questao, e fi-lo porque me parece que o descritor e' usado erradamente amiude. O aroma a pimentos e o "vegetal" nao me parecem ser a mesma coisa. Eu pessoalmente nao encontro aromas de folhas verdes esmagadas ou de talo de couve no Touriga da Ermelinda, bem pelo contrario...

rui disse...

Caro,
não quero entrar aqui numa discussão oca.

Pelos vistos, os aromas de folhas verdes esmagadas ou de talo de couve são o seu protótipo de aromas vegetais, eu nunca disse que eram os meus. Nem me atrevo a caracterizar tão pormenorizadamente qualquer vinho com essas designações e, como tal, no caso do vinho referido não foi excepção. Apenas referi que considero a Touriga um exemplo de uma casta com aromas vegetais e que na prova que fiz desse vinho em particular considerei-o um bom exemplo de Touriga. Mas como é óbvio posso estar errado.

Um abraço,
RC

Anónimo disse...

Da minha experiência de provas, diria que "talos de couve esmagados" é tão bom como "pimentos verdes". As provas são sempre coisas altamente subjectivas, e eu não perderia logo a esperança se alguém me sugerisse que o vinho tinha aromas à "casa da avó maria quando faz marmelada".

No entanto, quem publica notas, tenta que elas sejam tanto quanto possível úteis para os outros, e tenta ser mais objectivo, sem nunca deixar o patamar da subjectividade.E por isso existem diversas listas de aromas e tipos de aromas...que nunca cobrirão todas as "verdades" possíveis sobre um vinho. Quanto ao aroma a estrebaria, se o for mesmo, suor de cavalo, não é aroma, é defeito.

Aqui chegados, eu também já provei Cabernets com aroma a pimento verde (não pimenta!!) que a mim pessoalmente me são bastante desagradáveis, e Cabernets cheios de sol muito agradáveis (que prefiro por exemplo se, só podendo escolher entre vinhos do novo mundo, a opção forem só Merlots).
Parece-me que se podem e devem criticar as notas de prova (eu adoraria trocar ideias se tivesse provado os vinhos), mas fazê-lo atacando os termos é um bocado crítica gratuita.

PS:Esqueci-me de escrever a agradecer o esclarecedor post sobre LBV's filtrados e não filtrados. Só me serviu para perceber que provavelmente tinha feito uma compra errada, fruto de confiança excessiva no nome da Noval, mas para o futuro, a lista das companhias que filtram e das que não filtram será certamente muito útil!

Anónimo disse...

Oops! Afinal já tinha respondido, e bem, no post lá em cima...é o que dá o bloglines...

rui disse...

Cara Rita,
Seja bem vinda ao blog. Parece que finalmente estamos a conseguir captar algumas leitoras para darem um certo colorido extra aos comentários e diminuir o excesso de testosterona que por vezes impera.

Pelos vistos a Qt. do Noval só faz meia-dúzia de garrafas de LBV unfiltered para enviar em amostras para as provas dos guias das revistas e depois vende para todo o mundo a versão filtrada. :)

Reparem que há quem prefira as versões filtradas. É uma questão de gosto. Eu crítico é a falta de informação ao consumidor e a política de rotulagem pouco esclarecedora, e não a qualidade.

Um abraço,
RC

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